Autor: S.B. Hayes
Editora: Bertrand Brasil
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Sinopse: Desde a infância, Sinead é compelida a cumprir uma promessa a seu manipulador irmão Patrick: a de que sempre seguirá os passos dele. Quando ele desaparece misteriosamente, ela então se vê obrigada a procurá-lo. As dicas que Patrick parece deixar sobre o seu paradeiro levam-na à Casa Benedict, um lugar onde o tempo não tem sentido — onde um segundo parece durar uma eternidade.Lá, ela conhece James, que está em busca de respostas sobre o seu passado, e por quem se apaixona. Juntos, os dois descobrirão verdades terríveis que irão testá-los até o limite. Apesar de seu novo amor, Sinead permanece aflita por Patrick e acredita que ele, de alguma forma, seu irmão está por perto e a observa. E ela não conseguirá descansar até encontrá-lo.
Queria ter gostado desse livro. Queria MESMO que ele tivesse funcionado para mim como um sobrenatural jovem adulto que me desse um certo medinho, e que tivesse um desfecho maravilhoso. Mas não foi o caso por muitos motivos.
Nunca li nenhum livro da autora, mas a premissa do livro era típica das histórias que costumo gostar. Algo entre suspense e sobrenatural, como foi com Mara Dyer. E como a autora era conhecida com ótimas críticas justamente por esse gênero, resolvi arriscar. Precisei de mais de mês para concluir essa leitura e entender que não era para mim. Que na verdade estava com muita raiva da autora ter tido uma ideia incrível, mas um desenvolvimento fraco.
Sinead é uma adolescente cheia de problemas. Mora com a mãe e tem um irmão mais velho, que logo no início da história sabemos que está desaparecido e que deixou pistas para que a irmã pudesse encontrá-lo, como faziam quando eram crianças. Também logo no início entendemos que ela não se dá muito bem com Patrick, o irmão desaparecido, e que a mãe é uma louca psicótica que tem uma fissura por esse irmão, e que parece não dar a mínima para ela.
Essa é a premissa básica desse livro: irmão desaparecido deixa pistas macabras para que Sinead o encontre. Menina cheia dos problemas sociais que parece viver num mundinho isolado e que se sente na obrigação de ajudar porque ele é seu irmão.
O que me incomodou desde o início aqui foi justamente a forma com a qual Sinead e a mãe tratam o desaparecimento de Patrick. E o modo como a própria polícia reagiu a isso, sem dar a mínima para um jovem desaparecido. As pistas eram legais e curiosas, e isso foi um ponto positivo, mas Sinead parecia meio doida quando o assunto era Patrick e as loucuras que ele fazia. Parecia que eu estava lendo uma história de uma personagem em um mundo paralelo onde só havia uma mãe que não ligava se a filha passava dias sumida procurando o outro filho, um amigo que gostava de sofrer nas mãos dessa garota, e ela, com as peculiaridades que pessoalmente não consegui entender nem quando foram explicadas na história.
Uma das pistas de Patrick acaba levando até uma mansão aparentemente abandonada um pouco afastado da cidade. A Casa Benedict. As coisas ficam mais estranhas ainda quando ela passa a trabalhar uns dias por lá em prol de receber uma outra pista de uma freira maluca e sinistra que vive na propriedade. Como diabos uma pessoa aceita um convite desses em um lugar assombroso e feito por uma mulher assombrosa? Isso não entrava na minha cabeça, gente!
E quando um outro personagem entra na história, fazendo com que a fria Sinead se apaixone completamente em um espaço ridículo de dez dias, é que o negócio fica pouco lógico e que passou a me dar agonia de ler. O clima do livro lembra bastante o dos livros do Zafón, que considero um autor perfeito em descrições de lugares e pessoas. De fato Hayes descreve bem as locações, mas se afasta absurdamente de Zafón quando força uma situação que não condiz com quem é a personagem. Algumas autoras tem mania de fazer isso.
E então quando a história acaba revelando o paradeiro de Patrick, o babado fica confuso pra caramba e não me deixou entender o que a autora queria com aquela explicação. Na verdade o livro inteiro é um apanhado confuso do cacete! As ideias eram brilhantes, mas foram trabalhadas de maneira errada na construção das coisas que deveriam ter sido aprofundadas, e mesmo quando ela usa a mitologia com uma boa mistureba de Dante Alighieri, o que deveria agradar bastante o leitor, voltou a confundir as ideias.
Existe um final, e não tenho como dizer que ele ficou com pontas soltas, só que ficou pouco crível. Daí vocês dizem: mas, Carol, é um sobrenatural e abre brechas para esse tipo de situação. Pois é, concordo, mas onde fica a lógica do que passei 300 páginas lendo? Se Sinead fosse outro tipo de garota eu poderia entender, mas ela não era, e isso fragilizou a narrativa, ao meu ver. É cruel o que fazem com ela, e cruel como ela aceita de boa, sem consequências alguma em sua vida ou na das pessoas (duas?) que a cercam.
Enfim, queria ter gostado mais pela ideia ser tão boa, mas infelizmente não gostei de como foi escrito esse livro, e das resoluções - em relação a personagem - dele.