Resenha de "A Máquina de Caminhar" (Cristovão Tezza)

Título: A Máquina de Caminhar
Autor: Cristovão Tezza
Editora: Record (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Por mais de seis anos, Cristovão Tezza assinou uma coluna de crônicas no jornal paranaense Gazeta do Povo, revelando a seus leitores uma nova faceta, a de observador fino e bem-humorado do cotidiano. Segundo livro saído da contribuição desse cronista tardio às páginas do jornal, A máquina de caminhar reúne 64 crônicas, selecionadas por Christian Schwartz e ilustradas por Benett, que comprovam a maestria do autor em extrair do circunstancial e do provisório pequenas pérolas literárias. Completa esta coletânea um saboroso ensaio sobre a crônica, com a marca do humor, em que Tezza faz uma brilhante análise de dois exemplos da pena de nosso maior prosador, Machado de Assis. A partir deles, procura definir as marcas deste gênero brasileiríssimo ao qual se dedicou de maneira quase acidental e de que este livro é uma bela amostra.

Quem já anda por aqui há algum tempo, sabe que contos e crônicas não são o meu forte. Talvez tenha mais problemas com contos do que crônicas, o que é engraçado, já que os contos são nada mais que romances curtos. Talvez a minha prolixidade me impeça de gostar deles. Enfim, hoje o tema são as 64 crônicas de Tezza nesse livro bacana que saiu recentemente pela Record.  

Escrever sobre um livro desses é bem complicado. Não pela complexidade da obra ou algo nesse estilo. O babado está mais em dizer do que se trata, e o que você achou de um conjunto de textos que as vezes não tem ligação alguma. Não sei para vocês, mas para mim é complicadíssimo. 

Posso dizer que esse livro reúne várias crônicas que o curitibano Cristovão Tezza escreveu durante anos para um jornal. Elas quase sempre colocam a cidade dele como ponto inicial, mais do que uma localização geográfica, e talvez por isso o capista tenha criado essa arte bacana, como o livro levado esse nome que tem tudo dos textos. A localização é respirável nessas páginas. 

Por serem crônicas, tem aquela característica do humor - as vezes negro - que são comuns no gênero. Como também uma leve crítica social a um momento histórico que o país esta vivendo, e isso é bem claro quando ele cita tais momentos, e por vezes dá ideias de como resolver situações aparentemente complicadas de forma bem humorada. 

Talvez a geografia seja o fio que une todas as crônicas do livro, e o fato do escritor ter um estilo bem característico de contar o cotidiano. Fora isso, são retratos curtos de situações que o Brasil, e o próprio Tezza - estavam vivendo, e uma bela reflexão sobre as consequências e motivos dos acontecimentos. 

O tipo de livro que você lê em várias sentadas, mesmo que seja curto, justamente por serem relatos de no máximo duas páginas. É fácil sentar, ler uma crônica, e pegar outra coisa que tenha uma linha um pouco mais longa de história. 

Apesar disso eu gostei bastante. Foi o livro perfeito para os que ando intercalando. Para tirar as tensões do dia e rir um pouco, e, quem sabe, para refletir que determinados erros do passado político do país, se repetem numa frequência inacreditável. Como dizia meu filósofo anarquista de sonhos, Renato Russo: Ninguém respeita a constituição, mas todos acreditam no futuro da nação."