Resenha de "Perdas e Danos" (Diane Chamberlain)

Título: Perdas e Danos
Autor: Diane Chamberlain
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
Skoob: Adicionar
Comprar: Livraria Saraiva


Sinopse: Perdas e Danos - Travis Brown é um rapaz diferente da maioria dos jovens de sua idade. Aos 23 anos, já conheceu – e perdeu – seu grande amor, já precisou lutar pela guarda da filha na justiça e agora trabalha incansavelmente para sustentá-la. Sua rotina não é fácil, mas ele consegue levar uma vida digna.De repente, tudo começa a dar errado: ele perde o emprego, sua casa pega fogo e sua mãe morre. Sem ter a quem recorrer, precisa ir morar com a filha em um acampamento para trailers. Lá, conhece Savannah, uma jovem linda e sexy que realmente parece querer ajudá-lo.
É ela quem lhe fala sobre a vaga em uma obra em Raleigh, uma cidade próxima. Travis não quer se mudar, mas não tem alternativa: seus últimos dólares estão acabando e ele não vê a menor perspectiva de conseguir mais dinheiro.
No entanto, ao chegar a Raleigh e conhecer Roy, seu suposto empregador, ele descobre que o trabalho na verdade é um roubo. Roy garante que será a única vez e que a quantia que Travis receberá será suficiente para tirá-lo do sufoco por um bom tempo. Agora, de frente para a maior encruzilhada de sua vida, Travis precisa decidir que caminho seguir para continuar sendo um pai exemplar.

Talvez eu seja uma das poucas blogueiras que não chegaram a ler o outro livro da Diane quando ele saiu. Tenho essa coisa em mim de achar que quando vou ficar nostálgica e depressiva com um livro, então não o leio. Por isso não pedi Segredos e Mentiras na época, e foi por não me ligar no nome da autora que acabei solicitando o Perdas e Danos dessa vez. A sinopse tinha algo com um pouco mais de ação, o que me enganou completamente. Não de um jeito ruim, admito. Só não esperava que o drama fosse muito mais forte nele do que qualquer outro aspecto na narrativa. 

Vou tentar explicar para vocês essa história de uma forma mais cronológica, que não é como acontece no livro, ok? De um jeito que não pareça confuso, posso dizer que acompanhamos a vida de Travis Brown, um jovem rapaz que só tem uma filhinha no mundo, e nenhum emprego para bancá-los. Ele acaba saltando de uma cidade para outra, em busca do que possivelmente seria um trabalho apresentado por uma amiga do lugar de onde tinha vindo. Só que esse trabalho não é o que parecia ser, e Travis fica na dúvida se o faz e garante comida e abrigo para ele a filha por mais alguns dias, ou se abre mão disso e se desespera em busca de outras opções. 

Basicamente é isso o que posso dizer a vocês sem quebrar a magia da leitura do livro. A informação que passei foi a única que tive ao pegá-lo, o que achei ótimo porque se soubesse como a história se desenvolvia, talvez não tivesse pegado para ler, apenas por uma questão de preconceito a certos tipos de drama. 

O livro é narrado por três personagens: Travis, Erin e Robin. 
Aparentemente três pessoas sem ligação, mas que vão se entrelaçando durante a trama. Seja com algo relacionado ao passado deles, seja com o presente. E posso garantir a vocês que o fato de ter três pontos de vista na história tão bem escritos, faz com que o leitor corra na leitura só para saber como aquele personagem vai resolver uma determinada situação no próximo capítulo, ou como ele está se sentindo. A curiosidade em descobrir como a vida deles chegou até aquele ponto é muito forte. Foi justamente ai que descobri o quanto a autora foi genial em criar os laços desse enredo. 

Ela também trabalha com flash back durante todo o livro, o que de início foi meio confuso para mim, tendo que voltar a ler pedaços dos capítulos anteriores em certos momentos. Nada que realmente atrapalhasse a leitura. Tipo, dá para continuar a ler sem voltar, mas eu ficava achando que tinha deixado passar alguma coisa, e isso me irritava ao ponto de voltar as folhas. Esses pedaços de passado são super importantes para a trama. Só com eles entendemos o Travis adulto, a Robin centrada e a Erin sofrida. Até a pequena Bella tem muito mais sentindo depois deles. 

Devo dizer que minha paixão nessa história, além da forma como a autora vinculou os personagens, foi em Travis como pai. Poxa, passei minha vida inteira olhando os relacionamentos de pais com amigos meus, e nunca vi nada nem parecido com o que Travis foi capaz de fazer por Bella. Eu sentia pena deles a cada maldita página onde um novo problema era revelado para ambos. A menina encarando a vida de um jeito onírico, mesmo que dormisse em uma van e não penteasse os cabelos. O cara sendo positivo mesmo sem um centavo no bolso para comer, dando tudo o que conseguia para a filha. Diane também soube trabalhar divinamente esse relacionamento deles, e eu babei legal nisso. Mas sou suspeita porque, como diria Freud na visão da minha psicóloga, eu tento encarar minha própria realidade paternalista em todas as outras que vejo. 

Quando digo que o drama é muito maior do que o resto, é justamente por conta das relações sociais que os personagens mantem dentro da história. De como Erin encara uma perda, ou Robin encara um ganho. É tudo tão amarradinho e aparentemente simples, que me peguei pensando quanto tempo a autora se dedicou escrevendo esse livro, só por conta dos personagens, nem tanto pelo enredo. 

O que me deixou meio frustrada foi o fim. Não sei porque, mas o achei rápido demais, sabe? Altamente plausível, sem dúvida! Diane não deu ponto sem nó aqui. Tudo tem seu começo, meio e fim de forma explicativa e sem falhas. Contudo as últimas cenas me deixaram com uma sensação de pouca generosidade para quem acompanhou aquele sofrimento até ali. Ela até coloca tipo um epílogo, explicando como ficou a vida dos personagens depois de um tempo, mas eu ainda queria mais. Acho que na verdade o problema não estava no livro, mas na saudade que ele deixou em mim. 

Uma história linda sobre perda, reconhecimento, paternidade e os tipos de amor diversos que constroem o caráter do ser humano, mesmo na maior adversidade de suas vidas, e que justifica qualquer atitude, até a mais absurda delas.