Autor: Jill Mansell
Editora: Arqueiro (Cedido em parceria)
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Sinopse: Dexter Yates adora sua vida despreocupada em Londres. Além de lindo e rico, mora em um apartamento chique e está sempre acompanhado de belas mulheres. Mas tudo se transforma da noite para o dia quando a irmã morre, deixando a pequena Delphi, de apenas oito meses.
Sem a menor ideia de como cuidar sozinho de um bebê, ele resolve se afastar da correria da cidade grande e se muda para sua casa em Briarwood.
Dex não está acostumado ao ambiente intimista do vilarejo, em que todo mundo se conhece e todas as histórias se entrelaçam. Os moradores o recebem de braços abertos, sobretudo sua vizinha de porta, a talentosa quadrinista Molly, que se oferece para ajudar com Delphi. Ela tem um passado amoroso catastrófico e muita cautela, mas nasce entre os dois uma inegável conexão.
Se Dex vai conseguir se adaptar a essa nova vida e encontrar o amor de verdade, ele primeiro terá muito a aprender: sobre Molly, sobre Delphi, sobre os segredos dos outros e, principalmente, sobre si mesmo.
A primeira coisa que você precisa saber desse livro sobre Dex e Molly é que ele quase não é um livro sobre Dex e Molly. E isso não seria ruim num todo, se a sinopse do livro não o vendesse dessa forma. Sabe no que penso quando a leio? Em propaganda enganosa.
Temos, sim, esses personagens, mas o foco do livro não é exatamente eles. Brinca um pouco com o fato de Dex ter se tornado um pai de supetão e não ter ideia de como fazer isso funcionar, e também flerta com o personagem de Molly, suas aulas de desenho e a solidão interna. Mas isso é uma pontinha, e nem é das principais, visto que os personagens secundários ganham mais voz do que os protagonistas aqui.
Não me entendam mal. Gosto de livros com múltiplas perspectivas e coisas diferentes acontecem com pessoas diferentes. O mundo é assim e acompanhar esse caminho encharcado de vivências é bom. Acho que pode ser de uma riqueza ímpar. Mas quando se vende um livro como um romance entre duas pessoas e elas quase não aparecem, nem mesmo são os personagens mais carismáticos da história, toda a ideia vendida do livro cai por terra. Interessei-me muito mais pela garota cujo pai tinha um segredo e pela dona do bar divertida e boca quente.
Quando se vai escrever esse tipo de livro com múltiplos olhares, é importante que se defina se é isso o que se quer, e se for levar todos com a mesma consistência. E se a importância passa a ser pessoas específicas, fazer com que esses personagens ao redor girem em cima delas, e não fiquem jogados aleatórios, sendo conhecidos simplesmente por proximidade geográfica. No fim da história a autora termina conexões que eram para ter sido formadas muito antes.
Então sim, a proposta do livro é deliciosa, e a escrita da autora é fluida e de bom gosto, mas acho que ela precisava ter trabalhado melhor no briefing desse livro. Entendo que amor existe de muitas formas, e que era isso o que queria dizer, mas se perdeu vendendo unicamente uma história de um casal, porque cria uma expectativa em quem compra por causa disso, e não é em cima deles que a história se desenvolve.
Não gosto muito de Marian Keyes, mas tenho um perfeito exemplo do que estou falando sobre vender livros de maneira correta. Olhem só essa sinopse:
Existe um misterioso espírito que paira sobre o edifício número 66 da Star Street, em Dublin, Irlanda. E esse espírito está em uma missão para mudar a vida de alguém. Em A estrela mais brilhante do céu, Marian Keyes demonstra mais uma vez sua técnica como uma dos grandes contadores de histórias da atualidade e sua vontade de ultrapassar limites na literatura.
Os inquilinos do prédio 66 formam certamente um grupo excêntrico. Na cobertura mora Katie, uma mulher de 39 anos que trabalha como relações públicas de cantores e que só se preocupa com o tamanho de suas coxas e se seu namorado irá propor casamento. No apartamento abaixo, dividem o espaço dois poloneses mais a engraçada Lydia. No primeiro andar está Jéssica, a octogenária que vive com seu malvado cachorro e o filho adotivo. Já no térreo estão os recém-casados Maeve e Matt, que por mais que tentem esquecer o passado, não conseguirão.
Os inquilinos do prédio 66 formam certamente um grupo excêntrico. Na cobertura mora Katie, uma mulher de 39 anos que trabalha como relações públicas de cantores e que só se preocupa com o tamanho de suas coxas e se seu namorado irá propor casamento. No apartamento abaixo, dividem o espaço dois poloneses mais a engraçada Lydia. No primeiro andar está Jéssica, a octogenária que vive com seu malvado cachorro e o filho adotivo. Já no térreo estão os recém-casados Maeve e Matt, que por mais que tentem esquecer o passado, não conseguirão.
Viram que a sinopse vende histórias de diversas pessoas, e que o fato de estarmos falando de um edifício abre possibilidades para ainda mais delas? Isso é uma sinopse genérica para uma história sobre um tema ou um lugar, e não pessoas específicas. Esse tipo de sinopse deveria ter sido o caminho escolhido para o livro de Onde mora o amor. Ele venderia uma proposta mais aberta e com muitas possibilidades.
Enfim, Onde mora o amor é um bom livro, mas passa longe de ser meu romance levinho predileto, dessa leva de romances de hoje da Arqueiro.