Autor: Kendara Blake
Editora: GloboAlt
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Sinopse: Três herdeiras da coroa, cada uma com um poder mágico especial. Mirabella é uma elemental, capaz de produzir chamas e tempestades com um estalar de dedos. Katharine é uma envenenadora, com o poder de manipular os venenos mais mortais. E Arsinoe é uma naturalista, que tem a capacidade de fazer florescer a rosa mais vermelha e também controlar o mais feroz dos leões.Mas para coroar-se rainha, não basta ter nascido na família real. Cada irmã deve lutar por esse posto, no que não é apenas um jogo de ganhar ou perder: é uma batalha de vida ou morte. Na noite em que completam dezesseis anos, a batalha começa.
Confesso que não fui com muita sede ao pote quando peguei esse livro. Tinha lido outro da autora recentemente e que não achei muito bom. Mas como sou louca por todo lançamento que a GloboAlt entrega aos leitores, peguei para ler bem despretensiosamente. E que grata surpresa foi Três Coroas Negras para mim!
O que é importante ser entendido aqui é que essa é uma sociedade matriarcal. O poder maior fica nas mãos na rainha, e o rei só existe para compor um título e gerar descendentes ao reinado. Até o poder espiritual dessa sociedade está nas mãos de uma deusa, e não de um deus, como é comum no que se pensa sobre idade média. E não estou garantindo que esse livro se passe numa idade média, porque em momento nenhum o tempo histórico fica claro. Mas são os detalhes culturais que deixam isso transparecer nessa fantasia, ainda que o espaço geográfico onde acontece a história fica a cargo de uma ilha onde coisas "mágicas" podem acontecer, e sabendo que existe um continente onde tudo parece ser o nosso normal do outro lado da neblina.
Entendido isso? Ok! Então entendam também que a rainha gera três filhas apenas. Esse é todo o legado dela antes que tenha que sair do trono e esperar para que uma de suas filhas cresçam e tomem posse da coroa. E como isso acontece? Bem simples: Duas delas tem que morrer. É quase como um Jogos Vorazes entre irmãs.
Pensando na atualidade chega a ser repulsiva a ideia de uma irmã matando a outra por causa de uma coroa, mas esse tipo de coisa era muito comum antigamente, e se pararmos para pensar que essas três irmãs são criadas separadas, justamente para gerar essa distância e possibilidade, então é que o negócio fica parecendo mais simples.
Para completar o cenário dessa história, também é importante saber que cada irmã nasce com um dom. Não é uma coisa exatamente explicada na trama, mas é um fato. Algo muito superior ao controle dos habitantes dessa ilha. Tem algo de divino nesse contínuo nascimento triplo de rainhas com poderes diferentes. Uma sempre será naturalista, com poder de comandar animais e plantas. Outra será elementar, com o poder de controlar os elementos, e outra será a envenenadora, com o poder de suportar qualquer veneno sem ao menos uma única dorzinha de barriga. Elas chamam o momento do despertar dos poderes de dádiva, e isso é algo bem importante na história.
Nesse contexto todo temos as protagonistas, Katherine, a envenenadora; Mirabella, a elementar, e Arsinoe, a naturalista. Separadas aos seis anos, as irmãs são criadas por famílias diferentes, em lados diferentes dessa ilha. Treinadas desde a infância até o momento onde elas fariam dezesseis anos e teriam que competir pela coroa.
Esse livro é o primeiro de uma série, e nem me perguntem de quantos. Não achei informações realmente valiosas quanto a isso. Mas é um livro introdutório realmente de apresentação. Do universo criado pela autora, das três protagonistas e de tudo o que acontece até o Beltane, que digamos ser o marco de início do ano em que apenas uma delas restará. Então não espere ver o pau quebrar nesse livro, porque isso não acontece entre as três. Na verdade, a medida que você vai lendo, percebe que talvez isso seja o que elas menos querem.
Não tive como escolher apenas uma delas como predileta. Amo o jeito tempestuoso e impulsivo de Arsinoe, adoro o coração enorme e apaixonante de Mirabella, e também a força de vontade e de espírito de Katherine. São realmente três protagonistas incríveis, e que tem igual peso na história com a intercalação de capítulos.
Os coadjuvantes aqui também são importantes. Pelos olhos do que acontece com eles perto das rainhas é que entendemos toda a estrutura social, hierárquica e de poder dessa sociedade. Como qualquer briga por uma coroa, temos os bonzinhos e os cruéis, e acho que a autora os criou justamente para ter a quem culpar, quando as coisas derem errado em algum lado. Afinal, as rainhas são quem tem menos culpa de qualquer coisa aqui. São vítimas de uma cultura antiga, e não estão nem um pouco satisfeitas com ela.
Tem um momento do livro que os acontecimentos estacionam. Como disse, é um livro de introdução e tem hora que ele cansa. Mas daí a autora insere algumas cenas de curiosidade para prender o leitor até a próximo capítulo daquela protagonista, e isso faz com que você tenha que ler os capítulos das outras. Ela soube usar de argumentos para convencer a leitura, e achei isso bem legal.
Posso dizer aqui também que AMEI o final desse livro. Não só as últimas páginas, mas os acontecimentos um pouco anteriores ao Beltane, o que acontece nele e depois dele. A história começa a ganhar forças e se desenhar de maneira deliciosa. Terminei o livro de boca aberta e perguntando pelas páginas seguinte. Como assim ela acaba daquele jeito? Preciso de mais! O final é espetacular, e posso dizer que não esperava algo daquele tipo. A autora me surpreendeu positivamente em muitos aspectos.
Recomendo a leitura com força para quem curte fantasia. Não é uma alta fantasia, tá? Mas tem elementos até que adultos para uma fantasia Ya. Livro maravilhoso!