Prevejo Lopping em Stranger Things?


Saca quando você tem aquele amigo que sempre te indica boas séries? Eu tenho alguns desses, e me vi louca quando - no mesmo dia - todos eles me INTIMARAM a assistir Stranger Things, mesmo que que pelo celular ou sinal de fumaça, se fosse preciso. 

Minha surpresa maior foi ver como andava relapsa no assunto "séries", já que quando eles simultaneamente me falaram sobre uma, eu não tinha ideia do que se tratava.

Então sentei a bunda na cadeira e comecei a assistir. Achei que demoraria uma semana toda, mas só precisei de umas dez horas para dar conta da temporada inteira. E olhe que vi tudo cuidando de um bebê de cinco meses e de um menino de sete anos. Ao final acabei entendendo porque eles queriam que eu visse a série. Ela é a minha cara! 

Vamos conversar sobre o que penso da série, sei que vocês estão curiosos para saber. Devo dizer que pode ser que solte algo que seja considerado um pouco de spoiler, mas realmente não dá para falar da série sem escrever coisas que acho pertinente. E quando se trata de Stranger Things, os spoilers começam a aparecer já no segundo episódio. Então, ou fechem essa janela, ou, se não se importam ou se já viram, venham pensar comigo. 

A série vai contar exatamente sobre o que diz o título: Coisas estranhas. E isso num mundo criado pela Netflix pode englobar situações que só o cabrunco! E é nisso ai que me refiro quando digo que a série dá margem para um lopping infinito de acontecimentos bizarros, mas que podem ser temerosamente parecidos. 

Nessa primeira temporada vamos acompanhar sumiços estranhos que acontecem em uma cidade pequena na década de 80. Ou pelo menos acredito que seja, já que a direção de arte nos leva a isso. 

Quando Will, um dos meninos do quarteto mais improvável que eu já conheci, desaparece, os outros três começam uma busca perigosa para achar o amigo. É quando eles encontram a On, uma menina que não fala muito, mas que tem poderes peculiares. 

Criança tem tendência a associar poderes com super heróis, não é? Esse não é o caso do trio inteiro. Temos o que pensa assim, temos o que é altamente emocional, e o altamente racional. Mesmo que de início sejam um quarteto, com Will, e depois voltem para um, com On, a essência desse tripé principal é o que move os acontecimentos. 

Num outro núcleo, mas igualmente ligados, estão a mãe do garoto desaparecido, e o irmão. Ambos dispostos a tudo para achar o menino. Inclusive a acreditar em contos de terror. 

Também há um xerife, muito do crédulo, que me encheu de orgulho ao entrar de cabeça nas ideias de um grupo de crianças. A maioria dos adultos fingem que elas não existem quando envolve uma situação séria. Em Stranger Things elas tem voz, e são - sem sombra de dúvidas - o que segura tudo o que acontece ao redor, e que mantem o telespectador preso do começo ao fim. 

Os personagens da série são bem trabalhados em suas particularidades, e ainda assim formam uma unidade plausível e saudável. Seja os núcleos familiar de Will e Mike, ou a amizade dos garotos, ou o elo incomum da irmã de Mike com o irmão de Will. Tudo aqui dentro gira por um mesmo motivo e para um mesmo fim. 

As referências as quais o pessoal se refere à década de 80 vai além de cenários e roupas. Está na nosltagia de quem viveu aquela época. Em músicas, ou até luzes natalinas de jardim. Mas - e principalmente - ao sentimento que a série te deixa e que te leva para outros filmes dessa mesma época. 

Não dá para olhar os garotos e não pensar nos Gonnies, ou em Conta Comigo. Aliás, tem uma cena de Stranger Things que lembra bastante o Conta Comigo. 

O trabalho que os roteiristas e a direção de fotografia tiveram foi de muita união no quesito singularidades  dessa série, ao mesmo tempo que deixam as semelhanças com outras sensações que os cinéfilos sentiram com filmes, músicas e séries da época. É aquele terror daquela década, com muita informação científica dessa que nós vivemos. E achei isso genial!

E qual é o meu medo? É que tanta genialidade em uma temporada, acabe se perdendo nas demais, como aconteceu com Hemlock Grove, também da Netflix, e também um baita espetáculo de estreia. 

Não acho que uma série tem que ser eterna para ser boa. Na verdade, penso que se ela deu o que tinha que dar, então melhor acabar. Mesmo que só tenham duas temporadas. Hemlock fez bem em acabar, já que estava afundando em situações bizarras demais - até para Hemlock Grove. 

Stranger Things deixa muita coisa em aberto, mas também fecha muita coisa de modo premiável. As coisas que ficam em aberto dão um bom caldo para uma temporada a seguir, mas fico me perguntando se elas não tinham muito a cara de que foram criadas de última hora. Em alguns momentos foi isso que deixou a entender, e me incomodou um pouco essa sensação. 

Quer dizer - baita spoiler - a série vai falar de mundos paralelos de mogo geral, ou apenas "daquele" mundo paralelo? Porque quando On salva todos eu fiquei pensando que seriam outras situações em outros mundos. Mas quando o delegado deixa as panquecas lá na floresta, eu entendi que seria tudo aquilo de novo? 

Tá, talvez eu esteja exagerando, mas tive medo que estragassem a coisa toda com um mesmo tipo de vilão, em um mesmo mundo, sendo que as possibilidades são infinitas dentro da ideia principal. 

Ansiosa? Um bocado. Temerosa? Também. 

Esperar que a série não caia nesse lopping que alguns roteiristas deixam cair outras tantas séries maravilhosas, só para manter uma coisa que funcionou a princípio. Tinha mais de ano que não assistia uma série tão vorazmente, e estou empolgada com isso. Mas quero que funcione do mesmo jeito que essa temporada funcionou. 

Sem looping de acontecimentos, ok, roteiristas? Coisas estranhas englobam muitas outras situações. Vamos explorar isso!