Do que você sente medo?


Depois de anos assistindo filmes de terror — os bons e os péssimos — cheguei à conclusão de que o medo é um sentimento altamente subjetivo. E em que momento consegui chegar a essa definição? Depois de ler IT.

Quem ainda não leu o livro de King e não tem medo de palhaços, pode achar a ideia do livro uma completa babaquice. Confesso que até eu em algum momento, muitos anos atrás, cheguei a pensar algo parecido.

Acontece que só depois que você lê a proposta do autor é que entende que aquele palhaço é uma alusão ao medo de maneira geral. Que ele apresenta-se daquela forma porque muitas crianças tem medo da figura do palhaço, e os protagonistas do livro são crianças inicialmente.

É tanto que em muitos momentos da história Pennywise assume as mais variadas formas, dependendo de quem ele quer atingir. E isso é uma puta sacada do autor, porque o medo assume formas diferentes para pessoas diferentes.

Quando eu era criança tinha um medo ridículo de bonecas no meu quarto. Fazia minha mãe tirar a caixa inteira com todas antes de dormir. Achava que no escuro elas me espiavam e que a qualquer momento pulariam em mim. Não tinha medo de palhaços ou monstros no guarda-roupa, mas bonecas eram o meu pesadelo.

Devo isso a muitos dos filmes de terror da década de 80/90. Bonecos assassinos, brinquedos assassinos e vários outros títulos desse tipo que me aterrorizavam. Eu era a garotinha que assistia A Profecia bocejando, mas detestava o Chuck com todas as minhas forças.

Não sei se vocês lembram, mas foi também nessa mesma época que começaram aqueles boatos sobre a boneca da Xuxa ser amaldiçoada – eu tinha uma – e de que Fofão vinha com facas e objetos cortantes dentro – também tinha um.

E o que Carol fez? Doou – caridosamente – todos os seus bonecos na comunidade em que morava. Lembro que minha mãe quase comeu o meu fígado, e precisou de um dia inteiro catando as crianças da rua a quem eu tinha doado os brinquedos, para pegá-los de volta.

Hoje em dia o meu pavor são filmes sobre fantasmas. E não estou falando de algo do tipo Os Caça-Fantasmas, mas coisas no estilo Invocação do Mal. Mas como sempre fui uma criança que adorava filmes de terror, eu continuo uma adulta que adora, só não tem mais coragem de assistir sozinha. Ou de noite. Em resumo, fiquei uma medrosa que precisa de uma sala cheia de gente para conseguir ver O Chamado sem me esconder embaixo do travesseiro.

Por outro lado, tenho um amigo que mora numa casa super macabra, sozinho, e que só assistia a esse tipo de filme de noite. Sempre viu todos de boa, até ter o primeiro contato com o filme O Grito. Depois disso ele nunca mais assistiu. Pessoalmente acho o filme patético, mas atingiu ele de uma maneira particular que o deixou aterrorizado.

Às vezes é uma questão de afinidade com a trama, com a personagem ou a construção de um enredo de maneira geral. Eu tenho esse pavor imenso de fantasmas porque minha família tem uma história amedrontadora de acontecimentos bizarros e que é sempre pauta das reuniões familiares. Quantas vezes vi minha mão conversando sozinha? Sim, ela não estava sozinha. Só que EU não conseguia ver o que ela via.

Quantas outras vezes eu sentia alguém mexendo no meu cabelo e não tinha ninguém. Sentia cheiros que não sabia de onde vinham. Ouvia sons impossíveis de existirem naquele momento. Apesar de ser uma das únicas da família que passa longe da mediunidade no quesito ver e falar, eu fico próximo nas outras partes sensoriais. E isso me assusta. O que não posso ver me assusta, e sempre digo aos fantasminhas da minha casa - que minha mãe diz serem muitos e adorarem meu quarto – que se for de aparecer, não venham no susto nem com música de filme de terror.

Já minha mãe, que é super corajosa para essas coisas, morre de medo de baratas. Sim, aqueles bichinhos asquerosos que – de acordo com ela – são mutantes que vieram para dominar a Terra. Eu, por outro lado, sou a Caça-Baratas da minha casa.

Viram só como o medo é subjetivo?

Cada pessoa tem o seu fraco, e isso depende do momento de vida que está vivendo, do meio cultural ao redor, e dos acontecimentos que marcaram. Às vezes um trauma de infância marca para o resto da vida, e às vezes um acidente na vida adulta faz com que você tenha trauma de viagens de carro ou de altura.

O fato é que o medo é pessoal. Em alguns momentos é intransferível, e tem deles que podem ser transmitidos para outras pessoas num determinado momento. Como uma cena bizarra de Jogos Mortais, ou A Noite dos Mortos Vivos, onde uma situação leva a um medo generalizado.

Por isso o palhaço de It é incrível, a meu ver. Porque assume diferentes formas de acordo com a necessidade do susto. Eu enfrento um palhaço de boa se ele não vir escondido embaixo de um lençol como em O Sexto Sentido, ou sair sussurrando pela casa... Caroliiiiinee!

Abaixo segue uma lista de livros selecionados por mim, do catálogo da DarkSide Books, para diferentes tipos de medo. Se você for uma pessoa corajosa, vai enfrentar o diabo do medo e se aventurar justamente no SEU tipo de medo! Se você for igual a mim, vai enfiar a cabeça no travesseiro e chorar feito um bebê. 

E ai... que tipo de pessoa é você? E do que você mais sente medo?

O Além...




Horror com crianças...


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Filmes que arrepiam...


                      Os Pássaros  Donnie Darko   O Massacre da Serra Elétrica  Hellraiser  
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