Resenha de "A Garota Dele" (Simone Eikeles)

Título: A garota dele
Autor: Simone Elkeles
Editora: GloboAlt (Cedido em Parceria)
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Sinopse: A garota dele é o aguardado spin off de Amor em jogo, de Simone Elkeles. No livro, a autora best-seller explora a história conturbada de amor e de amizade entre Monika e Victor, personagens já apresentados no primeiro livro.Victor Salazar tem má fama no colégio por causa das brigas em que se envolve e por suas notas baixas. À parte as impressões superficiais, Victor tem um bom coração e está sempre tentando proteger as pessoas que ama. Filho de mexicanos, o garoto não tem uma boa relação com o pai e vive com o dilema angustiante de ser apaixonado por Monika, a namorada de seu melhor amigo Trey.
Inteligente e educado, Trey parecia ser o par perfeito para Monika, mas assim que o terceiro ano começa, ele deixa o namoro em segundo plano para se dedicar às missões de se tornar o primeiro da classe e vencer o campeonato estadual de futebol. O relacionamento dos dois começa a esfriar e alguns acontecimentos surpreendentes vão aproximar Monika do “bad boy” Victor.
Com capítulos intercalados, que narram a história sob a perspectiva ora de Monika ora de Victor, o romance preserva o ritmo de suspense e também a complexidade e os desejos de cada um dos personagens. Assim como em Amor em jogo, Simone Elkeles apresenta uma linguagem descontraída ao mesmo tempo em que constrói um enredo profundo e comovente, no qual discute questões como família, amadurecimento e princípios.

Detesto expectativa! Detesto de todo coração! 

Até hoje só li outro livro da autora, que foi o Química Perfeita. Lembro da quantidade de emoções grandiosas que senti com aquele livro, que entrou fácil na minha lista de melhores livros do ano quando li. Isso alguns anos atrás. Então quando peguei A Garota dele esperei de verdade que os sentimentos exacerbados que senti com o outro livro fossem se repetir aqui. Estava redondamente enganada. 

Esse livro é o segundo de uma série que, pelo o que entendi, dá para ser lido sem problema sem ter lido o anterior. Eu não li e entendi perfeitamente. 

Aqui conhecemos Vic Salazar, melhor amigo de Trey, que é namorado de Monika, a quem Vic nutre um amor eterno. Confuso né? Nem tanto. É aquele velho clichê que estamos todos enjoados, e que pessoalmente detesto quando se trata de amigos (o que soaria como ironia se levarmos em consideração que escrevi A Mais Bela Melodia). 

Não tem muito o que se falar em relação ao enredo. Ele é tão absurdamente idiota que me deu nos nervos. Gosto dos personagens da Elkeles, apesar de extremamente parecidos e caricatos. Seguem um padrão interessante, que algumas pessoas podem achar ruim, mas que pessoalmente funcionam comigo. O que me irritou nesse livro não foram eles, e sem o desenvolvimento da trama. Ou melhor, o não desenvolvimento da trama. 

O que me irrita mais do que um livro que não tem um pano de fundo aproveitável, é quando ele tem um pano de fundo aproveitável e o autor trabalha com ele como se fosse o primeiro rascunho de algo que poderia ser grandioso. Sério, eu senti falta de tantos momentos aqui dentro. Momentos que poderiam ser memoráveis se tivessem aparecido.

Seja nas interações familiares de Vic com as irmãs e o pai - que até esse momento não entendo porque o trata daquela maneira; ou de Monika com a família depois da tragédia que cai sobre todos eles. São os pontos em aberto que me irritaram. Era ter tanta coisa boa para explorar e nem terem sido abordadas, ou apenas citadas de leve. 

Estou acostumada com Elkeles trabalhando bem as respostas dos personagens as ações que a vida lhes jogam. E quando eles não reagem? Porque foi isso que senti aqui. Como se ela tivesse começado a escrever e não tivesse terminado. Na verdade, por muitas vezes fiquei me perguntando se realmente tinha sido ela quem escreveu esse livro. Ele é muito abaixo do que sei que ela é capaz de fazer, e isso me irritou profundamente. 

A forma como resolveu o "triângulo amoroso" chega a ser ridícula. Por favor, Simone, você poderia muito bem ter feito algo melhor do que isso, mulher! Jogou coisa que só o cacete e não acabou nenhuma delas! Dá até vontade de chorar. 

Sem contar o final, que me arrisco dizer que é o pior final de livro do ano. Para falar a verdade não tenho ideia de porque dei três estrelas a esse livro. Acho que em consideração a autora, ou ao que sei que ela poderia ter feito aqui. Ele merecia menos. Falhou feeeeio!!

Uma pena, porque Química Perfeita é incrível! 

Resenha de "Pecados do Inverno" (Lisa Kleypas)

Título: Pecados do Inverno
Autor: Lisa Kleypas
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Agora é a vez de Evangeline Jenner, a Wallflower mais tímida que também será a mais rica quando receber sua herança. Mas primeiro ela tem que escapar das garras de seus ambiciosos parentes, Evie recorre a Sebastian, visconde de St Vincent, um conhecido mulherengo, com uma proposta incrível: que se case com ela!
A fama de Sebastian é tão perigosa que trinta segundos a sós com ele arruínam o bom nome de qualquer donzela. Mesmo assim, esta cativante jovenzinha se apresenta em sua casa, sem acompanhante, para lhe oferecer sua mão.
Mas a proposta impõe uma condição: depois da noite da lua-de-mel, o casal não voltará a ter relações íntimas. Evie não deseja torna-se apenas mais uma que Sebastian descarta sem piedade, o que significa que Sebastian simplesmente tem que trabalhar mais duro na sua sedução... ou, talvez entregar seu coração pela primeira vez em nome do verdadeiro amor.

 Apesar de gostar por demasia de romances de época, não é um gênero que leio com frequência por opção. Preciso de tempo entre um e outro para não sentir que estou lendo a mesma coisa, com personagens diferentes, porque no final das contas é isso que são: iguais, com nomes diferentes. E não falo isso como uma crítica. Pessoalmente gosto da zona de conforto desse tipo de livro, mas tenho que dar uma tempo entre um e outro, ou não aproveitaria o que deveria dele. 

Uma peculiaridade acerca dessa leitura, é que não li os outros dois livros anteriores da série. Eu sei, isso é meio esquisito, mas os romances são independentes, e ainda que você não tenha lido o que se passou antes, vai entender tranquilamente o que se passa agora. 

Em Pecados no Inverno vamos focar na Evie, a mais quieta do grupo de quatro amigas. Mora com tios, que a criam apenas pelo dinheiro que seu pai manda. Está prestes a ficar noiva de um primo que ela não suporta, só para manter a grana entre eles. Como um modo de escapar do futuro nada promissor, ela procura Sebastian, um homem perigoso que está prestes a falir, e que aceita a proposta de casamento dela visando o dote que receberá pelo casamento. Um arranjo vantajoso para ambos, visto que Evie precisa de um pouco de liberdade para cuidar do pai doente. 

Podem imaginar o que vem disso, não é? Pois é. 

Eles que tinham o casamento apenas como um acordo comercial, acabam se apaixonando um pelo outro. Principalmente pelas coisas que abominam um no outro. 

O casal funcionou comigo perfeitamente. Apesar de preferir mocinhas mais astutas e linguarudas, a autora criou uma protagonista que, apesar de ter esse jeito mais dócil, tem uma personalidade forte e marcante, e tende a ganhar suas lutas com docilidade e uma dose extra de persistência. 

Já Sebastian é o típico mocinho de livros desse tipo. Mulherengo e que acha que jamais vai se apaixonar por ninguém além dele mesmo. Gosto dele também. Ambos tem uma química interessante juntos. 

O crescimento do casal é visível durante a trama. Eles crescem como seres humanos, e também como uma dupla inseparável. É gostoso de acompanhar esse desenvolvimento, e talvez por isso seja o tipo de livro que só leve algumas horas para ler. 

Tem coisas interessantes nessa leitura, como aparecimento de personagens diferentes, intrigas de passado que também convencem e outros pontos pequenos que chamam a atenção do leitor já acostumado com esse tipo de livro. Ler rápido passa a ser um critério, não o desejo. Porque ainda que você saiba exatamente como o livro vai acabar, você quer mais do casal e dos pequenos problemas que os cercam. 

Uma coisa muito bacana aqui é a jogada do casal do próximo livro. Quando estamos em uma história de um casal, raramente vemos pontos de vistas de terceiros, a não ser que seja sobre o casal principal. Mas aqui a autora jogou uma cena deliciosa sobre os protagonistas do próximo livro, pela visão deles, e colocada de uma forma encantadora. Pessoalmente gostei muito disso, e estou ansiosa por mais deles.

É um livro padrão para romances, e não por isso menos instigante. Recomendo com certeza!


The OA e a poesia da expressão da alma


Título: The OA
Criado por Zal Batmanglij, Brit Marling (2016)
Com Brit Marling, Emory Cohen, Scott Wilson...
País EUA
Gênero Drama
Status Em produção
Duração 60 minutos 

Sinopse: Prairie Johnson é uma garotinha cega que desaparece. Sete anos depois, ela retorna, com a visão perfeita. A jovem (Brit Marling) tenta explicar aos pais o que aconteceu durante a sua ausência. Para a surpresa de todos, ela diz que nunca realmente se foi, mas estava em outro plano da existência... Num lugar invisível.



Minha ausência tem uma explicação: Filhos. 
Se com um deles eu achava complicado dar conta de tudo, avalie agora que tenho dois e que a caçula parece ter morado algum tempo com o Pan, aquele da floresta, porque sinceramente nunca vi menina tão danada e inquieta. Eu em casa não paro dois minutos. 

Então imagina como deve estar difícil assistir ou ler ou fazer qualquer das coisas que eu sempre gostei muito, mas que exigia tempo meu. Adivinhem como consegui então assistir uma temporada inteira de uma série? Isso! Virando duas madrugadas. 

Minha intenção não era essa. A ideia consistia em ver um episódio por noite e em pouco mais de uma semana concluir. Mas quem disse que eu consegui? Eu precisava de mais. Minha alma pedia mais. 

Ok, não dá para falar muito de The OA sem revelar demais, e acho que uma das coisas mais espetaculares ao longo da serie, é descobrir como as coisas acontecem, e ir gamando nelas aos poucos, sem cobranças ou expectativas. De fato não tinha expectativa alguma sobre nada, só me deixei levar pela sinopse e o teor de ficção científica que ela apresentava, e fui indo, sendo guiada por um roteiro pra lá de inteligente e emocional. 



Até o quinto episódio eu estava mais pela curiosidade acerca de Prairie, do grupo que ela recrutara e o que diabos ela iria querer com eles. Não tinha gostado de personagem algum além de Steve, que era o menos carismático - e mais problemático - de todos. Mas eu sempre tive uma queda por personagens problemáticos, então isso não foi bem uma novidade. Mas depois do quinto episódio eu fiquei simplesmente por paixão ao conjunto de tudo o que vi e senti. Principalmente ao que senti. 

Se não tinha apego a personagem algum até então, parece que todos ganham uma dimensão inenarrável a partir disso. Três episódios, já que a série conta com oito ao todo, foram suficientes para me fazer terminar de assistir e entender que as coisas chegam quando tem que chegar para mim, e eu precisava sentir tudo o que está no meu peito nesse momento depois de duas madrugadas sem dormir por causa de The OA. 

Posso estar sendo levada pela falta de sono benéfico ao falar isso? Sim, claro! Afinal, muitas das críticas sobre a série foi acerca da falta de ação, da lerdeza em muitos momentos, e de a maioria das pessoas não encararem a série como ficção científica, como o Netflix vendeu. Já li de tudo desde que a série foi lançada, e acho que em muitos momentos as críticas fazem sentido. Se eu fosse cheia de expectativas, eu teria quebrado a cara. Tem ficção? Sim, só que ela fica por debaixo dos panos do tapete psicológico construído pelos roteiristas com coisas cotidianas, como família ou morte e vida e a forma como quem fica encara isso. 


Temos dois núcleos de personagens, que a única coisa que tem incomum é a Prairie. O primeiro que nos é apresentado, é composto por um grupo de adolescentes desfuncionais (meu tipo de adolescente predileto), uma professora com muitos problemas, e a garota que era cega e que agora é o milagre da cidade. No outro núcleo, do qual não posso falar muito para não perder a graça, também temos um grupo de pessoas que de início eu achava um saco, mas que foram me ganhando de uma forma que nem sei explicar. Hoje, ao final da temporada, não a enxergo sem eles. Parece que todos são pedaços de um quebra cabeça cósmico. De fato a série nos faz entender o papel de cada ser humano na Terra, mesmo aqueles que acham que não tem papel algum. Como somos ligados e nem percebemos isso. 

Existem milhares de pontas soltas, não vou mentir. Mas na verdade isso não tirou o amor que senti por tudo, só me deixou mais curiosa. Quando terminei de assistir e me peguei rindo e chorando, de olho para o teto, sem saber exatamente o que pensar, foi que percebi que talvez o negócio com The OA não fosse para se pensar, mas realmente para se sentir. Existe poesia na ideia da morte, e a série trabalhou isso com outros temas, mais ficcionais, que deixa uma sensação de plenitude em quem já perdeu alguém que amava muito. 


Outra coisa que adorei foram as atuações em conjunto com os esteriótipos de cada personagem, principalmente os adolescentes. São tipos sociais que você acha com frequência por ai, e que na maioria das vezes ninguém dá muita corda para eles, mas são sensacionais. De um modo que eles nem percebem, são incríveis por enxergarem um mundo tão ao extremo, de qualquer lado que seja, e isso foi muito importante para o plano de Prairie. Eles são nós em uma linha resistente e única feita de material estelar e inquebrável. 

Existe algo de teatral nessa série. Não sei dizer exatamente o que é, mas há momentos em que o uso do corpo é tão exagerado e potente que você se pergunta se não foi dirigido por um diretor de teatro, que queria com isso elevar o grau de sentimentos de quem assistia. No cinema um pequeno gesto já é necessário, mas aqui eles são grandes. Os movimentos tem significado e sentimento, as expressões tem significado e sentimento, e não tem como negar que elas tocam você em algum lugar que te faz querer rir ou chorar. Ou os dois, como foi o meu caso. 


O final da série foi de uma poesia alucinante, e você fica nervoso porque vai ter que esperar um bocado para saber como vai continuar, porque ela finaliza de uma forma que ainda que fiquei pontas soltas, é um final, e é belo e significativo em graus absurdos de emoção. Então ele se faria completo, e fico receosa (e ansiosa) por como vai continuar. 

Eu vi algo em The OA que muita gente não viu. Possivelmente você também poderá ser uma dessas pessoas. Não senti como se estivesse vendo uma série de ficção, como Stranger Things, por exemplo. Para mim foi muito mais drama e sentimentos, e isso pode não agradar geral. Normalmente não agrada. Mas para mim foi algo. Algo tão grande que estou até agora em paz. Uma sensação de plenitude surreal. 

Se OA for o som do eterno, acho que me atingiu exatamente como deveria. Nesse momento eu posso fechar os olhos e de certeza sentirei o cosmo respirando em seu silêncio. Me inserindo nesse processo, e me mostrando que sou parte dessa rotina, e que ela me pertence. 

Talvez essa "resenha" tenha sido subjetiva demais, mas é preciso assistir The OA para entender que é preciso subjetividade para explicá-la. Não vá esperando ação, mas vá de peito aberto para sentir tudo o que ela lhe proporcionar. E sinta.