Autor: Ricardo Ragazzo
Editora: Planeta (Cedido em Parceria)
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Sinopse: No futuro, a Terra foi assolada por inúmeras guerras, o que dizimou 99% da população humana e transformou sua vida animal e vegetal. Boa parte dos seres humanos acabou confinada dentro dos muros de Prima Capitale, regida pelas draconianas regras do Supremo Decano. Por causa da rigidez do governo, todos os bebês nascidos no lugar precisam passar pelo crivo dos chamados cognitos, seres com poderes psíquicos capazes de prever o futuro. Caso, nesta visão, seja revelado que o novo cidadão cometerá um crime, sua sentença é a morte. Seppi Devone foi um desses bebês vetados. No entanto, sua mãe, Appia, consegue fugir com ela, livrando-a da cruel sentença. Elas vivem incógnitas numa comunidade no meio da mata e Appia cria sua filha como um garoto. Mas, quando Seppi completa 15 anos, o destino bate à sua porta e a garota terá de enfrentá-lo. Afinal, a adolescente é a única esperança que muitos oprimidos têm de se livrar do mal a que são submetidos pelo Supremo Decano. Irá ela abraçar essa sua missão?
Não é novidade para ninguém por aqui o quanto sou apaixonada por distopias e livros pós apocalípticos. É meu gênero predileto, e possivelmente porque gosto de ver como os personagens crescem dentro das histórias em mundos completamente desestruturados emocionalmente, e com certa estrutura bélica e/ou social.
Em Cidade Banida vemos um mundo que foi devastado por guerras, e que concentra seus núcleos sociais praticamente dentro da Prima Capitale. Existe uma estrutura hierárquica dentro dessa sociedade, e inserção de certos poderes sobrenaturais, graças a mutações sofridas pelos humanos e animais depois das guerras biológicas.
Um desses poderes, chega a ser uma certa premonição que determinados indivíduos tem. Esse poder em específico diz se uma criança nascida vai ser uma causadora de problemas no futuro. Essas crianças são exterminadas ainda bebês, e a família liberada para ter outro filho. A protagonista, Seppi, foi um desses bebês que deveriam ter sido descartados, mas graças a uma espécie de "profecia" sobre uma tatuagem em forma de borboleta, e de uma mãe guerreira, ela acaba sobrevivendo com a ajuda da resistência.
Seppi vai viver com a mãe fora de Prima Capitale, e assume o visual de um menino, para não chamar a atenção para elas. Vivem em paz por muitos anos, até que um dos drones da capital revela o paradeiro das duas, e Seppi consegue ajuda para fugir e cumprir o que está no destino dela.
Ok, de modo geral eu achei um livro divertido. Demorei bastante para ler, e até achei que o problema estava comigo, mas daí percebi que levei mais tempo para terminar Cidade Banida do que levei em um livro de 500 páginas. Foi quando entendi que tive problemas com a história. Ela não me prendeu o suficiente para me fazer gostar como poderia.
O início já tinha algo que me incomodava, mas não vou saber dizer exatamente o que era. A narrativa do autor não me era estranha, já que um tempo atrás cheguei a ler outro livro dele, em um gênero diferente, mas acredito que não senti uma interação entre a narrativa e o que estava sendo narrado, se é que me entende. Por vezes os diálogos me pareceram forçados, e as situações fáceis demais. Quando surgia uma problemática, a resolução estava logo na página seguinte, o que não deixa o leitor ávido por mais.
As emoções de Seppi eram facilmente manipuladas, como as reações dela aos acontecimentos. Ela não tinha períodos de negação com fervor, ou aceitação com crescimento. Oscilava muito entre uma coisa e outra o suficiente para parecer uma criança fazendo birra. Sem contar que os outros personagens jogavam nas costas dela responsabilidades irreais para a situação em que ela se encontrava. Não funcionou comigo.
Contudo, eu gostava muito das cenas de ação que o autor inseria. Eram praticamente seguidas, e não deixava muito tempo para respirar. Me senti assistindo um pouco de Star Wars com O Labirinto do Fauno - pela bizarrice visual de alguns personagens. Gostei dessas cenas, e da paisagem que existe nesse mundo.
Não curto muito quando os autores inserem essa coisa de poderes nos livros distópicos, a não ser que o mundo em que eles são inseridos, seja já um mundo onde existam tais elementos. Tipo, mesmo que seja possível que mutações aconteçam depois de guerras biológicas, não vejo os humanos com alguns dos poderes que existem em Cidade Banida.
De modo geral foi um livro que me agradou. Não como poderia ter agradado, fato, mas agradou. Tem elementos interessantes para quem curte fantasia, bem mais do que quem curte distopias, e termina de uma forma que pega o leitor para um próximo volume. Tem personagens interessantes, e um tecido visual bem bacana. Recomendo sim.