Autor: Truman Capote
Editora: José Olympio (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Reunião de contos inéditos, descobertos em 2013, na Biblioteca Pública de Nova York. Textos curtos e fortes, que já demonstram o talento para narrar histórias e a capacidade de empatia do autor, que se tornaria um dos mais importantes escritores do século XX com os emblemáticos Bonequinha de luxo e A sangue frio. Se os contos encontrados neste livro pudessem ser lidos como cinema, nos remeteriam aos filmes de Lucrecia Martel: as cenas são cotidianas e quase banais, mas ao entrar nas histórias, a sensação é de uma constante tensão. A atenção ao detalhe pareceria sem importância se não fosse um dos motores para sentirmos uma catástrofe iminente, que pode ser desencadeada a qualquer momento ou até não acontecer. De todo modo, ficamos muito próximos dos personagens e nos identificamos com eles, como se o autor tocasse na vida sem tentar explicá-la.
Citei na minha resenha anterior e volto a citar agora: Não sou uma completa apaixonada por contos. Tenho problemas sérios de apego a personagens que se vão em poucas páginas. Por isso não leio muito, e isso é uma falha minha. Falha que tentei amenizar ao solicitar esse livro de contos de um dos melhores escritores que já li, Truman Capote.
Apaixonei-me por Capote quando assisti ao filme sobre ele e o caso que baseou o escrito de seu livro A Sangue Frio. Tinha algo de encantador na forma realista com a qual o autor via e retratava os acontecidos. Depois disso acabei lendo alguns outros textos e o famoso Bonequinha de Luxo, e amei.
Mesmo com o pé atrás com esse livro por ser de contos, era de Capote, e esse nome tem um grande peso para mim. Apesar disso, e principalmente por isso, levei uma queda da alta expectativa que havia colocado nele. Não que o livro seja ruim, longe disso, mas não é o Capote o qual eu estava acostumada, e precisei de muito tempo para aceitar que esses contos eram dele, ainda que algumas características estejam bem visíveis durante a leitura.
Os contos são curtos, e muitas vezes deixa o leitor numa agonia tremenda por falta de continuidade. Não foi apenas uma vez que pensei que determinado conto daria um livro do caramba. Mas, como disse, isso é uma problemática que EU tenho com contos, não especificamente com essa reunião deles.
A visão realista e visualmente forte de Capote está ali, em cada conto - pequeno ou longo - do livro. As características emocionais de seus personagens, e aquela sensação de lar que suas paisagens e situações sugerem. É uma delícia entrar no mundo do autor, não tenham dúvidas disso. E acredito que, para um novo leitor de Capote, seja um bom modo de começar. Contudo ainda acho que um leitor mais assíduo de seus trabalhos vai ver um Capote mais cru, como autor iniciante. Vale lembrar que os contos foram escritos no começo de sua carreira, e que é meio lógico a imaturidade de escrita.
Deixo a ideia. Tem muitos contos delicinha, e outros nem tanto. Normal, nem Jesus conseguiu agradar todo mundo o tempo todo. Acho que a maioria dos leitores de contos por aqui vão curtir. É um puta escritor maravilhoso, e que sabe retratar com eficiência o cotidiano de maneira forte e simbólica.