[Filme] O Jogo da Imitação






Sinopse: Esta biografia de Alan Turing (Benedict Cumberbatch) acompanha sua ascensão no mundo da tecnologia, quando seus conhecimentos inestimáveis em matemática, lógica e ciência da computação contribuíram com as estratégias usadas pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, este homem tinha diversos conflitos com sua própria homossexualidade, buscando soluções de cura, e vindo a cometer suicídio em 1954.




Olha, eu sou completamente suspeita para falar de qualquer filme onde Benedict Cumberbatch atue como protagonista. Todo mundo aqui sabe que minha paixão por ele apareceu depois do seriado Sherlock, e desde então vejo passarinhos sorridentes cada vez que assisto um filme onde ele esteja, ou escuto a voz deliciosa do dragão em O Hobbit. Ainda assim tentarei colocar esse amor de lado para falar de O Jogo da Imitação, um dos filmes indicados ao Oscar desse ano. 

O filme é biográfico e vai contar um pedaço da vida de Alan Turing, um famoso matemático que até então eu só conhecia através das falas de Sheldon Cooper em The Big Bang Theory. 


O período é durante a segunda guerra mundial, quando os alemães estavam tomando toda a Europa, e tinham criado um tipo de código secreto de conversação através de uma máquina chamada Enigma. 

Alan entra na história quando a inteligência militar do governo inglês propõe que um grupo dos melhores matemáticos do país tentem desvendar a forma com a qual eles se comunicam, para que possam ser interceptados. O grande problema é que eles sempre vão estar atrasados quanto a desvendar tais códigos, já que em vinte e quatro horas, tudo muda nos parâmetros do significado, e o que eles ouviram no dia anterior deixa de valer.  Esse torna-se o problema do grupo de estudiosos: o tempo deles era humano, enquanto o tempo da máquina Enigma era altamente mais evoluído. 


Alan surge com a ideia de criar uma máquina para desvendar os significados do código da outra máquina, e trabalha nisso como se não existisse mais ninguém ao redor. Inclusive provocando a ira dos outros homens do grupo, pelo isolamento e por nenhum deles acreditarem que aquilo daria certo. 

Então nós acompanhamos a criação dessa máquina e tudo o que Alan passa por causa dela. De se tornar responsável pelo grupo, recrutar mais pessoas, sendo uma delas Joan, a única mulher; e bater de frente com o chefe militar que é responsável por esse programa secreto. Isso do jeito delicado dele. 


Alan me lembra um pouco aqueles autistas que tem certos problemas com o social. Tudo o que envolva a sua matemática é algo que ele compreende, e tudo o que não envolva é dispensado, inclusive as pessoas. É mal educado sem nem notar que está sendo, e as vezes um isolado socialmente por não sentir necessidade de ser social, entendem? É na dele, e ainda assim consegue ser incrível. E como não elogiar a atuação delicada de Benedict nesse papel? Só louros para ele!

Alan era homossexual, um crime na época para os ingleses, com direito a prisão e tudo. Ou, no caso dele depois que o governo descobriu sua sexualidade, uma espécie de castração química. Foi um cara importante para o país por ter evitado mais mortes numa guerra que parecia perdida, e recebeu uma castração química como presente governamental. 


Joan, que é interpretada por Keira, entra na história por ser uma das melhores pessoas para matemática do grupo de Alan, mas que se vê presa nos moldes feministas sociais da época. Não tinham mulheres trabalhando nesse tipo de projeto porque mulheres não poderiam fazer essas coisas naquele tempo. Então Alan acaba interferindo nisso, tomando uma atitude para deixá-la próximo a ele, mas indo ao contrário de quem ele realmente era. Sério, tive dó dele nesses momentos, e depois o amei mais um pouco porque era um cara sensacional e humano. 

O governo não castrou Alan apenas por ser homossexual. Durante todo o filme nós vemos como ele ia sendo usado num joguete poderoso, que o colocava em cada situação de pura aflição. Hora jogava para alguém em prol de proteger o projeto, hora jogava para o outro lado, em prol de proteger quem amava. E por fim, quando não se fez mais necessário a eles, foi dispensado, e seu trabalho teve que seguir o mesmo curso, já que era um projeto secreto. 


Se teve algo que não gostei muito, apesar da sensibilidade com a qual o diretor tratou, foi o final. Tipo, sei que é biográfico, e que aquele simples apagar de luzes teve muito mais significado do que somente um apagar de luzes. Ainda assim eu senti como se tivesse cortado meu cordão umbilical com a história muito rapidamente. Fiquei dois dias de ressaca porque o filme tem essa intenção, e porque não é possível que eu esnobe a ideia de colocar Benedict no colo depois daquele final. Só amores por esse homem!

O Jogo da Imitação está concorrendo ao Oscar em oito categorias. Dentre elas estão: FILME, DIRETOR, ATOR, ATRIZ COADJUVANTE, ROTEIRO ADAPTADO, EDIÇÃO, DESIGN DE PRODUÇÃO E TRILHA SONORA. Infelizmente dentre as opções que ele está, não boto muito fé em quase nenhuma, mesmo que ache que Benedict tenha trabalhado tão bem quanto Cooper em Sniper Americano ou Redmayne em A Teoria de Tudo. São atuações completamente diferentes, e cada um com seu grau de importância. Então acho que ai vai da Academia em escolher o que melhor convém para eles este ano. Não acho que Keira ganhe com coadjuvante por conta das outras concorrentes, e nem vi nada muito expressivo dela nesse filme. Diretor eu ainda aposto no de Boyhood. O roteiro é coisa de gênio, mas ele vem junto com A Teoria e Sniper, que são concorrentes de peso. De edição é complicado porque tem um filme de guerra no meio, sem contar que Boyhood tem uma puta de edição. Design de produção não rola, não com Caminhos da Floresta e Grande Hotel Budapeste no meio. E trilha, só se for prêmio de consolação, mas a de Grande Hotel também é a melhor. 


Em resumo, até agora esse é meu filme predileto, mas os meus prediletos quase nunca são os prediletos da maioria. E esse ano a disputa está complicada porque existem muitos outros filmes que seguem um padrão de amor da Academia. Então mesmo que seja a minha paixão cinematográfica do ano, não acredito nas chances dele nessa premiação. Mas como sempre digo que o Oscar é uma questão política e de agradar a todos, pode ser que ele ganhe um prêmio de consolação, como citei acima. De fato merece, mas nem sempre a vida é justa.


O Jogo da Imitação é uma puta filme biográfico bem feito, mostrando os problemas sociais de uma época opressiva, e de um cara muito foda jogado naquilo, que foi uma espécie de herói para os europeus, e que morreu sem o reconhecimento disso. Você tem aqui muitos motivos para assistir ao filme, e poderia dar muitos outros até que vocês se convençam a vê-lo.