Vamos conversar sobre o delicioso Sex Education?



Tem tempo que não venho aqui para falar sobre séries, não é? 
Basicamente é porque poucas séries estou conseguindo assistir, e quando consigo passo meses para concluir, o que faz com que eu desanime de falar sobre elas depois. Mas Sex Education foi uma exceção. Comecei e acabei no mesmo dia, e extremamente satisfeita com o material que a série entregou. Ela é de fato viciante nos mais diversos aspectos. Não perfeita, mas eficiente. 

A premissa basicamente é sobre um adolescente, filho de uma terapeuta sexual, que começa a atender seus amigos na escola, aplicando a mesma terapia da mãe neles. Como uma terapia sexual especializada para adolescentes. Detalhe interessante é que ele próprio não sabe trabalhar a sua sexualidade, tendo problemas até para se masturbar. E o engraçado é que a mãe também tem certos traumas, se comportando como uma devassa, ao contrário do filho, em extremos oriundos de uma mesma situação. Então o primeiro ponto positivo da série é mostrar que os psicólogos também são humanos e tem defeitos, e ainda que ajudem pessoas a resolver seus problemas, não são isentos deles. 


Claro que tive meus problemas com certas coisas na série, porque sou chata e exigente de um jeito quase psicótico, mas isso funciona com mais força quando gosto muito de algo e queria que fosse melhor, o que aconteceu por aqui. Por exemplo...

A série traz o aborto como um dos assuntos secundários, mas dá uma passagem tão por cima do que isso significa para quem passa que fiquei ansiosa, esperando que mais algo acontecesse, o que não rolou. A problemática veio e foi sem uma grande mensagem. A lindeza da cena fica por conta do aborto sob a perspectiva de uma personagem que não é do elenco principal da série, mas que dá um show de sensibilidade numa óptica madura e triste. Mas não era o que eu queria ver. Estava acompanhando uma personagem e gostaria muito de ver aquilo com uma repercussão mais séria para ela, e não uma estranha que tinha acabado de aparecer. Acredito que a ideia possa ter sido mostrar que o adolescente não vê com a devida seriedade o fato de fazer um aborto, e se esse for o caso me rendo e bato palmas para a série.


Outro ponto que me incomodou foi o fato do protagonista dar conselhos sexuais de altíssimo nível, ainda que ele mesmo não goste nem de falar sobre sua própria dificuldade. Ser filho de um terapeuta sexual não garante que de repente você vai ser um expert no assunto, até porque ele não era do tipo que ficava ouvindo as sessões atrás das portas ou que perguntava a mãe o que havia acontecido. Então, de onde diabos ele tirava conselhos para dar de coisas que desconhecia? Puro bom senso? Não aceito essa resposta. 

Tiveram alguns outros problemas menores que me incomodaram, mas os dois mais fortes foram esses, e ainda assim um deles é altamente justificável olhando por outro ponto de vista. Então a série continua saindo no lucro. 

Agora os pontos positivos são inúmeros. Adolescentes com problemas sexuais que podem ser bobos, mas ainda assim são problemas e outros garotos podem se identificar bastante com eles. Falar sobre sexo ainda é um tabu para a maioria dos jovens, e ver tão explicitamente em uma série, com conselhos e tudo, pode ser interessante.



O elenco é bem amarradinho. Desde os mais novos e aparentemente insignificantes, até os protagonistas maiores. Existe sempre um fio que liga essas pessoas e que eu, uma apaixonada por roteiros, aprecio totalmente. O tipo de história que conquista pelo elenco, pelas temáticas e pelo ritmo, que não deixa cair em momento algum para tornar cansativo, mesmo que a problemática maior do episódio se resolva ainda nele. Sério, eu que ando sem tempo e sem saco para esse tipo de trama, me vi completamente envolvida nele ao ponto de acabar tudo em algumas horas. 

Super indico Sex Education! Ela é perfeita para aqueles momentos em que você não quer nada tenso, só sentar e se distrair rindo um pouco de uma boa história e com conteúdo. Então se esse for seu desejo, corre lá na Netflix e vai ver essa belezura.