Autor: John Darnielle
Editora: Record (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Bem-vindo a Forte Itália, um jogo de estratégia e sobrevivência. A primeira rodada já vai começar.Depois de sofrer uma lesão que desfigurou seu rosto, Sean Phillips passa a criar jogos em que desconhecidos podem viver aventuras maravilhosas e trágicas. Sua primeira criação é Forte Itália, um RPG no qual ele envia uma cena por correio, e o jogador responde com uma ação. Bem simples.
Mas o próprio Forte Itália, o objetivo final do jogo, com suas paredes labirínticas e sua promessa de estabilidade e segurança em meio a um Estados Unidos pós-apocalíptico, é inalcançável. Há apenas duas possibilidades: ou você continua em movimento, ou morre.
Esse é daqueles livros que provam que uma expectativa alta é a pior coisa que a gente pode ter. Em se tratando de pessoas, situações, filmes e, claro, livros.
Ouvi falar de Wolf in White Van tem alguns meses. A proposta era incrível e a cotação inicial dele estava bacana. Coloquei na lista de livros que deveriam vir para o Brasil, e antes mesmo que eu criasse a postagem falando sobre o assunto, eis que a Record lança por aqui. Pirei legal!
O livro fala sobre esse garoto, Sean, que sofre um acidente que o deixa desfigurado. Enclausurado em casa, ele cria um jogo de RPG chamado Forte Itália. Só que diferente dos jogos online, o Forte Itália é jogado por correspondência. Isso mesmo: Cartas! O jogador resolve participar, Sean envia a situação por carta, o jogador responde o que faria, e Sean volta dizendo o que aconteceu ao personagem com aquela ação.
Só que esse jogo gera um bocado de repercussão na vida do garoto. Tanto positiva, e aqui falo sobre a interação com pessoas que não o julgam pela aparência e que estão sobre o seu comando, quanto negativa, e a resposta emocional das pessoas inclusive em situações não reais.
Ler esse livro me fez pensar um pouco sobre a minha infância, quando ganhei meu primeiro video game. Um Master System III. Jogava o jogo da memória, que era o Alex Kidd. Eu ficava tão frustrada porque não conseguia passar da quarta fase, que chorava feito uma maluca. Chegou ao ponto de loucura que minha mãe proibiu que eu jogasse aquilo até ter maturidade de aceitar que nem sempre dá para ser bom em tudo.
Wolf in White Van veio no momento ideal para os leitores. Mesmo que Forte Itália seja um jogo por correspondência, e portanto muito mais lento do que os jogos de computador ou máquinas, ele ainda era capaz de influenciar os jogadores ao nível da loucura, por vezes. O controle de uma situação é uma coisa que vicia, e que os jogos podem proporcionar. Do mesmo jeito que podem tirar.
O livro só levou as quatro estrelas por conta dessa concepção geral. Do que o jogo representava para as pessoas que o jogavam, e para o próprio criador. Do que existe nas entrelinhas do que acontecia nesses núcleos, e de como podemos adaptar para nossos jovens viciados de hoje em dia.
A escrita do autor levou estrelas também. Quando ele esta narrando coisas da cabeça de Sean o negócio fica bonito. Ele sabe usar as palavras, só acho que se perdeu no "quando" usá-las nesse livro em específico.
Faz um jogo de mudança espaço-temporal que me deixou perdida em muitos momentos. Foi quando comecei a achar o livro muito cansativo e chato. Só me senti presa a ele por ser pequeno e pela ideia, ou teria abandonado. Entendi o que o autor pretendia, mas senti que ele não soube deixar transparente o que queria, e não sei se isso foi proposital. Se foi, não me atingiu da maneira que gostaria.
Tirando a lição que captei da loucura dos garotos que jogam, não sei o que deveria tirar desse livro. Não entendi de verdade o que levou Sean a sofrer esse acidente e ser desfigurado, e isso me deixou chateada. Entendi que esse acidente gerou certas necessidades no menino, e que ser desfigurado ajudou na reflexão do livro de maneira geral, mas me senti incomodada com a falta de alguns fatos, e explicação de outros.
Enfim, não rolou muito comigo, mas aposto que tem muita gente que achou incrível. É um desses livros que ou você gosta muito, ou vai se decepcionar um bocado.