Apenas um olhar e como você pode ficar confuso com o final de um livro

Título: Apenas um olhar
Autor: Harlan Coben
Editora: Arqueiro (Cedido em parceria)
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Sinopse: Uma foto pode contar muitas mentiras...Ao buscar um filme que mandou revelar, Grace encontra, no meio das fotos, uma que não pertence ao rolo. É uma imagem de cinco pessoas, tirada no mínimo vinte anos atrás. Quatro delas não lhe são familiares, mas a quinta é muito parecida com seu marido, Jack.
Ao ver a foto, Jack nega ser ele. Só que, mais tarde, ele foge sem nenhuma explicação, levando a fotografia.
Sem saber por que ele se foi, Grace luta para proteger os filhos da ausência do pai. Cada dia que passa traz mais dúvidas sobre si mesma, sobre seu casamento e sobre Jack, assim como a compreensão de que há outras pessoas procurando por ele e pela fotografia – inclusive um violento e silencioso assassino.
Quando entende que não pode contar com a polícia, e que seus vizinhos e amigos têm os próprios objetivos secretos, Grace precisa enfrentar as partes sombrias de seu passado para descobrir a verdade que pode trazer seu marido de volta.


Coben é especialista em algumas coisas as quais dou muito valor. Primeiro ele sabe pegar ideias simples e transformar em verdadeiros roteiros de cinema, do tipo que te deixa roendo as unhas. Segundo que ele cria capítulos curtos e energéticos. A grande parte deles só com diálogos, o que agiliza ainda mais o ritmo da trama. E por último porque ele é mestre em criar personagens com quem a gente se identifica. Bom, em se tratando de Apenas um Olhar, essa última parte não rolou comigo. Sendo bem sincera aqui, dos últimos livros que li dele não consegui me identificar com ninguém de verdade. Ao ponto de torcer, sabe? 

Como em quase todos os livros do autor, esse aqui também tem aquele bate e volta em muitos personagens. É como se você tivesse em uma galeria de arte e pudesse enxergar vários quadros de uma vez só. Isso ajuda a criar mais teorias do que o necessário, e é uma técnica antiga para livros de suspense, coisa que nossa querida Agatha Christie já usava muito tempo atrás e que hoje em dia só foi aperfeiçoando com outros autores do mesmo gênero. Então é comum você sair de um capítulo da protagonista (se é que podemos chamar ela assim) para o de um vilão, e depois para o detetive, e um qualquer que tem uma participação pequena, porém significativa. Isso faz a gente criar as mais malucas teorias de "o que aconteceu de verdade?" e "de quem é a culpa?". 

Vou deixar vocês malucos porque nesse livro a gente fica literalmente até as últimas páginas para entender o que exatamente houve em relação a foto, ao marido, ao passado... E precisa da última folha, aquela que ninguém dá muita atenção, para entender onde exatamente se encaixa cada personagem nessa maluquice toda. E vou dizer... Coben se superou. 

Superar não é exatamente um elogio aqui. Ele fez um negócio genial, devo admitir. Tão genial que chega a ser maluco e pouco crível, inclusive. Mas exatamente por conta dessa descrença que a gente fica quando lê, é que penso muito como é um final confuso de livro. Era como se ele estivesse inspirado demais e invés de determinar um culpado, ele determinasse vários. "Então você acha que fulano é o assassino? Pode até ser, mas o outro lá fez aquela outra coisa, e o outro fez outra coisa pior". É um emaranhado tão louco que me deixou mega confusa e voltando páginas para entender. Todas as peças desse tabuleiro eram sujas e, cara, isso é tanto genial como pouco aceitável. 

No final das contas é um livro que eu curti bastante. Coben dificilmente me decepciona. Ainda é um livro que não me deixou ter empatia pelos personagens, e ficar meio perdida quando as culpas começaram a ser dadas, mas é um livro de peso do autor.