Sinopse: 1947. O famoso detetive Sherlock Holmes (Ian McKellen) está com 93 anos, aposentado, vivendo em uma casa remota no litoral com sua governanta Mrs. Munro (Laura Linney) e o filho dela, o pequeno Roger (Milo Parker). Lidando com a deterioração da sua mente por causa da idade, ele continua obcecado com um caso que nunca conseguiu decifrar. Sem a companhia do seu fiel escudeiro Dr. Watson, Sherlock tentar desvendar este último mistério.
Sherlock é, para mim, o maior detetive já criado em toda a literatura, cinema e qualquer outro meio artístico onde se precise de um detetive. Tenho uma paixão por esse personagem e não é de hoje, e talvez por isso cobre demais de qualquer história baseada nele, ou filmes e séries feitos usando o detetive como pano de fundo. Esse foi o motivo que me fez amar o seriado Sherlock, e odiar o Elementary.
Quando soube que Mr. Holmes iria ser lançado eu fiquei com um pé atrás. Um Sherlock aposentado? Algo me deixava insegura com isso. Contudo eu amo as atuações seguras de McKellen, e o trailer revelava que esse seria outro papel em que ele arrasaria, como sempre. Então tomei coragem e sentei para ver, morrendo de medo de odiar a forma como retratariam esse Sherlock, e posso dizer que sofri uma relação complicadíssima de amor e ódio por esse filme.
Sim, McKellen está fenomenal! Ele é um ator maduro e transmite isso na calma com a qual interpreta seus personagens, e não foi diferente com Holmes. Temos que lembrar que qualquer ator que pegasse um papel de um personagem tão famoso quanto Sherlock, tremeria na base. Mas mesmo com esse poder em cena que McKellen tinha sem nem ao menos abrir a boca, eu senti falta da eletricidade que sempre emanou de Holmes. Ele é um homem de pensamento rápido e de rompantes de insanidade, em muitos momentos. Claro que não dá para fazer isso com 90 e tantos anos, como o personagem interpretado por McKellen, e até que fizeram um Holmes idoso e lógico na medida certa, mas senti falta. Muita falta.
Outra coisa que me incomodou foi a solidão dele. Sempre foi um personagem solitário, mas contava com o persistente Watson e uma vez ou outra o irmão Microft para favorecer sua personalidade antipática. No caso desse filme ambos já estão mortos, e me dava uma pena estúpida de ver Holmes tão sozinho.
Ele está morando numa casa de campo junto com a governanta e o filho dela, uma criança inteligente que logo se afeiçoa a Sherlock, que por sua vez também se liga ao garoto, indo contra a tudo o que eu acreditava do "social" dele. Mas novamente entendi o ponto de vista. Um homem prestes a morrer e doente tinha que se apegar a alguma coisa. O Holmes de McKellen é muito mais simpático do que de fato o Sherlock Holmes é.
Eles usam uma pequena resolução de caso como pano de fundo. Na verdade Holmes tentando lembrar do último caso que trabalhou e que o traumatizou por completo ao ponto de querer se aposentar. Alternando entre presente e esse passado. o caso é revelado aos poucos, como capítulos de uma novela.
Pessoalmente não gostei do caso, nem de como foi resolvido e acho que aquilo só foi colocado para nos lembrar de que era um filme sobre o grande Sherlock Holmes. Mas para mim não funcionou. Era melhor ter trabalhado com a velhice dele, sua solidão e o resultado do que ele foi quando mais novo, mesmo que isso gerasse muita crítica por parte dos fãs. Era uma nova visão sobre ele, e não me incomodaria nem um pouco em ver um lado diferente. Mas dai introduziram o caso, e achei um saco!
De modo geral é um filme cansativo. De ritmo lento e que pede muita paciência e perseverança de quem assiste. Para mim que sou fã, foi uma análise de como, de fato, seria um Sherlock Holmes idoso, e se as consequências de seus atos influenciariam em seu caráter já idoso. Tentei não criar expectativas, e dei graças a Deus de não ter feito isso, ou teria me decepcionado um pouco. Consegui olhar de outro modo, e foi agradável de acomoanhar. Tive minhas raivas com esse roteiro, mas McKellen salvou o filme para mim.