A praia infinita e como uma capa fofinha pode enganar

 

Título: A Praia infinita
Autor: Jenny Colgan
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
Saiba mais: Amazon

Sinopse Quando Flora MacKenzie trocou uma glamourosa carreira em Londres pela remota localidade de Mure, na Escócia, nem sonhava que Joel, seu chefe gato e de personalidade difícil, iria também.
Agora, reunida com a família e gerenciando uma charmosa cafeteria, ela está feliz e satisfeita. A não ser quando pensa em Joel. Apesar de seu namoro ainda estar no início, ele se mostra distante e fechado demais para o gosto dela. Enquanto isso, sua melhor amiga, Lorna, está angustiada com sua relação com o médico local. Saif chegou a Mure como refugiado depois de ter perdido toda a família, e a notícia chocante que está prestes a receber pode virar a vida dele e a de Lorna de cabeça para baixo de novo. À medida que as noites frias de inverno se transformam em longos dias de verão, as duas mulheres se apoiam e procuram tomar as rédeas do próprio destino. Será que existe um final feliz reservado para elas na romântica ilhazinha?


 Tá, toda vez que pego um livro dessa série dos Romances de Hoje, sempre penso em romances fofinhos, sol ameno, pássaros cantando e músicas da Disney. Não estava preparada para este livro, e quando ele terminou eu fiquei me sentindo meio eca. Estranha. Triste. Desesperançosa. 

O livro não tem foco no desenvolvimento de um romance. Das duas protagonistas, Flora já está há algum tempo com o Joel e Lorna está apaixonada por alguém que, em teoria, é impossível para ela, então não há investida real em um relacionamento. 

O fato da gente esperar um romance e não encontrar pode ser decepcionante. Foi para mim, que de fato estava esperando algo bem leve e cai de paraquedas em um dramalhão digno de novela mexicana para todos os lados. Seja no relacionamento complicado de Flora com Joel, um cara que está passando por um período bem complicado da vida. Como com Lorna e a paixão não correspondida por um imigrante refugiado em sofrimento por não saber o paradeiro da familia que deixou. Dos dois filhos e da esposa. Sim, da esposa! E ainda tem a terceira parte dessa novela, com o irmão de Flora e o chefe de Joel. Que, puta merda, eu realmente não esperava por isso. 

O livro é ótimo para quem gosta de um drama. De personagens com passados dolorosos, pessoas tentando se reconstruir e outras prestes a morrer. Mas se você vier para cá esperando leveza, pula fora, amiga! Não é o que vai encontrar nem no começo, nem no final do livro. Já avisei aqui mais de uma vez que ele destroça o nosso coração no fim. 

De modo geral eu gostei do livro. Tanto que li em três horas. Tem reflexões interessantes e passagens memoráveis da escrita. Mas não posso dizer que estava a fim de ler ele neste momento que estou passando por tanta coisa na minha própria vida. 

Então venham, mas venham com cuidado, ok? 

Depois não digam que não foram avisados. 

Vamos falar de "O Rouxinol"?

Título: O Rouxinol
Autor: Kristin Hannah
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
Saiba mais: Amazon

Sinopse:  França, 1939: Vianne Mauriac se despede do marido, que ruma para o front. Ela não acredita que os nazistas invadirão o país, mas logo chegam tanques, soldados em marcha e aviões que despejam bombas sobre inocentes.

Quando o país é tomado, um oficial das tropas de Hitler requisita a casa de Vianne, e ela e a filha são forçadas a conviver com o inimigo. Todos os seus movimentos passam a ser vigiados, e Vianne é obrigada a colaborar com os invasores para manter sua família viva.

Isabelle, irmã de Vianne, é uma jovem que leva a vida com furor e paixão. Enquanto muitos fogem dos terrores da guerra, ela se apaixona por um guerrilheiro e decide se juntar à Resistência, arriscando a vida para salvar os outros e libertar seu país.

Seguindo a trajetória das irmãs e revelando um lado esquecido da História, O Rouxinol é uma narrativa sensível que celebra o espírito humano e a força das mulheres que travaram batalhas longe do front.

Separadas pelas circunstâncias e divergentes em seus ideais, elas têm um tortuoso destino em comum: proteger aqueles que amam em meio à devastação da guerra – e talvez pagar um preço inimaginável por isso.



Tem alguns meses que li O Rouxinol, mas precisei de um tempo para processar tudo o que tinha lido. Não por ter amado no nível que a maioria das pessoas amaram, ou por não ter gostado. Afinal, dei três estrelas para ele. Mas simplesmente porque fiquei com sentimentos conflitantes em relação a esse livro e não sabia o que fazer com eles. 

Como conta a sinopse, O Rouxinol vai focar na vida dessas duas irmãs que praticamente cresceram uma tomando conta da outra. Eram a única família que tinham. Quando uma delas se casa e começa o próprio núcleo familiar, a outra vai seguir o seu caminho. São completamente diferentes uma da outra em relação a personalidade e crenças. 

Isso se torna muito claro com a chegada dos alemães em terras francesas, e nesse ponto o livro me lembrou bastante o filme Suite Francesa.  Muito mesmo. 

O marido de Vianne é enviado ao front de guerra enquanto Isabelle só esta tentando chegar até a irmã antes que tudo desabe. E, olha, ela passa por muita coisa para conseguir isso, heim! E nisso acaba conhecendo um revolucionário que vai inserir Isabelle ativamente nos movimentos de guerra. 

Enquanto isso Vianne foi obrigada a hospedar um soldado alemão em sua casa, como muitas mulheres tiveram que fazer durante a guerra. E isso acaba sendo muito confuso com a irmã rebelde por perto, uma filha pequena, as coisas terríveis acontecendo na vila e o sentimento de traição em seu coração. Ter mandado o marido para a guerra enquanto recebe um soldado do exercito oposto em seu lar. 

Muitas coisas confusas acontecem com essas irmãs durante esse período. Confusas para elas e para a gente. A todo momento ficava pensando... "que raios ela está fazendo?!" e daí no momento seguinte vinha outro pensamento... "só esta tentando sobreviver". E na busca pela sobrevivência a gente é capaz de simplesmente qualquer coisa. 

Também é um livro que levanta questões morais muito relevantes. E uma sensação enorme de dualidade do ser humano. A coisa do Yin Yang, sabe? Do fato de ninguém ser bom ou mal o tempo inteiro. Somos compostos de zonas neutras também, e geralmente são nessas zonas que as pessoas vivem. 

Dificilmente consegui ter raiva de algum personagem durante a leitura, justamente porque muito rápido entendia que as coisas ruins eram os extremos de pessoas que viveram em zonas neutras boa parte da vida. E eu também tenho isso. Todos nós temos. 

Eu amo livros de guerra e com esse livro ficou certo para mim como Hannah é brilhante em contar histórias de época. Acho que na verdade não amei loucamente essa história por conta do ritmo. Como a gente vê as coisas pela perspectiva de mais de um personagem, então em muitos momentos estávamos em um ritmo e tinhamos que quebrar para outro, e isso podia ser bem cansativo. 

Ainda assim, eu curti bastante o livro! Achei bacana a gente ser apresentado logo de início a uma senhora e passarmos o tempo inteiro sem saber quem ela é. Se Vianne ou Isabelle. Só lá nas ultimas páginas esse segredo é revelado. Achei isso de fato muito bom. Gosto dessas construções narrativas que nos prendem até o fim. 

De modo geral, é um bom livro. Acredito que a maioria das pessoas amam e quem não leu vai amar. Recomendo bastante.