A Luz através da janela e porque não curto muito os livros antigos de Lucinda Riley

Título: A Luz Através da Janela
Autor: Lucinda Riley
Editora: Novo Conceito
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Sinopse: Conhecer seu passado é a chave para libertar seu futuro.A Segunda Guerra Mundial na França, durante a Ocupação (1940-1944), deixou muitos destroços e segredos familiares, principalmente na família de Emilie, os De la Martinières: quando sua mãe faleceu, deixando para ela (como única herdeira do nome e dos bens da família - entre outras coisas) o legado do Château de la Martinères em Gassin, no Sul da França, Emilie fica devastada e quer vender tudo para que possa voltar à sua rotina comum de veterinária.
Entretanto, o misterioso Sebastian Carruthers aparece em sua vida para ajudá-la a cuidar de toda a documentação e a consola nos momentos mais difíceis. Emilie se apaixona pela sua gentileza e decide se casar com ele. Assim, ela se muda para a casa do marido, Blackmoor Hall, em Yorkshire (UK).
Contudo, a vida que ela, ingenuamente, pensa estar começando bem, trará a ela muitas surpresas e revelações - do presente e de um passado desconhecido que, ao ser desvendado, modificará a história pessoal de toda uma geração - carregando com os ventos da mudança, nova esperança de vida e amor...

As vezes quando a gente lê muito um autor, começa a ficar especialista nas fases dele. Começa a identificar o que veio antes e depois, fazendo sempre um comparativo da sua escrita. É inevitável, e isso é bom, porque quer dizer que você criou um apego a escrita dele de tal modo que sente quando ela esta mais evoluída ou mais simples.  No caso de A Luz através da janela, para mim, foi como ver uma Lucinda no começo de carreira, o que acredito de fato ter acontecido. Esse deve ser um dos primeiros livros da autora. 

A história segue aquela linha de raciocínio que todo mundo que já leu Lucinda alguma vez na vida já deve estar acostumado. Dois tempos históricos, duas personagens ligadas por algum tipo de vínculo familiar, e que na maioria das vezes nem entende exatamente o vínculo. Esse foi a exata problemática desse livro, com uma resolutiva que, para mim, foi bem preguiçosa. 

Conhecemos Emilie, uma francesa que acabou de perder a unica família que tinha e herdou uma casa de campo que está há gerações com eles. Cheia de segredos e muito remorso. Emilie sente-se pressionada pelas lembranças do lugar, e fica em dúvida se deve ou não vender a casa. É quando conhece Sebastian, um vendedor de obras de arte. Eles se apaixonam e se casam, e Emilie acaba se mudando para a Inglaterra, terra do marido, e conhecendo o irmão paraplégico dele, Alex. 

Do outro lado temos Constance, uma inglesa que durante a segunda guerra é treinada e enviada como espiã para a França. Enfrentando muitos problemas, depois de ter chegado ao país, ela acaba sendo acolhida no lar dos La Martineres, uma família importante francesa. O chefe da família faz parte de uma organização de resistência contra a Alemanha, mesmo que receba em sua casa para jantares e charutos muitos oficiais nazistas. 

Pela primeira vez lendo um livro da Lucinda, eu não me apeguei nem ao passado nem ao presente da história. Na verdade morri de impaciência pela lerdeza de pensamento de Emilie e de Constance. A primeira bem mais do que a segunda. Enquanto Constance estava sempre pisando em ovos para não revelar sua verdadeira identidade, Emilie aceitava absurdos em nome sei lá de que! Meu problema não era a personagem ser uma imbecil, mas ser uma imbecil sem qualquer motivo aparente para isso, ou pelo menos o motivo não foi trabalhado o suficiente na história para se tornar importante aos meus olhos. 

Quanto aos mocinhos, também deixaram bastante a desejar. Queria um pouco mais de repercussão pelas atitudes de um, mais pulso pela do outro, e um tanto de contexto do que se passava na época da guerra. Na verdade, mesmo que Constance seja nossa visão na guerra, não é ela quem se envolve em um romance trágico, e sim outra personagem tão apática que me dava nos nervos. Não consegui acreditar naquele romance, tampouco conseguia enxergar muita relevância literária de Constance naquele recorte. Acho que eu teria gostado muito mais se quem contasse aquilo tivesse sido Sophie, apática ou não.  

A história deixa muitas pontas desgovernadas. Não que fiquem exatamente soltas, mas que poderiam ter sido melhor amarradas. Como Sebastian, as decisões de Alex, a grande descoberta do livro (que não fez diferença alguma para mim. Não fedeu nem cheirou), a paixão sem desenvolvimento de Jean, a indiferença do pai de Emilie (sério, aquilo não era motivo para o homem ser quem era), a mãe omissa... Porra, tinha tanta coisa para trabalhar que daria peso na história, mas conhecemos a história de uma espiã que por acaso caiu de paraquedas nessa família e que não exatamente sabe me ensinar muito sobre ela. 

Na real? Achei o livro bem decepcionante em se tratando dos livros da Lucinda. Ainda que o que menos goste seja O Segredo de Helena, ele pelo menos amarrou pontas importantes, coisa que esse aqui não fez. Uma pena. Pena mesmo.