Meu corpo está todo dolorido por conta do acidente que sofri, o
qual já comentei com vocês aqui. Desde então não tenho dormido direito porque
não encontro posição que eu consiga me enquadrar para pegar no sono. Estou com
olheiras tão profundas quanto o mar. Estou com um cansaço que não sei bem se é
físico; ele tem mais haver com as coisas que não consigo fazer. Coisas que eu
queria bastante fazer. E outras que nem sei direito o que são.
Foi dessa forma
que acabei achando esse filme no meu computador. Acredito que eu tenha baixado
há algum tempo, e acabei esquecendo de ver. A insônia me pegou e entre opções
repetidas, o achei. E é justamente quando vejo que Deus coloca as coisas certas
nos nossos caminhos, e não é nada proposital.
As melhores coisas
do mundo foi uma das melhores coisas do meu mundo. Chegou quando eu estava
justamente precisando desse filme. Ele tem tudo o que me compõe: Drama,
simplicidade e muitos adolescentes cheios de hormônios e uma inocência sem fim,
até em fazer maldade. Resultado: Estou completamente apaixonada por esse
filme.
Vemos a história
de Mano (Francisco Miguez),
um garoto de 15 anos da classe média que está naquela fase de descobertas.
Tentando aprender a tocar violão para impressionar uma garota, cercado de
amigos, visitando prostíbulos para provar que não é mais virgem, fumando,
bebendo e parafraseando o próprio cinema "Curtindo a vida adoidado".
Mas lógico, que nem tudo na família de Mano são flores. Seus pais estão
se divorciando e isso o atinge como uma bomba. E pior, o pai esta saindo de
casa porque esta apaixonado por outra pessoa... Eis o problema, pois a outra
pessoa não segue os padrões aceitáveis de uma sociedade.
Ele
e o irmão Pedro (Fiuk) estudam em uma escola de classe média. Acontece que os
adolescentes dessa escola, como em qualquer outra, tem essa tendência de serem
maus por natureza. A maioria deles não mede e não entende as consequências de
seus atos, se acham os donos do mundo e da verdade. E então, eis que surge o
enredo.
Na
verdade o filme trata de temas misturados, mas que sempre tem haver com os
adolescentes. Seja o relacionamento de Mano com os pais e com o irmão. Seja
o platonismo de Pedro para com a namorada. Seja pelo jeito que o professor de
violão conduz um problema e o converte em música. Seja a forma descolada com a
qual a Carol trata as pessoas, ou a forma relaxada que Valéria trata sua vida
amorosa. Sejam no relacionamento ético da escola com os professores, pais e
alunos. Seja a forma como as amizades mudam da noite para o dia. Esse filme é
um perfeito diário adolescente. E melhor que isso, um diário que tem cara,
situações, falas e pensamentos de adolescentes.
A sensibilidade com a qual a diretora trata os
problemas é limpa e possível. Eu tive alguns daqueles problemas, meus amigos
tiveram outros. A vida de ninguém é fácil, e ninguém tem o direito de colocar o
dedo na sua cara e dizer o que você tem que fazer ou quais padrões seguir.
Já deu pra perceber o quanto o filme mexeu
comigo, né?
Na verdade acho que vocês não tem noção disso,
porque na verdade nem eu tenho.
Mano começa o filme dizendo sobre a demora que
foi crescer, chegar a adolescência e ter sua própria liberdade. E então as
coisas acontecem e ele tem que crescer mais ainda, e a partir daí o mundo
parece não ser tão colorido e nem regado a rock. A linha entre a infância e a
maturidade de um adulto é muito fina, uma corda bamba que se não conseguir
manter o equilíbrio, você se esquece de quem é, e do que quer.
Claro que o filme tem momentos de leveza.
Algumas cenas clássicas de adolescentes. Algumas cenas clássicas de pais de
adolescentes. Algumas cenas que é apenas música. E elas são puramente
maravilhosas.
Devo dizer que a atuação de Mano é incrível!
Virei fã desse moleque. Denise Fraga como mãe esta impecável. Não sou fã do
Fiuk, mas em algumas cenas ele está divino. Caio Blatt e Paulo Vilhena dão uma
cor aos coadjuvantes do filme. Parece que tudo nesse enredo se constrói e se
ampara. O roteiro é muito belo.
É necessário dizer que chorei?
Chorei, e em uma cena até bem boba. A mãe de
Mano começa a tirar ovos pela parede, e ele está bem ali, ao lado dela, dando
os ovos, ajudando ela a descarregar tudo. A cena ficou belíssima e precisei
parar o filme porque estava com os olhos manchados de lágrimas.
Ai gente, nem sei mais o que dizer... O filme é
MUITO bom! Ele funcionou perfeito para mim porque independente da minha idade:
criança, jovem, adulto; independente do meu estado: de cama, aleijada, correndo;
as melhores coisas do mundo existem para qualquer pessoa, só que elas têm que
ser adaptadas as necessidades de cada um. Não tem problema algum em sofrer e
ser apontado, o problema está, na verdade, em não saber enfrentar isso.
A maravilha de viver é justamente saber quais são
as melhores coisas do mundo, mesmo que elas sejam simples.
Quem disse que é preciso requinte para sorrir?
As minhas melhores coisas do mundo eu sei quais
são, e a de vocês?