Faroeste Caboclo {Filme}


Sinopse:  João (Fabrício Boliveira) deixa Santo Cristo em busca de uma vida melhor em Brasília. Ele quer deixar o passado repleto de tragédias para trás. Lá, conta com o apoio do primo e traficante Pablo (César Troncoso), com quem passa a trabalhar. Já conhecido como João de Santo Cristo, o jovem se envolve com o tráfico de drogas, ao mesmo tempo em que mantém um emprego como carpinteiro. Em meio a tudo isso, conhece a bela e inquieta Maria Lúcia (Ísis Valverde), filha de um senador (Marcos Paulo), por quem se apaixona loucamente. Os dois começam uma relação marcada pela paixão e pelo romance, mas logo se verá em meio a uma guerra com o playboy e traficante Jeremias (Felipe Abib), que coloca tudo a perder. (Fonte)

Eu fui uma adolescente movida ao som de Legião Urbana. Era daquelas fanzocas mesmo!!! Ouvi todos os discos e tenho minhas músicas prediletas, dentre elas, Faroeste Caboclo. 
Lembro que quando tinha doze anos, ficava sentada na mesa de intervalo na escola, fazendo competição com os garotos para ver quem conseguia cantar a música inteira e sem errar. Era um desafio que levava a sério, e um dos motivos que me fez decorar essa música ao ponto de saber continua-la independente de onde começar a cantar.

Pense que felicidade e que medo senti quando soube que iam lançar esse filme. Tenho essa música como uma grande referência da minha juventude, e fiquei louca com a possibilidade de ver isso numa tela grande.
Mas vamos ver o que achei?

Para mim, o filme é uma releitura. Enquanto a canção leva um bom tempo descrevendo com calma os trajetos de João enquanto adulto, e sua personalidade quando criança, o filme vem falar mais dele depois de crescido e do relacionamento conturbado que ele teve com Maria Lúcia, personagem que você sabia que existia na canção, mas não era grande coisa. Se isso me deixou contente? Bem, tentei encarar como uma releitura, e não como uma adaptação fiel, e funcionou. 

O filme tem a cara dos filmes brasileiros: Sangue, Morte, Tiro... Blá Blá Blá! Mas tudo bem, porque a vida de João foi cercada disso mesmo. Era como ver um filme de Tarantino, só que com um cenário mais típico nosso. 

Confesso que tinha uma concepção diferente de João. Achava que ele era sim um resultado de uma vida sofrida, mas também o achava malandro, um garoto que foi obrigado a ser malandro para sobreviver. Não que o João do filme não seja malandro, mas é um malandro diferente. Na verdade, todo o tempo em que assistia, eu sentia pena de João, e não tinha esse sentimento com a música. 
Algumas ações dele são explicadas, e outras você realmente culpa as primeiras. João é um resultado de uma vida marginalizada. O ator Fabrício Boliveira segurou com gosto esse personagem, e esta fabuloso!

Já Maria Lúcia... Putz! A Ísis está com uma interpretação bacana, mas só isso me convence. No filme ela é uma estudante de arquitetura e filha de um senador. Fuma maconha, é meio perdida da vida até conhecer João. Ela começa o filme muito bem, com uma presença bacana, mas lá pro meio do filme a personagem se perde, e fiquei bastante chateada com isso. Ainda assim, entendi um grande mistério da música: Porque diabos Maria Lúcia se casaria com o inimigo de seu grande amor?? (Sacada boa!)

Já Jeremias, interpretado por Felipe Abib, mereceu todos os meus sorrisos. O personagem é bem construído e o cara interpreta com maestria. Eu também entendi perfeitamente esse personagem. Aliás, o filme é tão bem escrito que explica com clareza as ações de todos os personagens ao ponto de eu amar todos, inclusive os vilões. Acredito que o vilão maior nessa história seja o sistema brasileiro em si. 

Os outros personagens estão muito bons também, principalmente Pablo. Nossa, nunca tinha gostado tanto desse primo como gostei no filme! 

Enfim, o filme ficou bom, muito bom mesmo!!!! 
A preparação de elenco é assinada por Sérgio Penna, e o cara é um danado no que faz. Ele consegue tirar o melhor do ator. 
A direção de arte também esta fabulosa! 

Palmas duplas para esse filme! Fico feliz em dizer que é uma produção brasileira sobre uma produção brasileira.