Autor: Robert James Waller
Editora: Única (Cedido em Parceria)
Adicionar: Skoob
Sinopse: As Pontes de Madison - O ano é 1965, e a cidade de Iowa, interior dos Estados Unidos, parece estar ainda mais quente nesse verão. Francesca Johnson, uma mãe de família que vive uma vida pacata do campo, não espera nada além dessa temporada do que o retorno dos filhos e do marido, que viajaram. Sua tranquilidade, porém, será interrompida com a chegada de Robert Kincaid, um fotógrafo de espírito aventureiro que recebeu a missão de registrar as belíssimas pontes de Madison County.Francesca e Robert comprovaram para o mundo que o valor das coisas está realmente na intensidade que elas carregam e não no tempo que duram. Casada, mãe, Francesca não deveria ter sentimentos tão fortes por esse fotógrafo. Assim como ele, um homem tão livre, nunca se viu tão preso a alguém que acabou de conhecer. E é justamente assim que as paixões intensas funcionam: é como ser atingido por um raio quando menos se espera, e, de repente, seu corpo e sua existência estão preenchidos de energia, sem ter como voltar atrás para o estado anterior. E perdemos todo e qualquer pudor ao ver que é possível, uma vez mais, encontrar espaço para dançar.
As pontes de Madison dá voz aos anseios de homens e mulheres de todo mundo e mostra, por meio desse encontro fortuito e avassalador, o que é amar e ser amado de forma tão ardente que a vida nunca mais será a mesma.
Foi com muita desconfiança que comecei a ler As Pontes de Madison. Na verdade eu já estava receosa antes mesmo de pedir o livro para leitura. Tenho lembranças recentes e deliciosas do filme, graças a indicação de uma amiga linda que me mostrou a maravilha que ficou essa adaptação. Mas lendo o Sobre a Escrita, do King, fiquei realmente com medo de ler o livro do qual o filme se baseou. King não vê As Pontes de Madison com bons olhos. Na verdade, ele tem uma ideia bem fraca do que é esse livro.
Contudo foi depois de finalmente ter lido o livro e derramado muitas lágrimas sinceras, que pensei como essa questão de gosto é singular para cada um. Não sou dada a romances românticos em demasia, e exatamente por isso gostei tanto de As Pontes de Madison. Também não me liguei na parte técnica da escrita, como o próprio King pareceu atentar. É um livro, e comigo ele cumpriu exatamente o que deveria: Me emocionou e me fez pensar em algumas coisas da minha própria vida.
Não vou me atentar a sinopse porque ela é bem simples, e provavelmente vocês já viram o filme - se não viram, tratem de ver! Conta a história de um fotógrafo que esta fazendo um trabalho para a National Geografic, fotografando pontes em Madison. Só que ele se perde na busca de uma delas, e acaba parando para pedir ajuda em uma fazenda, onde conhece Francesca, que está sozinha porque o marido e os dois filhos foram para um festival de algo relacionado a bichos em outra cidade e vão passar a semana por lá.
Francesca oferece acompanhar Robert até a tal ponte, e esse é marco divisório entre um estranho pedindo uma informação, e um estranho tomando todo o corpo e alma dela. Não é preciso ser gênio para adivinhar o que vem em seguida, não é?
É muito difícil falar de um livro que a gente acaba gostando muito. Eu me identifico absurdamente com essa história desde que vi o filme, e com o livro esse amor só aumentou. É nele que conhecemos os pensamentos dos dois protagonistas e que entendemos o que esse amor repentino e forte deles foi capaz de fazer.
Talvez o autor tenha pecado em algo muito sutil, que foi as sensações que um causou no outro desde o primeiro momento. Ficou aquela impressão de amor a primeira vista, com direito a choques ao encostar e brilhos inexistentes. De algum modo isso me fez lembrar esses livros mais recentes onde os autores transformam o primeiro encontro dos protagonistas em uma explosão digna de clipe da Katy Perry, quando a vida é muito mais pé no chão do que isso.
Contudo se encararmos pelo lado mais animal da coisa, até que não incomoda tanto. Uma mulher sexualmente frustrada, e um casamento cheio de rotinas que ela odeia. Um homem que vive na estrada e que só quer um pouco de lar. Robert dá a aventura que Francesca sempre quis, e em troca ela lhe mostra o que é ter um lar. Um lugar para onde voltar.
O problema é que a mulher é casada e tem dois filhos adolescentes. E ela se coloca naquele impasse que qualquer mulher se colocaria: Ficar no casamento enfadonho e infeliz, mas continuar com sua família, ou ir atrás da paixão surreal e maravilhosa que é Robert Kincaid e conhecer os confins do mundo que ela tanto quer? Pois é, decisão difícil. Muito.
Francesca diz algo durante esse dilema que eu penso igual. Robert se apaixonou por aquela mulher de uma semana, mas quem garantiria que ele continuaria a amando depois de um ano? E quem garantiria que eles não se odiariam pela culpa por ela ter abandonado um homem que lhe deu filhos e teto por alguém que conheceu em uma semana?
A briga interna dos personagens é o melhor dessa história. Ela é real e sincera, e aposto que muitas mulheres já passaram por situações parecidas. Pessoalmente não julgo nenhuma delas, e Deus me livre de ter que passar por algo parecido. É como se me perguntassem: "Você quer algo seguro e sem empolgação para o resto da vida ou arriscar viver intensamente, mesmo que seja só por um mês? Talvez se você tiver na casa dos vinte, vai querer a emoção. Mas depois que se tem filhos e uma certa idade, a estabilidade pesa muito mais. Essa é a situação da nossa personagem.
King pode dizer que o livro não o tocou, e eu entendo isso numa boa. Ele pode dizer que a narrativa é fraca e que o livro é pouco desenvolvido. Eu lhes garanto que ele me fez chorar em pelo menos três trechos, e não sou de chorar com livros. Não funcionou para King, mas me tocou de forma absurda, exatamente como o filme.
Nostalgia e uma agonia sufocante. Foi assim que fiquei ao terminar a leitura. Uma sensação de que nada podemos fazer em certas situações de nossas vidas, e uma outra bem forte de que nossa escolha faz toda a diferença. O importante é pensar que nossas escolhas não mudam apenas o nosso destino, mas o de todos os que nos cercam.
Um belo livro. Realmente um belo livro.