É assim que começa... Hilda Furacão
É assim que começa... é uma coluna onde apresento os primeiros parágrafos dos livros que leio. As vezes os livros nos ganham pelas capas, mas as vezes eles nos ganham pela primeira voz que ouvimos dele. As páginas falam...
Abra os olhos e escute-as!
Na época dos acontecimentos que tanto deram o que falar envolvendo Hilda Furacão, eu trabalhava como repórter na Folha de Minas numa Belo Horizonte que cheirava a jasmin e ao gás lacrimogêneo que a polícia jogava nos estudantes e que acabava sendo o perfume daqueles dias. Eu era um rapaz magro, fumava se-me-dão, sofria de três ou quatro doenças imaginárias, estava fichado no Dops e acreditava que ainda ia ter minha Sierra Maestra. Por esse tempo eu gostava muito de uns versos do poeta Joaquim Cardozo que diziam:
"Sou um homem marcado
num país ocupado
pelo estrangeiro..."