Autor: Rodrigo Duarte Garcia
Editora: Record (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Os invernos da ilha é um livro de aventura, como não há no Brasil, que reúne um herói atormentado (e logo apaixonado), uma ilha fria e hostil escolhida como exílio (num convento misterioso), a descoberta de um diário de piratas (e, assim, a reconstrução de uma incrível história de corsários) e a busca por um tesouro escondido. Como diz Martim Vasques da Cunha no texto de orelha: Rodrigo já pertence à categoria dos mestres. Os invernos da ilha costura Wallace Stevens, Melville, Conrad, Patrick OBrien, os filmes de Indiana Jones, Os Goonies sobrando até mesmo para o compositor Rachmaninoff , com tamanha habilidade, que o leitor ficará atônito ao perceber que, no meio disto tudo, há a alegria de narrar uma verdadeira história.
Havia muito tempo que não lia um livro com uma desenrolar tão instigante. Ok, confesso que só consegui me sentir fisgada por ele depois de muitas páginas, mas talvez o problema tenha sido comigo, e não com ele.
Vamos conhecer o protagonista, Florian, que se encontra em um momento da vida que não sabe o que quer, para onde ir ou o que fazer (algo que eu estou vivendo no momento). E por isso resolve visitar um amigo, que é monge em uma ilha chamada Sant’Anna Afuera. Lá ele conhece o professor Phillipe, que está no lugar estudando o diário de um antigo corsário que supostamente deixou um tesouro na ilha. E essa relação dos dois faz com que Florian entre numa busca por esse tesouro, como também uma busca pessoal pela razão da sua vida.
O livro alterna os capítulos entre Florian e o corsário, Oliver Noort. As partes de Florian no começo são bem lentas, e as do capitão são ótimas. Na verdade eu meio que me encantei pelo cara. Tem aquele espírito aventureiro comum dos marujos daquela época. E é um dos temas que mais curto na literatura, apesar de não ter tantos livros nessa categoria. Do mesmo jeito que gostei de Florian (depois de algum tempo) pela melancolia de vida, que meio que equilibra a balança da estrutura narrativa.
Pode parecer que seja um livro meio infantil, sobre a caça ao tesouro e tal. Mas é impossível que o leitor se sinta dessa forma com a narrativa escandalosa de boa de Rodrigo Garcia. Faz tempo que não leio um livro de aventura com uma narrativa tão maravilhosa. Tem algo de clássico em sua escrita, e não estou dizendo isso para afastar o leitor. Muito pelo contrário. Só quero dizer que se você for mais descontraído irá gostar da aventura, e se você for mais clássico, irá curtir bastante a escrita. Se você for como eu, então irá se apaixonar de maneira geral.
O romance não fica de fora, ficando a cargo da médica da ilha, Cecília, e Florian. Juntos com os professor Phillipe, eles formam o grupo que irá atrás das pistas do capitão Noort. Os três com personalidades diferentes, o que garante embates homéricos e bem construídos.
O único motivo de ter dado quatro estrelas ao livro foi a demora de me conectar com ele. Mas realmente, depois que você se conecta, vai simbora na leitura. Os capítulos se tornam viciantes ao ponto de roer as unhas pelo próximo em uma dificuldade enorme de fechar para ler depois. Imagina o sufoco que foi para mim, com um bebê pequeno em casa, ler isso aqui. Maior loucura!
Acredito que os leitores irão entender que existe todo um significado existencial por trás das aventuras em busca desse tesouro, tanto do capitão Noort, como do próprio Florian. Não parava de pensar que todos nós estamos continuamente em busca de um tesouro. E como diz o meu amado capitão Jack Sparrow "Tesouro nem sempre são prata e ouro, meu amigo".
Um livro que irá agradar diferentes tipos de leitores, eu diferentes níveis. Se o começo parecer meio difícil, sugiro que insista porque não vai ser difícil se sentir atraído pela possibilidade de cruzar mares, como um pirata, e de vivenciar uma caçada em busca do "quem sou".