Autor: Laura Florand
Editora: Única (Cedido em parceria)
Comprar: Livraria Saraiva
Sinopse:Melhor Que Chocolate - Que atire a primeira pedra quem não gostaria de ter essas três coisas misturadas em meio a uma aventura inesquecível. Pois é mais fácil do que parece, basta abrir este delicioso (sem exageros) romance de Laura Florand. Cade Corey é uma jovem executiva que cuida do negócio bilionário de chocolate da família, uma empresa popular nos Estados Unidos. Ela sonha em construir uma linha premium de seus produtos, e, como boa conhecedora do seu negócio, sabe que encontrará o chocolate perfeito em Paris. Na verdade, o chocolate perfeito está, mais especificamente, nas mãos igualmente perfeitas de Sylvain Marquis, o melhor chocolatier da cidade. O problema é que Sylvain se recusa a associar sua arte a uma grande empresa que só pensa em destruir sua técnica para reproduzi-la em grande escala. Isso para ele é um insulto, e não uma proposta! Contudo, embora o francês jure que está em paz para tocar a vida, aquela americana teimosa não lhe sai da cabeça. E Cade sente o mesmo: adoraria simplesmente fechar negócio com outro especialista parisiense, entretanto, não consegue esquecer os olhos cortantes de Sylvain e sua personalidade arrogante, porém tão viciante quanto seus doces. Paris está prestes a ficar pequena para o que existe entre eles. Pegue uma boa xícara de café e saboreie tudo aquilo que é melhor que chocolate. Você não vai se arrepender!
Vou confessar... o que me fez solicitar esse livro foi a capa. Acho ela perfeita com esses traços estilo desenho, e ainda tem a linda Torre Eiffel de fundo. Tem como ser melhor? Nops!
E para completar, a proposta dele era o de ter uma história bem leve, que foi o segundo motivo da solicitação. Estava precisando de coisas que me fizessem rir.
Cade trabalha em um conglomerado de chocolate nos EUA. Ela é na verdade filha do dono da empresa, e rica o suficiente para nunca mais precisar trabalhar na vida. Mas ela o faz porque ama. Tá, ela ama muito mais o contato com o chocolate em si do que o trabalho burocrático com ele.
Então Cade tem a ideia de fazer uma linha elegante de chocolates para a empresa, e vai para Paris em busca do melhor "chocolateiro" da cidade, que seria Sylvain Marquis. Ela quer contratá-lo para desenvolver a linha para eles, e usar o nome já famoso de Sylvain na assinatura. Contudo Cade encontra resistência não só por parte de Sylvain, que não quer de forma nenhuma ser vinculado a esse trabalho mecânico com o chocolate, como de todos os outros chocolateiros da cidade. Para eles fazer chocolate é uma arte, não algo que deveria ser feito em longa escala por máquinas. Eles realmente gostam de pôr a mão na massa.
Acontece que Cade não aceita não como resposta, e está com muita raiva de Sylvain por ter recusado com tanta ignorância trabalhar para ela. Daí a maluca resolve roubar as receitas secretas de Sylvain. Mas claro, e percebemos logo de início, que isso é mais um jogo de sedução que se desenvolve entre os dois birrentos, que aparentemente se odiaram, mas que nitidamente desejam um ao outro desde o primeiro instante.
Pode parecer uma história tremendamente sedutora a princípio. Acredite, também achei isso. Mas ela não é. E o problema não foi na trama, e sim na escrita. A autora se perdeu muitas vezes no meio, e eu senti que ela escreveu com pausas de tempo muito grandes entre uma cena e outra, ou não teriam tantos pontos mal resolvidos e apenas razoavelmente bem escritos.
Até a construção dos personagens é um pouco estranha. Hora você parece saber com perfeição quem é Cade, e no minuto seguinte isso se perde totalmente porque a mulher faz algo estupidamente burro para alguém que parecia tão inteligente e sagaz a princípio.
Os hiatos dentro do enredo são cansativos. Demorei a pegar gás no início porque a descrição das coisas relacionadas ao chocolate provavelmente vieram rápidas demais. Ela poderia ter aguardado para ir aprofundando isso mais para frente, mas optou por querer nos conquistar com o lance do chocolate, e ficou bem chato. E olhe que gosto pra caramba de chocolate! E digo que o chato não foram as descrições do doce, porque isso ela soube fazer, mas a rapidez com a qual ela insere isso, antes mesmo de nos fazer gostar dos dois personagens.
Não é um livro pequeno, mas acredito que tenha sido um livro mal aproveitado. A autora teve muitas chances de aprofundar melhor os personagens e os relacionamentos deles, mas eu sinceramente só me senti profundamente próxima ao chocolate. Teve momentos que eu pensei estar lendo livros sobre adolescentes e para adolescentes, de tão sem nexo que as coisas pareciam, ou tanta mudança desnecessária e infantil no enredo. As escolhas da autora eram mais imaturas do que as de Cade e Sylvain.
Contudo do mesmo jeito que Laura transborda paixão na descrição de chocolate, ela também transborda nas cenas de sexo. O desejo dos personagens e o doce do chocolate são narrados de forma a enebriar o leitor. Essa coisa de Cade e Sylvain se odiarem, mesmo se desejando, torna tudo sedutor quando envolve o doce. De fato, não tenho do que queixar dessas cenas. Como disse, foram os hiatos que me deixaram cansada.
Você fica esperando que algo genial aconteça e isso não ocorre. O livro é uma montanha russa estranha. Horas ele está muito bom, horas você quer que ele acabe ligeiro. E realmente penso que o motivo disso está na narrativa de Laura, não na proposta. Não é preciso um cataclismo no livro para ele se tornar interessante, mas é preciso que algo aconteça para te prender na história. E se nada acontecer, que você seja um puta escritor que desenvolva bem os personagens para causar empatia no leitor o suficiente para ele continuar lendo não pelo livro, mas por eles.
Perceberam que não foi o livro que esperei, mas não é um livro ruim. Depois da metade a leitura flui melhor. É um livro leve, mas com cenas de sexo bem calientes, do jeito que o povão feminino curte. O romance é só um toque aqui dentro, muito mais masculino do que feminino. É uma leitura que eu recomendo por ser despretensiosa. Não vá com muita sede ao pote, mas saiba que ela pode te divertir numa tarde gostosa de chuva, ao lado de uma caneca de chocolate.