"Magistral!"
Sinopse: Elas se conhecem desde a infância. São melhores amigas para tudo. Ambas acabam tendo filhos homens, que também acabam se tornando os melhores amigos. Acontece que algo maior surge, e uma acaba se apaixonando pelo filho da outra. Até onde os quatro serão capazes de ir para manter o amor, a amizade e a família?
Dificilmente vocês me verão por aqui para falar de um filme no mesmo dia em que o assisti. A influência das emoções daquele momento influencia bastante na análise de um filme, e as vezes dizemos que ele foi uma porcaria, quando na verdade era um filme que precisava se pensar sobre. Mas esse não pude deixar para trazer depois, pois ele é absurdamente bem escrito.
A censura esta caindo de pau e pedra em cima dessa produção. As críticas não são legais de um modo geral, e o peso recai muito sobre os ombros da escritora que escreveu a obra que deu origem a esse filme. De acordo com muita gente, ela é só uma senhora de 85 anos que não tinha o que fazer além de escrever porcaria pornográfica. Devo discordar disso. Acho que a história tem um drama escandaloso de bom, e que não pode ser visto com maus olhos pois essas coisas acontecem com tanta frequência quanto se é possível imaginar.
Lil e Roz são melhores amigas, como diz a sinopse. Cresceram juntas e viram seus filhos Ian e Tom crescerem juntos também. Eles são muito unidos, além de muito gatos. Pausa para suspiro. Logo de cara você percebe como elas são amigas e como elas são totalmente apaixonadas pelos filhos. Acontece que em um belo dia qualquer, Ian resolve agarrar a mãe de seu melhor amigo, tecnicamente mãe dele também já que o criou junto com amiga. O que eles não sabiam, era que Tom acabaria os vendo juntos e planejaria uma vingança dormindo com Lil, a mãe de Ian. Isso pode parecer confuso olhando assim, e algumas vezes me peguei no filme pausando para lembrar de quem eles eram filhos. Me ligava na cor de cabelo, e ia com a sorte.
Pois é, parece meio doido olhando assim, e da primeira vez que vi achei até bem revoltante. Não era amor, era tesão que sentiam um pelo outro. E tudo bem, eles não eram sangue do mesmo sangue, mas poxa, elas cresceram vendo esses meninos juntos o tempo inteiro. Elas eram vizinhas e jantavam juntos e faziam de tudo juntos e simplesmente... Sério mesmo, ficou parecendo uma mãe atacando o filho, apesar de não ser.
Depois de um tempo você acostuma com a situação, e acha aquilo tudo lindo, e depois acha triste, e depois fica com o coração na mão por elas e sente pena, e depois, volta a repulsa, mas ela é totalmente compreensível, e não era mais uma repulsa ruim, era só do tipo "Mas que burra! Talvez eu fizesse o mesmo". Entendem?
O filme é denso e fácil de tragar quem assiste para dentro dele. Principalmente se você gosta de dramas e se sua vida foi tão repleta delas que é impossível não se envolver nos drama dos personagens, e mais ainda, não se ligar a eles e torcer para que tudo se resolva da melhor forma, o que é meio difícil de se pensar visto a situação.
O filme levanta pontos interessantes sobre os relacionamentos e como as pessoas os encaram. A cidade acha que Lil e Roz tem um caso e são lésbicas, e em alguns momentos eu até achei que isso fosse possível. O mesmo a cidade acha dos filhos, que eles tem um caso. A melhor parte disso é eles simplesmente não darem a mínima para o que as pessoas pensam. Fantástica a maturidade deles!
Eu pensei que a problemática do filme fosse se focar nas descobertas desses relacionamentos malucos, mas até que não foi. A problemática inteira estava dentro de cada um deles. O que sentiam um pelo outros e como eles fariam para os manter unidos não importando o que acontecesse.
O filme foi gravado numa praia que me matou de inveja, e olhe que não sou tão chegada a praias. Mas essa é simplesmente perfeita!!!!!!!!! E ainda ler que o fotógrafo desse filme era bom mas simplesmente não teve o que fazer nesse, foi absurdamente ultrajante! O cara dá um show de iluminação e passagens de câmera!
Algumas cenas eram tão próximas dos protagonistas que era impossível de não se envolver com elas. O fotógrafo trabalha com o diretor para que o público se aproxime do sentimento em cena, e eles formaram uma grande dupla.
As atuações são ótimas! Principalmente as das mães. Porra... Nunca babei tanto por essas duas atrizes. Elas realmente envelhecem nas cenas, e não estou falando de maquiagem, estou falando de peso no olhar e na alma, e isso reflete no corpo. São nessas horas que lembro o quanto amo o cinema, e o quanto é difícil fazer um ator chegar numa cena simples, mas com uma carga emocional tão pesada, como no caso, eram as cenas desse filme.
Tem uma cena de uma divisão de uma maça que é silenciosa e perfeita! Uma das maiores reclamações desse filme foi a falta de diálogo, e isso eu não vou nem comentar. As melhores cenas dele são as que ninguém fala porra nenhuma.
Uma pausa para o pensamento sobre os nomes dos personagens... Achei que o fato dos nomes serem curtos, significava que eles teriam uma grandeza de personalidade durante o enrendo. Achei interessante tantos nomes pequenos no mesmo filme, contudo é simplesmente fascinante!
Tem uma certa putaria, sim! Mas é uma putaria bem poética e nada desagradável quando passa a parte do desprezo pelo o que os personagens estão vivendo. É um filme sobre dor e sobre amizade, e sobre amor e as diversas forma de se conduzir uma vida. É difícil se manter certinho visto que somos animais quando se trata de corpo. E acho uma puta de uma sacanagem alguém vir me dizer que o filme é só isso. Acho que a pessoa que assistiu não estava preparada para entrar nele com os personagens.
Um defeito?
Achei que os relacionamentos de mães e filhos poderiam ter sido melhor abordados. Achei essas mães um tanto frias para com seus filhos. Mas em momento algum isso me irritou demais.
Outro defeito, mas que entendi... O final!
Fiquei sem entender o que realmente acontecia no fim. Como era solucionado o problema. Mas daí entendi que o problema de uma história não precisa necessariamente ser solucionado. Nesse caso, o filme nos deixa abertos para entendermos o que quiser sobre esse fim. Uma coisa é certa... A passagem final da câmera é simplesmente maravilhosa e leve.
Se você curte dramas, e esta preparado para sentir asco de personagens, e depois sentir pena deles, tá na hora de sentar essas bundas na frente do computador e assistir esse filme. Eu achei genial o roteiro! E acredito que qualquer pessoa com um pouco de sensibilidade e nada de preconceito vai achar esse filme muito bom.