Oi gente! Hoje é dia de postagem do Clube das Blogueiras Escritoras!
Fiquei muito feliz com os contos que foram publicados esse mês, e acho que vocês deveriam dar uma chance para conhecer cada um deles pelo mundo da blogosfera.
O tema do mês foi continuação de contos de fadas, que chamamos de "Era uma vez e depois disso, talvez..."Vamos conhecer?
ERA
UMA VEZ, OUTRA VEZ...
Era
uma vez... Felizes para sempre... Contos de Fadas? Isso não era o tipo de coisa
que Estela acredita; ela é prática e racional. Se algo que dizem que existe
pode ser provado pela ciência, ela acredita se não... Definitivamente não a
convencerá.
Ao
olhos de Estela, sua mãe; a quem todos conheciam por Bela, foi deixada por seu
pai, e ficou a cargo de sua mãe sua criação e educação. E se uma mulher
extraordinária como foi sua mãe, foi deixada pelo homem a quem ela achava que
amava, os finais felizes e viveram felizes para sempre dos contos de fadas não
passavam de mera enganação, uma ilusão que fazia as meninas acreditarem desde
cedo que encontrariam seu príncipe encantado.
Numa
manhã chuvosa e fria, enquanto se dirigia para o trabalho, Estela tropeçou em
um objeto estranho. Era uma caixa e ela tinha um formato sextavado, cada lado
possuía uma data, e cada data remetia a uma época em que sua mãe viveu ao lado
do seu pai. Isso não estava escrito no objeto, Estela apenas fez uma breve
comparação... Cismada com tal objeto, ela o colocou na bolsa e seguiu sua
rotina; esquecendo-se do objeto que tinha acabado de tropeçar.
Dias,
e depois semanas se passaram desde que Estela se deparou com aquele estranho
objeto. Mas um dia, enquanto estava em sua mesa, no meio de um trabalho que
exigia muito de sua atenção, algo começou a tremer em sua bolsa. Desperta de
sua concentração pelo barulho, Estela até pensou em parar para atender, o que
pensava ser, seu celular só que decidiu ignorar e retornar a ligação mais
tarde.
Por
volta da hora do almoço, mesmo relutante em deixar o que fazia, Estela optou
por um lanche rápido a ir a um restaurante, e no prédio em que trabalha desceu
para a lanchonete. Sentado à mesa a sua frente, tinha um homem que ela nunca
tinha visto antes, boa fisionomista como era, ela tinha certeza que no prédio
ele não trabalhava, pois conhecia a maioria das pessoas que ali passavam a maior
parte de seus dias. Porém esse homem não tirava os olhos de Estela, como se a
tivesse estudando, analisando... Estela sentia como se sua intimidade estivesse
sendo invadida, como se aquele homem de alguma maneira estivesse ali por causa
dela. Acabado a hora do almoço, voltou para o que estava fazendo, pois
precisava entregar toda papelada até o final do dia.
Já
era noite quando Estela finalmente pode voltar pra casa, e enquanto se arrumava
lembrou que seu celular havia tocado, e resolveu retornar a ligação. Quando
abriu a bolsa e pegou o telefone, viu que não havia ligações nele, mas algo ao
lado dele estava remexido, tirando viu que a tal caixa que havia jogado lá
outro dia que havia mexida.
Ela
sentou-se em sua cadeira, tirou o objeto de dentro da bolsa e foi analisar,
agora com calma do que se tratava. Abriu seu tampo, e para sua surpresa, dentro
dele algo estava escrito, como nos contos de fadas, num pequeno espelho no
fundo. Aproximando-se leu a seguinte frase: “Só você, e somente você pode mudar
o passado.” Intrigada e incomodada com aquilo, ela jogou novamente a caixa
dentro da bolsa e se preparou para ir embora. Quando chegou ao térreo, o que
antes era uma impressão, agora virou medo, pois o homem da hora do almoço
estava parado do outro lado da rua e quando a viu veio em sua direção.
-
Recebeu o aviso? Tudo depende de você, e se você não aceitar; o que é para
sempre será. Dizendo isso o estranho virou as costas e sumiu.
Uma
arrepio de frio e medo percorreu as costas de Estela, ela queria correr, mas
suas pernas não saíram do lugar, ela queria gritar, mas sua voz ficou entalada
na garganta, foi só depois de alguns segundo, que pareceram horas, que ela
conseguiu esboçar alguma reação e caminhar até seu carro e ir para casa.
No
outro dia, porém em horário diferente, a caixa em sua bolsa mexeu novamente, e
quando Estela abriu seu tampo, leu a mesma frase, mas algo havia sido
acrescentado: “Só você, e somente você pode mudar o passado. Basta dizer: Eu
aceito.”.
O
que antes a intrigava, agora era um misto de medo e curiosidade. O que
aconteceria se ela disse a palavra? E se não dissesse, o que não aconteceria?
Afastando esses pensamentos Estela voltou ao trabalho, no final do dia quando
saía do prédio, o mesmo homem da noite anterior estava lá a esperando, caminhou
até ela e disse:
-
Você já teve duas chances de mudar o passado, haverá apenas mais uma. Se você
quiser ver como as coisas poderiam ter sido, diga o que o espelho manda.
Virando
as costas ele caminhou e sumiu novamente.
Quando
chegou em casa, e curiosa sobre tudo que vinha acontecendo, Estela optou por um
banho bem quente e um livro. Escolheu a esmo um livro sobre vampiros, vampiros
não são seres que vivem suspirando pelos cantos, nem morrendo de amores por
ninguém, pelo menos era assim que Estela pensava. Mas mesmo que ela tentasse se
distrair o misterioso homem e a estranha caixa não saíam de sua cabeça, uma
pergunta martelava em sua cabeça: Que estranha relação ambos possuíam? Curiosa
e impressionada demais com o que estava acontecendo, Estela abandonou o seu
livro, sem nem mesmo começar a lê-lo, foi até seu quarto e retirou a caixa da
bolsa.
Abrindo
a tal caixa, Estela começou a visualizar pessoas dançando através do espelho,
mulheres em vestidos como nos contos de fadas, e homens em ternos. Aquilo tudo
era muito surreal, esse tipo de coisa não acontece no mundo que ela esta
acostumada a viver e que criou para si. Atribuindo tudo isso ao cansaço pelos
últimos dias de trabalho, que foram exaustivos, estela optou por fechar a caixa
e ir dormir.
Era
sexta-feira, apesar de gostar do seu serviço, Estela achava que não havia nada
como chegar à sexta-feira e ter as suas energias recarregadas no final de
semana. Ao contrário dos outros dias, o tal home misterioso esperava pro Estela
no inicio da manhã, na porta do edifício onde ela trabalhava. Quando o viu, ela
bem que tentou diminuir seus passos, e mentalmente procurou outra entrada, mas
aquela era a única. Munida de toda coragem, que naquele momento não possuía,
ela foi em direção à entrada.
-
Já se decidiu? Não temos muito tempo. Dizendo isso, novamente o estranho deu as
costas e ia saindo. Mas Estela o pegou pelo braço dessa vez.
Pela
primeira vez ela pode ver como o tal homem era de fato; cabelos escuros e olhos
verdes o davam um ar encantador, e ao mesmo tempo sério. Ele tinha um ar de
quem vivia na realeza, mas sabia da simplicidade das coisas da vida. Se acreditasse,
ela poderia dizer que ele se parecia a um príncipe.
-
O que é tudo isso? Por que eu? O que depende tanto de mim? _ Eram inúmeras
perguntas que permeavam a cabeça de Estela, mas ela só conseguiu pensar nessas.
-
Está curiosa ou preocupada? Diga se sim e venha comigo. Você terá até o final
do dia, e quando eu voltar precisarei que tenha se decidido. _ dizendo isso e
se desencilhando das mãos de Estela o estranho caminhou e logo sumiu da visão
de Estela.
Estela
bem que tentou, mas foi impossível se concentrar no trabalho durante o dia
todo. A parte da manhã ela pegou a caixa e ficou fitando-a e tentando
decifrá-la de todas as maneiras, sendo todas em vão. A parte da tarde ela só
pensava em dizer “não” ao tal homem, mas algo dentro dela dizia que se ela
fizesse isso, algo nunca mais poderia ser mudado. E foi pensando um dia inteiro
que Estela tomou sua decisão.
Por
volta das cinco e meia da tarde, Estela juntou suas coisas e decidiu dar o dia
por encerrado mais cedo. Pegou sua bolsa e de dentro dela tirou a tal caixa que
tanto a assombrou por esses dias. Chegando a calçada o homem, que agora ela já
nem achava mais estranho, já a estava esperando.
-
Decidiu-se? Quando mais demorar, menos tempo terá, e talvez nada mais possas
ser feito.
-Decidi-me,
farei oque o espelho manda. _ Estela disse tentando transmitir firmeza na voz.
– Só preciso ir até a minha casa e deixar algumas coisas nos seus devidos
lugares e aí vou com você onde quer que seja. Como já sabe bem da minha rotina,
deve saber onde moro, se quiser pode vir comigo.
Dessa
vez foi ela quem deu as costas e foi em direção a seu carro.
Chegando
em casa, ela alimentou seu gato e deixou ração suficiente no comedouro para
alguns dias, pediu a sua vizinha que desse uma olhada em sua casa porque ela
faria uma viagem. O tal homem sempre a observando a distância. Com tudo
organizado, e seu gato alimentado; Estela perguntou ao tal homem o que fariam.
-Pois
bem Estela, a primeira coisa que precisa saber é que depois que passarmos pelo
portal, você estará numa terra estranha da qual sempre fez parte, mas nunca a
quis, e que apesar de não parecer tudo é muito real, sua descrença pode
prejudicar as coisas. Procure pela verdade dentro de você, e tudo será mais
fácil.
-
Ok! Podemos ir? Qual nosso meio de transporte? Preciso levar alguma bagagem?
Quantos dias vou ficar?
-
Calma... Uma coisa de cada vez. Basta dizer oque o espelho mandou e tudo se
resolverá por si só.
-
Eu aceito!
Dizendo
isso, tudo em volta deles viro um borrão, e ambos foram tragados para dentro da
caixa na mão de Estela. Quando deu por si, estavam num mundo completamente
diferente, com roupas e sapatos que não pertenciam a ela. E o tal home
misterioso, estava a sua frente, num belo traje de príncipe, e com a mais bela
carruagem a espera deles.
Incrédula,
mas ao mesmo tempo encantada com o que ia, Estela formulou todas pergunta
possíveis; mas se adiantando o príncipe disse:
-
Depois, agora precisamos salvar o casamento de sua mãe?
“Casamento
da minha mãe? Salvar?”, Foram as duas frases que Estela consegui pensar.
Aceitando a mão que o príncipe oferecia, ela entrou na carruagem e aceitou a
mão que lhe foi estendida.
Por
todo percurso, foi explicado a Estela como sua mãe, Bela, conheceu a Fera. Ela
sabia essa estória de trás pra frente, porque sua mãe sempre a contou quando a
fazia dormiu, mas saber que essa estória era a estória de seus pais era
diferente. E saber que o seu pai nunca as abandonou, mas sim os mandou para
outro mundo a fim de proteger Bela e Estela da feiticeira que o transformou,
porque ela havia prometido que quando Bela e Fera tivessem um filho o mesmo
teria o destino que o pai teve, e sabendo como sofreu o pai não quis isso para
a filha, enviando mãe e filha para um mundo distante.
Assim
como no conto de fadas, que já nem era um conto mais... A Fera estava muito
doente, desde que enviou Bela e a filha deles para vierem no “mundo real”, e a
incredulidade de Estela, só o fazia piorar. Depois que se separou de Bela, o
tão belo príncipe, voltou a sua forma de Fera. E sua vida se esvaía, dia após
dia.
Sabendo
de tudo, e mesmo atordoada com essa nova realidade, tudo em Estela gritava pro
tudo que sempre acreditou, mas outro lado sabia que era verdade, e que a vida
de se pai que um dia esteve nas mãos de sua mãe, agora estava nas dela. Por
mais que ela pedisse, a carruagem não ia além da velocidade que o cavalo podia
correr. Foi quando, várias andorinhas pegaram a carruagem, e como num passe de
mágica, Estela, príncipe e carruagem estavam voando em direção ao castelo de
seu pai.
Quando
chegaram e Estela olhou ao redor, era tudo igual ao que sua mãe narrava todas
as noites. A primeira coisa que chamou atenção de Estela, foi o jardim de
rosas, não era de se admirar que sua mãe tenha se encantado pelo lugar. Era
tudo simplesmente lindo.
Na
porta do castelo uma mulher a esperava. Seu vestido amarelo, os cabelos
castanhos e os grandes olhos faziam dela uma mulher difícil de não se
reconhecer. Como uma criança que vai pela primeira vez a Disney, e vê os atores
que interpretam seus personagens favoritos, assim estava Estela ao ver sua mãe
parada na porta. Correndo em sua direção, ela primeiro pensou em ficar brava,
pois sua mãe havia dito que passaria uns dias no interior na casa de uma amiga,
mas a primeira pergunta que fez foi:
-
Onde está meu pai? Como ele está?
Até
aquele momento, Estela não havia tido dimensão do quanto àquelas palavras
fizeram falta em sua vida. E o quanto ansiou por dizê-las.
Oferecendo-lhe
a mão, Bela a puxou para um forte abraço, e a levou até onde seu pai estava.
Ainda
em forma de Fera, ele temia pela reação de sua filha, mas esperou por esse
momento por longos 20 anos, e não via a hora de em fim conhecê-la.
Chegando
a porta do quarto onde a Fera estava Bela parou por um segundo e explicou a sua
filha o estado de seu amado, ressaltando que ele requeria cuidados, e que não
poderia sofrer fortes emoções; coisa que elas sabiam que seria impossível, mas
pediu Estela que não demostrasse nem rancor, nem incredulidade, que sempre
foram suas marcas por toda vida. Dito isso, Bela deu sinal ao mordomo que
abrisse a porta.
Receosa,
cuidadosa, mas tomada de uma forte emoção, Estela dirigiu-se até a cama onde
seu pai estava. Ao ver a filha adentrando a porta, Fera foi tomada por tamanha
felicidade, que se levantou e contrariando tudo que todos pensavam, sua melhora
foi instantânea, e ali mesmo na frente de todos, sua forma de Fera foi
substituída pelo belo príncipe que sempre foi.
Como
Estela acabara de completar seus 20 anos, o feitiço lançado sob ela não mais
valeria, Fera explicou a esposa e a filha o que poderiam fazer a partir dali.
Estela disse que preferia viver nos dois mundos, indo e vindo sempre que
possível, enquanto Bela viveria com seu amado.
Para
comemorar a volta se sua filha e esposa para casa, naquela noite foi oferecido
um baile no castelo como há tempos não se via. Vestida como uma princesa, que
de fato era Estela desceu as escadas num lindo vestido branco, seus cabelos
castanhos, parecidos cm os da mãe, estavam soltos, e emolduravam seu rosto
delicado. Ao pé da escada o tal home misterioso, a esperava. O fato de saber de
onde veio tão encantador homem, não o deixou menos enigmático.
Mas
isso... ah isso para um outro Era Uma Vez.....
Eykler Simone Da Mota Daniel
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