Especial Oscar 2014 [Resenha de "Philomena", "Capitão Phillips" e "12 anos de escravidão"]


Bem, como o Oscar já vai ser agora no domingo, e eu ainda tenho uma lista das minhas indicações para fazer, resolvi trazer as resenhas dos três últimos filmes hoje.
Assisti os filmes que faltavam. Cada um com uma temática diferenciada do outro, e com vários pontos positivos, e bem poucos negativos.
O bom do Oscar esse ano, foi a diversidade de gêneros de filmes que estão competindo na categoria principal. Vi os nove, sei qual foi meu predileto, e ele não é nem de longe o principal concorrente. Sei quem eu acho que merecia o prêmio, e quem eu acho que vá ganhar por uma questão comercial.
Vamos ver o que achei desses últimos três?


Philomena

Sinopse: Irlanda, 1952. Philomena Lee (Judi Dench) é uma jovem que tem um filho recém-nascido quando é mandada para um convento. Sem poder levar a criança, ela o dá para adoção. A criança é adotada por um casal americano e some no mundo. Após sair do convento, Philomena começa uma busca pelo seu filho, junto com a ajuda de Martin Sixsmith (Steve Coogan), um jornalista de temperamento forte. Ao viajar para os Estados Unidos, eles descobrem informações incríveis sobre a vida do filho de Philomena e criam um intenso laço de afetividade entre os dois. (ADoro Cinema)




Um drama familiar que mescla momentos divertidos e outros devastadores. Esse é Philomena. 

Conta a história de uma senhora que teve seu filho "roubado" quando estava em um convento. A criança foi vendida em adoção, e ela resolve, depois de cinquenta anos, procurar o filho desaparecido. Contando com a ajuda de um jornalista que passou por um momento complicado em sua carreira, e que está desesperado por um trabalho que o coloque de volta da roda. 


Philomena é baseado em fatos reais, e por ter sido baseado no trabalho que esse jornalista escreveu, o roteiro tem muito do teor documental. Eu pessoalmente gostei bastante do roteiro. Para um filme nessa categoria, ele funcionou muito bem. Tem os momentos cruciais na história, como tem a pitada de comédia que a personagem permite. 



Mas é a atriz quem arrasa e carrega o filme nas costas. 

Eu sou super fã de Dench atuando. É aquela atriz que não precisa de mais nada além de um olhar para emocionar quem está vendo ao filme. E o diretor, esperto e sabendo desse potencial da atriz, abusa muito de planos com close up. Os enquadramentos são geniais, e poderiam ter sido feitos com qualquer câmera, que a atriz iria se encarregar de dar um show. 




Como eu sou uma aficionada por dramas, lógico que me acabei de rir e de chorar com Philomena. Primeiro porque essa coisa de envolver crianças tiradas da mãe, mexe com qualquer pessoa que já tenha tido um filho. Então eu me senti muito próxima a personagem. 



A química dela com o ator que interpreta o Martin, é ótima! 

Não conheço esse cara em outros filmes, mas ele deu o melhor dele nesse papel. Um jornalista sério, de pouca alegria e sempre controlado. Philomena mexe com os sentidos dele quando aparece com toda a vivacidade e fé dela. 



Não acredito que o filme vá levar nenhuma das estatuetas, justamente por se tratar de um drama familiar e que nem é tão denso.  Mas só o fato dele ter sido citado como concorrente, já deixa um gosto bom na boca de filme de arte lindo. 



Gosto da trilha. Gosto MUITO da trilha! 

Filmes desse tipo sempre pedem trilhas fantásticas! E a de Philomena é lindíssima! Mas não sei se rola de ganhar prêmio com todas as outras que concorrem com ela. 






Capitão Phillips

Sinopse: Richard Phillips (Tom Hanks) é um comandante naval experiente, que aceita trabalhar com uma nova equipe na missão de entregar mercadorias e alimentos para o povo somaliano. Logo no início do trajeto, ele recebe a mensagem de que piratas têm atuado com frequência nos mares por onde devem passar. A situação não demora a se concretizar, quando dois barcos chegam perto do cargueiro, com oito somalianos armados, exigindo todo o dinheiro a bordo. Uma estratégia inicial faz com que os agressores recuem, apenas para retornar no dia seguinte. Embora Phillips utilize todos os procedimentos possíveis para dispersar os inimigos, eles conseguem subir à bordo, ameaçando a vida de todos. Quando pensa ter conseguido negociar com os piratas, o comandante é levado como refém em um pequeno bote. Começa uma longa e tensa negociação entre os sequestradores e os serviços especiais americanos, para tentar salvar o capitão antes que seja tarde. (ADoro Cinema)



Um filme que tem como característica principal a parte técnica e as atuações limpas e fantásticas.  Não curto muito esse estilo de filme. Acho  tenso, e tenho problemas sérios com filmes onde armas são extensões do corpo de alguém, como é o caso dos somalianos em Capitão Phillips. 



A ideia é simples: Um comandante americano que está transportando mercadorias para um lugar. Um outro comandante somaliano que precisa de dinheiro. Os dois se cruzam, e a bagaceira fica grande. 




A parte genial desse filme, é que não existe a escolha de um lado, ou como costumo chamar, a americanização do roteiro. Você acompanha o lado do calculista Capitão Phillips, mas também acompanha o lado explosivo de Muse, o somaliano. Acredito que o fato de entendermos os dois pontos de vista, mexe bastante com a cabeça de quem está assistindo. Sou dessas pessoas que sempre dizem que provavelmente nunca vá existir um lado errado em uma guerra, já que cada lado acredita piamente que está fazendo aquilo para o bem do seu povo. É o que acontece nesse filme, e isso para mim foi fantástico! 



Não é um filme cheio de efeitos, mas é um filme bem montado e com a a parte de áudio bem trabalhada. Fotografia é simples, com o uso de muita luz natural e pouco fora do barco onde eles estão. Podemos pensar que isso deva ter facilitado a vida de quem trabalhou no filme, não é? Engano nosso! Esse tipo de filme depende da posição do sol, da quantidade de gente no set, e das atuações sensíveis. 




O personagem de Hanks é frio. É uma pessoa que pensa bastante e analisa as coisas antes de agir. Isso não faz com que tenhamos uma antipatia com ele, mas faz com que aja um distanciamento de quem assiste, dividindo assim, a fidelidade a ele e aos somalianos, que são explosivos e jovens demais. Rola muito uma coisa de aprendizado não visível nesse caso. Hanks, que mantem uma postura limpa e pensada o filme inteiro, tem um verdadeiro acesso de dramaticidade quase no fim do filme. Como dizem muitos, uma cena digna de Oscar, mas parece que não suficiente para levar o ator à concorrer nessa categoria.




Já o ator que interpreta o Muse, está, sem outras palavras, foda!

O diretor soube usar das explosões do personagem e do ator, para compor um quadro mais fechado no rosto, e rápido nos gestos. Temos que lembrar que a linguagem do cinema tem muito disso: Personagem calmo = câmera lenta; personagem ágil  = câmera inquieta. 


Capitão Phillips está concorrendo a alguns prêmios técnicos, e acho que levaria se não fosse Gravidade batendo na porta dele. Não acredito que ele tenha grandes chances, mas fiquei bem feliz de ter visto esse filme, apesar do final ser "americano" demais, mudando um pouco o conceito do ponto de vista duplo. Mas como veio de um roteiro adaptado, não dava para mudar o final da história. 








12 anos de escravidão



Sinopse: Esta história, baseada em fatos reais, apresenta Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um escravo liberto que é sequestrado em 1841 e forçado por um proprietário de escravos (Michael Fassbender) a trabalhar em uma plantação na região de Louisiana, nos Estados Unidos. Ele é resgatado apenas doze anos mais tarde, por um advogado (Brad Pitt). (Adoro Cinema)






Um filme que me deixou bastante feliz de ter assistido. 

De um diretor novo, e com um elenco pouco conhecido, 12 anos de escravidão conseguia entrar para concorrer a nove categorias, e tenho a mais absoluta certeza de que leva algumas. 


É um retrato fiel do que aconteceu à algumas pessoas depois da época da guerra civil americana. Com os escravos soltos, os senhores de fazendas entravam nessas de comprar escravos clandestinamente, para poder tocar seus trabalhos. Entre eles, estava Solomon, um homem livre que foi raptado e vendido como escravo para alguns senhores, durante esses doze anos de escravidão. 



Temos muitos pontos fortes nesse filme. O Primeiro, sem sombra de dúvida, são as atuações magníficas do protagonista Chiwetel, um ator que nunca vi na vida e que simplesmente arrasou com olhares perdidos, e momentos de reflexão do personagem. Fora a ele, temos Lupita, páreo duro para Lawrence na categoria de coadjuvante. Uma atriz nova que tem poucos, e fortes, minutos em cena. Já Michael, que interpreta um senhor de fazenda e que também concorre na categoria de coadjuvante, tem um retrato realista e louco no filme. Ele é explosivo, e meio psicopata, características bem marcadas pelo trabalho de ator. Teve uma cena dele perto do fim, que simplesmente me deixou desesperada para conhecer mais algum trabalho do cara. Muito bom! 




De um roteiro singelo e bem escrito, com cenas de tirar o fôlego, não tem como não se emocionar com 12 anos de escravidão. Terminei o filme me debulhando, e nem foi pela cena final, mas pela cena de Solomon em cima de uma carroça, com a câmera fixa em seu rosto, e o trabalho do ator mostrando para todo mundo o que o personagem estava sentindo sem se fazer necessário um pingo de explosão. 




A Montagem do filme também está ótima, como o trabalho de direção de arte, que acho que não leva se compararmos aos outros filmes que estão concorrendo nessa categoria. Isso vai bastante do critério da academia, já que eles podem querer apostar em uma coisa mais moderna, e premiar Gatsby ou Trapaça, ou numa coisa mais antiga e vir com 12 anos de escravidão. 





Enfim, torço bastante para 12 anos, apesar de achar que esse ano o prêmio vai ser bastante comercial. É um filme lindo, com uma mensagem linda, e cenas pra lá de belas, fotograficamente. 














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