Autor: Elizabeth Blackwell
Editora: Arqueiro (Cedido em parceria)
Link: Site da Arqueiro
Sinopse: Nos salões de um castelo, uma confidente leal guardou por muitos anos os segredos de uma rainha linda e melancólica, uma princesa que só queria ser livre e uma mulher que sonhava com a coroa. Esta é sua história.Ambientada em meio ao luxo e às agruras de um reino medieval, esta releitura de A Bela Adormecida consegue ser fiel ao clássico ao mesmo tempo que constrói uma narrativa recheada de elementos contemporâneos. Nessa mescla, os dramas de seus personagens – um casal infértil, uma jovem que não aceita viver em uma redoma e uma família despedaçada pela inveja – tornam-se atemporais.Quando a rainha Lenore não consegue engravidar, recorre aos supostos poderes mágicos da tia do rei, Millicent. Com sua ajuda, nasce Rosa, uma menina linda e saudável. No entanto, a alegria logo dá lugar às sombras: o rei expulsa de suas terras a tia arrogante, que então jura se vingar. Seu ódio se torna a maldição que ameaça a vida de Rosa. Assim, a menina cresce presa entre os muros do castelo, cercada dos cuidados dos pais e de Flora, a tia bondosa e dedicada do rei que encarna a fada boa do conto original.Mas quando todas as tentativas de proteger Rosa falham, é Elise, a dama de companhia e confidente da princesa, sua única chance de se manter viva. E é pelos olhos dessa narradora improvável que conhecemos todos os personagens, nos surpreendemos com o destino de cada um e descobrimos que, quando se guia pelo amor – a magia mais poderosa do mundo –, qualquer pessoa é capaz de criar o próprio final feliz.
Peguei esse livro da estante com um certo receio. Confesso. E não pela capa ou sinopse, mas porque minha leitura anterior tinha sido um reconto de fadas que não funcionou para mim, e tive medo que acontecesse o mesmo com Enquanto Bela Dormia. Graças a meu bom Deus que achei a leitura muito mais do que proveitosa.
A sinopse do livro não entrega muito sobre a protagonista. É tanto que quando comecei a ler demorei bastante para entender que aquilo não era um pedaço curto de um personagem qualquer, mas a dona da voz que me faria enxergar a história da Bela durante toda a narrativa. Então não, não teremos a visão da princesa encantada ou da bruxa cruel, mas de uma personagem bem coadjuvante, que teve um pouco de sorte como serviçal, e acabou se tornando uma das amigas mais próximas da família real.
Elise é o nome dessa incrível personagem que vai ser nossa narradora. Uma menina criada numa fazenda, que perde a família quase inteira de varíola, e acaba indo trabalhar no castelo por indicação da mãe. É lá, ainda adolescente, que ela se encanta pelo serviço e sente que aquele é seu lar, e não o lugar de onde saiu.
Com pouco tempo Elise se torna criada da rainha, e posteriormente da princesa Rosa, a nossa Bela que conhecemos da história original. E é por Elise que conhecemos a versão que a autora criou para esse conto de fadas que sempre me assustava quando era criança. Morria de medo da ideia de dormir, meus parentes todos morrerem, e eu acordar sozinha num reino vazio.
Não tem como eu contar exatamente o que Blackwell aproveitou da história real e o que foi criado por ela sem soltar spoiler. O bom dessa leitura é você ir descobrindo aos poucos as surpresas e coincidências de sua versão. Mas aviso que fiquei bastante impressionada com como ela conduziu a história até próximo do fim. Achei original em cada linha, mesmo com as semelhanças. A escrita da autora fazia com que a sua versão parecesse bastante com o original, e até mais realista. Aliás, a escrita da autora foi o que me fisgou a princípio.
Enquanto Bela Dormia veio para me provar que não tenho tanto preconceito com versões de contos de fadas como achava que tinha. Curto a originalidade com a qual o autor trabalha com elas, mas me sinto meio ofendida com algumas coisas que me parecem sem nexo. Não tive essa sensação com esse livro, e acredito que porque a autora teve autoridade em mudar e criar sua versão sem se preocupar fielmente com o original. Era como ler uma nova história que lhe lembrasse vagamente momentos da infância, o que tornava a leitura melancólica e meio nostálgica, mas deliciosa!
Li mais da metade do livro em um dia, e terminei o resto na madrugada do outro porque queria ver como aquilo findaria. E esse é outro ponto positivo, porque apesar de saber como a história da Bela termina, a versão de Blackwell era independente o sufiente para a autora criar um final diferente e funcionar para mim. Foi mais ou menos o que ela fez. Manteve um certo ponto da história, e criou algo bem interessante para o que fica por debaixo dos panos.
Tenho que admitir que algo nessa resolução da problemática me pareceu meio forçado e estranho, mas entendi a ideia dela. E o livro de modo geral é tão bom que não quis tirar pontos dele por conta de uma coisinha tão pequena dentro da essência que foi o resto. Como disse, a força desse livro está na narrativa da autora. Ela soube ousar sem parecer uma cópia patética, e adorei isso!
Poderia passar o dia aqui numerando as coisas positivas que encontrei nessa história, mas acho que é ler para entender. Só digo que Elise é a segunda cereja do bolo, com sua força de vontade e amor pela família real. Uma narradora que não deixa a desejar a nenhuma outra. Mostra a história com imparcialidade misturado com um pouco de amor por tudo ao seu redor, como também ódio,
Sem elementos fantástico, e bastante baseado na nossa idade média tenebrosa, acredito que dei cinco estrelas a essa leitura pela mescla do original imaginário, com a realidade de uma epoca com guerras em demasia e doenças praticamente sem cura.
Indico demais esse livro para quem, como eu, tem receio dessas novas versões de contos.