Autor: Ian McDonald
Editora: Saída de Emergência (Cedido em Parceria)
Adicionar: Skoob
Sinopse: Brasyl - Três personagens. Três histórias. Três brasis. Ligados através do tempo, do espaço e da realidade.Marcelina é uma produtora de TV que sai pelas ruas do Rio em busca do sucesso que lhe trará a fama. Quando uma ideia para um programa a faz rastrear o mais infame goleiro do futebol brasileiro, ela se envolve em uma antiga conspiração que ameaça não só a sua vida, mas também a sua alma.Edson é um empresário de celebridades tentando sair das favelas de São Paulo em um futuro não muito distante. Um encontro inesperado o faz cair no mundo perigoso da computação quântica. Agora, sem ter para onde fugir em um Brasil em que cada rosto e centavo são rastreados, ele precisa salvar a própria pele.Padre Luis Quinn é um missionário jesuíta que vasculha as profundezas da Floresta Amazônica do século XVIII em busca de um padre renegado que tenta estabelecer um império. Mas o que ele encontra ali põe em xeque a sua fé e a própria realidade.
Sempre fico com o pé atrás para pedir livros da SdE. Não pela qualidade deles, mas pela afinidade que possuo com o catálogo. Não tive muita sorte em adequar os títulos que pedi ao meu gosto. Sou muito criteriosa quando o negócio é fantasia - Gênero de lei da editora - e se em algum momento da história o livro deixar de me convencer, certamente que pegarei um abuso pela obra inteira. Talvez não generalizado, mas um abuso latente.
Acabei solicitando Brasyl porque havia muito não pedia livros deles. A sinopse parecia interessante e o título é agradável para qualquer brasileiro. Já é ruim achar brasileiros escrevendo sobre brasileiros nesse gênero, que dirá ingleses fazendo o mesmo, como é o caso de Ian, Portanto foram os três fatores, aparentemente bobos, que me convenceram a comprar a ideia dessa história.
O livro tem momentos diferentes de tempo e espaço, como de personagens. Existem três protagonistas principais, ambientados tanto no século XVIII, como no século XXI, mesclando ai um passado, um possível presente (visto a época em que a história foi escrita) e o futuro, com 2032 nos mostrando um realidade que não foge muito do que provavelmente ela será em termos tecnológicos e sociais aqui no país.
Temos um padre jesuíta em 1732, Luís, que está na selva Amazônica caçando um outro padre que aparentemente está criando sua própria forma de governo teológico por lá. Em 2006 temos Marcelina, uma produtora de TV que está em busca de Barbosa, um goleiro da seleção brasileira de 1950. E em 2032 temos Edson, um empresário respeitável que se envolve com uma garota errada e que acaba entrando numa grande furada por causa disso.
Três pessoas aparentemente sem vínculo algum, mas que foram responsáveis pelo meu grude ao enredo do livro do começo ao fim. Não fiquei impressionado com a forma como o autor escrevia, ou pelo o caminho que ele parecia seguir com esse livro, que por envolver um pedaço forte de física me deixou um pouco perdida, exatamente como fiquei quando li Fortaleza Digital, do Brown. O que me prendeu nessa história foi a curiosidade em saber como diabos esse autor iria inserir a parte "fantasiosa", porque eu sabia que ela teria que existir em algum momento do livro, e ligar esses três personagens que não pareciam ter nenhuma espécie de ligação um com o outro.
E daí levantamos a parte boa do conjunto, quando o autor insere a ideia de universos paralelos, um tema no qual me identifico muito, e toda a rede de personagens e a parte de física que citei ai em cima. Apesar de não trabalhar o universo paralelo como conheço e amo no cinema, ele fez um negócio amarradinho e legal de se ler. Ele trabalha até a ideia filosófica do universo paralelo, como se ele existisse dentro de cada um de nós antes mesmo de parecer uma realidade alternativa de ficção científica. Como se a cada dia criássemos várias personalidades para diferentes situações, e por isso, vários mundos onde elas possam coexistir.
Bato palmas também para a maneira descritiva com o qual o narrador fala do nosso país, e não estou falando só na parte estrutural e física da coisa, mas das desigualdades e tipos humanos sociológicos existentes no Brasil. Para alguém que veio aqui muito pouco como pesquisa para essa história, ele realmente parecia um brasileiro escrevendo.
Um livro que mescla muitas coisas numa única obra, e por isso um livro difícil de ser entendido numa única resenha. É preciso ler e tirar suas próprias conclusões. Não é meu tipo predileto de leitura, mas certamente é uma boa leitura. Demorada, confesso, mas boa.