Autor: Leticia Wierzchowski
Editora: Globo (Cedido em Parceria)
Skoob: Adicionar
Sinopse: Escrito por Letícia Wierzchowski, autora de A casa das sete mulheres, “O primeiro e o último verão” conduz o leitor a reflexões sobre episódios vividos por Clara no passado durante um verão inesquecível na praia de Pinhal. Aos catorze anos, a garota se apaixonou e deu o primeiro beijo, mas foi também quando começou a descobrir todas as preocupações e decepções que existem nas relações de amor. No livro, a personagem revela como conheceu o amor e a morte, e viveu toda a dor e a poesia que há em deixar a inocência da infância para crescer, um processo melancólico e doloroso para todos nós.
Uma coisa é necessário admitir... A autora tem um verdadeiro dom de se inserir como a protagonista de uma história, seja ela com oitenta anos, ou com oito. E isso sem perder a essência de quem é esse personagem, ou de fugir do que sua faixa etária exige dele.
Nesse livro conhecemos a história de Clara, que vai com a família passar as férias de verão em Pinhal, um rito anual popular entre eles, e outras tantas famílias da região. O lugar ferve nessa época do ano, e é uma época que muitos de vocês mais velhos, como eu, vão se identificar bastante. Nada de celular, computador ou televisão. A coisa aqui é ir para rua, brincar até cansar, se sujar de sorvete e paquerar na pracinha da cidade. Olha que infância gostosa!
Então no livro vemos esse verão, que mudou a vida não só de Clara, como do grupo de amigos que se reencontram todo ano. É o verão mais aguardado da protagonista, que combinou de passá-lo com sua paixonite, Deco. Até isso é nostálgico, porque antigamente era bem comum marcar de ficar com alguém. Patético, mas comum.
Mesmo envolta nesse clima de romance, Clara também começa a vivenciar algo que até então não era importante na sua vida de criança/pré-adolescente... o casamento dos pais que está ruindo numa velocidade e força impressionantes.
Basicamente é isso o que tem no livro, e um certo acontecimento que acaba com o verão deles já no fim da história. Mas sinceramente? Achei que foi pouco.
A autora vende uma puta situação logo nas primeiras páginas, e o leitor fica achando que aconteceu algo tipo UOU. O problema é que o UOU para mim não é o mesmo UOU para uma adolescente dos anos 70. E tentei visualizar por esse ângulo, compreendendo a grandiosidade do que a autora tinha feito para aquele grupo de meninos. Contudo não foi um choque, nem ao menos me deixou levemente abalada. Talvez eu seja exigente, ou talvez não tenha conseguido enxergar a história na perspectiva que a autora entregou de maneira satisfatória.
O fato é que terminei de ler o livro pensando "é isso? Só isso?". E fiquei triste por ter esperado mais, porque sei que ela cumpriu com o que propôs, e para o público que propôs.
A história tem uma linha jovem, com uma protagonista jovem, e acontecimentos que vão deixar os jovens pensando "Estou vivendo isso", e fazer você, mais velho, pensar "Já vivi isso". São coisas comuns na idade de Clara, e combinam com todo o contexto da história. É legal lembrar como as funcionava a vida sem tanta tecnologia, e perceber que certos problemas persistem até hoje. Nisso não tenho do que reclamar, a autora soube fazer. E convenhamos, ela tem uma escrita lindíssima.
Meu problema foi só com a questão da expectativa. Esperei demais, obtive algo insuficiente para justificar minha leitura de mais de cem páginas quando ando tão seletiva no que ler por falta de tempo. É... acho que essa foi toda a minha irritação.
Esse livro eu indico para os mais jovens, ou para os de idade que gostem de um pouco - ou muito - de nostalgia.