Resenha de "A Mulher na Janela" (A.J. Finn)

Título: A Mulher na Janela
Autor: A. J. Finn
Editora: Arqueiro
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Sinopse: Anna Fox mora sozinha na bela casa que um dia abrigou sua família feliz. Separada do marido e da filha e sofrendo de uma fobia que a mantém reclusa, ela passa os dias bebendo (muito) vinho, assistindo a filmes antigos, conversando com estranhos na internet e... espionando os vizinhos. Quando os Russells – pai, mãe e o filho adolescente – se mudam para a casa do outro lado do parque, Anna fica obcecada por aquela família perfeita. Até que certa noite, bisbilhotando através de sua câmera, ela vê na casa deles algo que a deixa aterrorizada e faz seu mundo – e seus segredos chocantes – começar a ruir. Mas será que o que testemunhou aconteceu mesmo? O que é realidade? O que é imaginação? Existe realmente alguém em perigo? E quem está no controle? Neste thriller diabolicamente viciante, ninguém – e nada – é o que parece. "A Mulher Na Janela" é um suspense psicológico engenhoso e comovente que remete ao melhor de Hitchcock.

Fazia tempo que não lia um thiller, e como ando em um momento de leitura de querer me ausentar da minha zona de conforto, não pensei duas vezes em solicitar A Mulher na Janela. Não me arrependi de jeito nenhum. Acabei conseguindo sair da ressaca literária que tinha me enfiado mês passado por causa dele. Porque uma coisa é certa... você não vai conseguir parar de ler até chegar a última página. 

Anna Fox. Esse é o nome da nossa protagonista e a peça central de onde vão se ramificando situações e problemáticas para a construção genial desse livro. Ao meu ver, ela é o melhor do livro. Há meses não encontro uma protagonista tão boa quanto a Anna, e ela nem o tipo badass que tanto gosto, mas é tão bem feita em seus defeitos e qualidades que entrou fácil na lista de prediletas. 

Anna é uma psicóloga que passou por um grande trauma e desde então vem sendo tratada para algumas fobias. Uma delas é de encarar o lado de fora de casa. Tudo o que Anna faz tem que ser dentro daquelas paredes. É onde se sente segura e confortável. E como uma boa reclusa, Anna acha hobbys estranhos. Um em especial. Ela gosta de observar os vizinhos, do tipo stalker mesmo. De ver a hora que saem, que chegam, o que fazem em casa. Esse é um dos passatempos prediletos dela. E quando os Russells chegam na vizinhança, Anna passa a fazer o mesmo com eles. Só que algo incomum rodeia aquela família, e ela passa a ficar obcecada para descobrir. 

Ok, devo salientar a princípio que, como disse no parágrafo acima, Anna é de longe o melhor da história. Uma personagem bem desenhada até no último fio do cabelo. Parece que ela de fato foi bolada por um psicólogo, porque era tão perfeita em suas reações às próprias ações que dava medo. Até as paranoias dela eram perfeitas, e me identifiquei bastante na história com elas. Também sofro de agorafobia, em uma intensidade menor, e faço um tratamento semelhante ao de Anna. Ou fazia antes de precisar parar os medicamentos para amamentar. Uma coisa é certa, vocês vão ser fármacos eficientes em doenças mentais depois de ler esse livro. 

A escrita do autor também é maravilhosa. Ele consegue dar vida em momentos neutros e prender o leitor de modo alucinante na vida de uma mulher que teoricamente é um tédio. Anna joga xadrez. Anna faz fisioterapia. Anna assiste muitos filmes antigos. Anna conversa com outros doentes mentais na internet. Anna come. Anna dorme. Anna... Estão entendendo? É só uma rotina de uma pessoa presa em casa, mas consegue ser incrível como você fica preso nesses detalhes. Eles acabam sendo importantes. 

Tive uns dois problemas com esse livro. O primeiro foi que o autor inseriu personagens e hoje, avaliando melhor, penso que foi só para dar mais possibilidades do "vilão" para o leitor. Porque de fato eles não contribuíram em nada para a história. O outro problema foi que descobri quem era o cara mau bem antes do deveria. Está bem ali, na cara do leitor, e só não percebe se for uma pessoa pouco atenta. Eu sou ótima com essas coisas porque não acredito na inocência de ninguém. Dificilmente me engano. Então não foi exatamente uma surpresa quando foi revelado. O tipo de cena chata que a pessoa conta como fez tudo. Por favor, autor, você foi foda o tempo todo e termina com um clichê desses? Tenha dó! 

Ainda assim considero um livro cinco estrelas. Ele tem um ritmo perfeito, uma ideia genial e uma protagonista que até então se tornou a minha predileta do ano. Não tem como não dar todas as notas para A Mulher na Janela, mesmo com as problemáticas de que falei. É um grande livro dentro do gênero dele, e merece o destaque que anda tendo nas redes sociais. 

Resenha de "Mais Lindo que a Lua" (Julia Quinn)

Título: Mais Lindo que a Lua
Autor: Julia Quinn
Editora: Arqueiro
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Sinopse: Considerada "a rainha dos romances de época" pela Goodreads, Júlia Quinn já atingiu a marca de 10 milhões de livros vendidos.
Mais Lindo Que a Lua, primeiro livro primeiro livro da série Irmãs Lyndon, é uma história irresistível sobre sobre reencontro e desafios, romantismo e perseverança.
Foi amor à primeira vista. Mas Victoria Lyndon era a filha do vigário, e Robert Kemble, o elegante conde de Macclesfield. Foi o que bastou para os pais dos dois serem contra a união. Assim, quando o plano de fuga dos jovens deu errado, todos acreditaram que foi melhor assim.
Sete anos depois, quando Robert encontra Victoria por acaso, não consegue acreditar no que acontece: a garota que um dia destruiu seus sonhos ainda o deixa sem fôlego. E Victoria também logo vê que continua impossível resistir aos encantos dele. Mas como ela poderia dar uma segunda chance ao homem que lhe prometeu casamento e depois despedaçou suas esperanças?
Então, quando Robert lhe oferece um emprego um tanto incomum – ser sua amante –, Victoria não aceita, incapaz de sacrificar a dignidade, mesmo por ele. Mas Robert promete que Victoria será dele, não importa o que tenha que fazer. Depois de tantas mágoas, será que esses dois corações maltratados algum dia serão capazes de perdoar e permitir que o amor cure suas feridas?

Sabe quando você lê um livro e ele é tão "nhem" que depois de dez dias você não faz ideia do que acontecia nele? Pois é. Estou aqui tentando lembrar do que acontece nessa história, e se não fossem minhas anotações no Diário de Leitura, estaria completamente perdida em fazer essa resenha. 

Nesse livro a autora vem com uma coisa bem clichê: Amor a primeira vista. Tá, aceitável para a época e a idade em que os personagens estavam no começo da história, e isso não foi exatamente o problema para mim, apesar de revirar os olhos uma ou duas veze com as declarações do casal. Pessoalmente não tenho paciência para esse instalove. 

Só que como algo sempre tem que dar errado, os planos de Robert e Victoria de ficarem juntos fura e eles precisam se separar com ódio mortal um do outro por conta de um mal entendido. Anos depois eles se reencontram e a paixão que sentiam começa a reacender. De maneira meio confusa para ela, e possessiva para ele, mas reacende. E talvez isso tenha sido a maior problemática entre os leitores: O desenvolvimento dos personagens. 

Vi muita gente nas redes sociais reclamando do comportamento de Robert. Sendo bem sincera, não vi ele fazendo nada que outros mocinhos dessa mesma categoria de romance não tenham feito antes. Ou eu me tornei meio bruta, ou estão vendo demais onde não tem. Nada atípico para a época e para o estilo de vida que esses caras levavam. Já vi inclusive em outros personagens da Julia. 

Victoria sim, é um tanto insossa. O tipo de mocinha que me dá sono. Ficava se fazendo de forte e empoderada, mas desmanchava cada vez que o cara olhava bonito para ela. Isso para mim foi extremamente irritante. 

O livro segue a mesma linha de romances de época. Os mesmos picos de trama, e o mesmo desenrolar. Nada diferente que justifique esse "auê" que fizeram com a história. Passa bem longe de ser o melhor livro da autora - vide minha total ausência de memória quanto ao que acontece - mas também não é o pior. O Simplesmente o Paraíso é infinitamente pior para mim. 

Aquele livro para passar o tempo. Nada que vá arrancar suspiros, mas com certeza algo que vá ler rapidinho em um dia chuvoso. 

Resenha de "Mudbound" (Hillary Jordan)

Título: Mudbound - Lágrimas sobre o Mississippi
Autor: Hillary Jordan
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Um amor proibido, uma traição terrível, uma agressão selvagem. Um romance de força impressionante, que nos faz mergulhar nas contradições do Mississippi pós-Segunda Guerra Mundial.Ao descobrir que o marido, Henry, acaba de comprar uma fazenda de algodão no Sul dos Estados Unidos, Laura McAllan, uma típica mulher da cidade, compreende que nunca mais será feliz. Apesar disso, ela se esforça para criar as filhas num lugar inóspito, sob os olhos vigilantes e cruéis de seu sogro.
Enquanto os McAllans lutam para fazer prosperar uma terra infértil, dois bravos e condecorados soldados retornam do front e alteram para sempre a dinâmica não só da fazenda, mas da própria cidade. Jamie, o jovem e sedutor irmão de Henry, faz Laura de repente renascer para a vida, enquanto Ronsel, filho dos arrendatários negros que trabalham para Henry, demonstra uma altivez que não será aceita facilmente pelos brancos da região.
De fato, quando os jovens ex-combatentes se tornam amigos, sua improvável relação desperta sentimentos violentos nos habitantes e uma nova e impiedosa batalha tem início na vida de todos.
Alternando a narrativa entre vários pontos de vista, este premiado romance oferece ao leitor diferentes versões dos acontecimentos. Os personagens, lutando por sentimentos de amor e honra num lugar e época brutais, se veem dentro de uma tragédia de enormes proporções e encontram redenção onde menos esperam.
Sou uma leitora que essencialmente demora para pegar livros com temáticas históricas. Não porque desgosto, mas porque gosto tanto que levo uma eternidade lendo, e fico com a história na cabeça por semanas depois que acabo. Normalmente são esses livros que me colocam de ressaca literária, e não estou podendo me dar o luxo de ter ressaca. Não com a quantidade de livros parados na estante. 

Então eu fui com calma quando pensei em pedir Mudbound. Estava interessada na sinopse desde que soube do lançamento do filme, e era o tipo de livro que gostava. Aquela coisa de retratar o negro de um modo quase animalesco para a época e o local. Minha curiosidade acabou vencendo o temor, e recebi o livro em casa para avaliação. E gente, que livro! 

Se você é daqueles que curtem O Sol é para Todos e uma boa parte de E o Vento levou, vai se ambientar fácil nessa história. Não que as épocas sejam semelhantes, estamos falando de tempos distintos da história, mas é incrível como os americanos tem ainda essa coisa forte contra os negros independente do tempo. Claro que não é a mesma coisa do que na época da Guerra Civil, por exemplo, mas ainda está lá. Cutucando quem ousar explorar. 

Em Mudbound nós conhecemos duas famílias. Os McAllan, formada essencialmente de pessoas brancas e os Jackson, formada por negros. Ambos com um certo tipo de ambição na vida, e ambas com determinadas limitações para realizar seus sonhos. E de modo geral a história do livro vai se desenvolver ao redor dessas pessoas. Sobre seus desejos e como as vezes não é a cor que determina o nível de sucesso, ainda que ela seja um condicionante importante quando seus sonhos dependem de um lugar tão preconceituoso como o Mississippi no começo do século XX. 

É um livro que vai falar sobre as classes sociais, e aqui não me refiro apenas a brancos, negros; pobres ou ricos. Mas ao gênero também. Que o fato de ser pobre, negro e mulher, por exemplo, te coloca em uma subcategoria de vida abaixo das demais. E mesmo assim, dependendo do seu grau de força para suportar e lutar pelas coisas, isso pode não querer dizer absolutamente nada. 

Mudbound é um "tratado" social sobre uma determinada época, um determinado lugar e pessoas que por acaso ali estavam. Do mesmo modo que foi com os McAllan e os Jackson (atente para os nomes tipicamente clássico para cor de pele), podia ter acontecido semelhante com quaisquer outras famílias, e acho que essa foi a máxima da autora quando abordou esse tema, que é de certo modo manjado, mas apenas se você seguir uma linha fixa do que escrever. Mude os óculos e terá outros olhos para um momento ou situação. Foi isso que Hillary fez aqui. 

O único motivo de ter tirado uma única estrela do livro foi porque ele me entregou um material diferente do que esperei, principalmente na finalização da obra. E talvez não estivesse no momento correto para ler esse tipo de livro. Ainda assim, é um livro grandioso. Se não fosse, não teriam transformado em um filme tão grandioso quanto.