.jpg)
"Assustador!"
Sinopse: Ano 634 d.F. (depois de Ford). O Estado científico totalitário zela por todos. Nascidos de proveta, os seres humanos (pré-condicionados) têm comportamentos (pré-estabelecidos) e ocupam lugares (pré-determinados) na sociedade: os alfa no topo da pirâmide, os ípsilons na base. A droga soma é universalmente distribuída em doses convenientes para os usuários. Família, monogamia, privacidade e pensamento criativo constituem crime. Os conceitos de "pai" e "mãe" são meramente históricos. Relacionamentos emocionais intensos ou prolongados são proibidos e considerados anormais. A promiscuidade é moralmente obrigatória e a higiene, um valor supremo. Não existe paixão nem religião. Mas Bernard Marx tem uma infelicidade doentia: acalentando um desejo não natural por solidão, não vendo mais graça nos prazeres infinitos da promiscuidade compulsória, Bernard quer se libertar. Uma visita a um dos poucos remanescentes da Reserva Selvagem, onde a vida antiga, imperfeita, subsiste, pode ser um caminho para curá-lo. Extraordinariamente profético, (SKOOB)
Tenho esse livro há mais de um ano, mas só por esses dias resolvi tirar da estante para ler. Precisava de uma distopia, por mais mais difícil que fosse de acompanhar, e acreditem, o começo desse livro é de fazer qualquer cristão desistir. Mas coloquei ele na minha vida como meta de leitura, e assim consegui passar da parte chata e chegar na parte divertida, só que não tanto.
Acontece que Admirável mundo novo não tem partes divertidas, nem romantismo.
Ele é um livro linear exatamente como a maioria de seus personagens. A ideia do livro é tão absurda e inquietante, que não há como se manter distanciado do que se passa, mas também não tem como se envolver com o enredo pelo absurdo dele.
Depois de ler esse livro, percebi como a maioria das distopias hoje em dia tem um pé em livros como esse. A série Destino e a série Delírio se assemelham na questão da criação da ideia e de mundo distópico Acredito que por ser um dos livros mais antigos na categoria, AMN criou uma legião de seguidores que acharam que poderia escrever uma historia que fosse tão incomum quanto essa, mas com personagens mais marcantes, e justamente ai que se encontrou o erro deles. Não tem como ter personagens marcantes quando o mundo esta tão pateticamente mecânico como nesse livro.
O mundo de AMN é totalmente isolado de sentimentalismos e cheio de imposições feitas as pessoas desde o seu nascimento. Não se sabe o que são pais ou Deus ou qualquer coisa que hoje é do nosso senso comum. Eles são criados por laboratório e crescem em lugares onde todos ficam juntos, e pelo método da repetição aprendem coisas que devem temer e coisas que devem fazer.
Pode parecer confuso ou simples demais eu dizendo assim, mas é muito absurdo. Sério!
Exemplo... Sexo é comum entre os personagens - que logicamente não se casam - contudo, ser promiscuo é fazer sexo com uma pessoa só. Eles aprendem desde cedo que tem que transar com o maior número de pessoas possíveis.
Eles aprendem desde cedo que quando uma coisa quebra, ela deve ser trocada, e nunca consertada. Isso apoia o consumismo absurdamente! É como se uma televisão passasse a mesma propagando todos os dias por anos vendendo o mesmo produto. As pessoas compram compulsivamente, e isso também é a coisa certa a ser feita.
A ideia do livro é muito louca e muito boa! Absurdamente boa!
Acho que em questão de filosofia de enredo, essa é a melhor distopia que já li! Ela é bem tramada, bem amarrada, única. E qualquer distopia que venha depois, é simplesmente uma copia genérica de AMN em uma perspectiva mais apaixonante.
Meu problema com esse livro foi a forma como o autor desenvolveu o enredo. Isso me abusou completamente!
Não falo de personagens aqui porque a maioria deles são tão complexos e parecidos, que seria perca de tempo falar sobre pequenos robôs que agem por impulso mecânico e não tem noção de liberdade de pensamento.
Claro que todo livro distópico tem alguém incomodado com o mundo em que vive, e nesse caso é Bernard. Mas mesmo o nosso pseudo protagonista, não é totalmente contra o sistema. É como se ele parasse para pensar em tudo, mas logo depois fosse fazer exatamente o que o sistema manda porque ele não conhece outra forma de fazer. Então é um personagem que começa bem, mas que a partir do ponto onde conhece John, ele se apaga.
Já John é um selvagem, ou seja, foi criado num lugar onde crianças nascem e pessoas se casam. John sabe ler, e tem muito livros de romance. Adora Shakespeare e acha um absurdo a foma como as pessoas vivem nesse mundo quando ele se vê obrigado a viver perto deles.
É como se fosse aquela teoria de um estranho no ninho. Ele não sabe como agir e tem raiva disso. Na verdade é um personagem enfurecido por vida!
AMN não é um livro com final. Li algumas vezes para ver se tinha algo escondido entre as letras, mas não tinha. Ele é simples, duro, acessível fisicamente, mas inacessível psicologicamente. Não conseguia acreditar que um livro não tivesse um final que pudesse ser legal para uma distopia, e com isso não quero dizer feliz.
Jogos Vorazes termina de forma calma, mas não feliz, e achei genial!
AMN termina com uma cena sem pé nem cabeça, e apesar de ter achado plausível depois de ter pensado sobre ela, ainda me incomodou. Na verdade é um livro que choca absurdamente porque lhe tira da sua zona de conforto.
Acredito que o autor quis transparecer que nem sempre um final precisa ser uma final. O mundo continuaria o mesmo, as pessoas continuariam as mesmas independente se um estranho tivesse entrado em suas vidas ou não. Elas foram condicionadas a isso, e mudar uma condição desse tipo, é muito complicado. Compreendi, mas me chateei.
A narrativa é tensa!
O livro começa com uma explicação de como funciona o nascimento e condicionamento das pessoas nesse novo mundo. Depois ele passa para um capítulo que mais lembra um roteiro de cinema, ou seja, ele reversa de ponto de vista dentro do mesmo texto como se fossem cortes de cenas - Foi confuso, mas maravilhoso! - E por fim temos Bernard narrando e depois John e depois a coisa fica séria!
Com conversas altamente filosóficas sobre Deus, sobre as pessoas e o mundo, AMN veio com uma proposta de inquietação para a humanidade, ao mesmo tempo que é um tipo de sátira ao consumismo e a influência que pode ter uma mídia no desenvolvimento de um caráter.
É uma leitura difícil a beça porque você não se apega aos personagens, e aposto que isso foi proposital do autor, mas vale super a pena ler para quem gosta de distopias e quer ver como funciona a filosofia da maioria delas. Recomendo demais!
