Autor: Harlan Coben
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Na época da faculdade, Myron Bolitar teve seu primeiro relacionamento sério, que terminou de forma dolorosa quando a namorada o trocou por seu maior adversário no basquete. Por isso, a última pessoa no mundo que Myron deseja rever é Emily Downing. Assim, ele tem uma grande surpresa quando, anos depois, ela aparece suplicando ajuda. Seu filho de 13 anos, Jeremy, está morrendo e precisa de um transplante de medula óssea – de um doador que sumiu sem deixar vestígios. E a revelação seguinte é ainda mais impactante: Myron é o pai do garoto.Aturdido com a notícia, Myron dá início a uma busca pelo doador. Encontrá-lo, contudo, significa desvendar um mistério sombrio que envolve uma família inescrupulosa, uma série de sequestros e um jornalista em desgraça.
Nesse jogo de verdades dolorosas, Myron terá que descobrir uma forma de não perder o filho com quem sequer teve a chance de conviver.
É bem difícil eu dar cinco estrelas para um livro policial. Primeiro porque não é um gênero que me agrade sempre, visto que sou chegada num drama e esse tipo de livro costuma ser bastante pragmático, e depois porque quero tudo comparar a Agatha Christie e Conan Doyle, e jamais haverá comparação possível. Não para mim. Então eu de fato fiquei impressionada quando acabei o livro e percebi o quão incrível ele era. Não li muito Coben, mas dentre os que li, O Medo mais Profundo ganha em disparada dos demais.
Nesse título voltamos a ver mais um pouco da vida de um dos meus personagens prediletos da literatura policial, Myron Bolitar. Dessa vez tentando desvendar o caso do desaparecimento de um doador de medula óssea que salvaria o filho de uma antiga namorada e, pelo o que ela diz, filho dele também. Imagina como Myron não fica com essa nova informação em sua vida?!
Uma das coisas que acho mais interessante nos livros do Myron é a sua condição enquanto personagem. Não é um detetive, nem policial, nem nada que pareça comum nesse tipo de romance. É um agente esportivo a quem pessoas buscam para resolver "crimes" ou coisas semelhantes. E ainda que ele não tenha formação específica no assunto, o filho da mãe é fantástico como investigador.
Nem vou ficar narrando sobre o incrível senso de humor que Myron tem. E quando se junta com Win, o melhor amigo, é garantia de boas risadas, ainda que seja durante uma cena tensa. Um desses piadistas que mereciam um palco de stand up. Tá, não vou dizer que ele também não fica muito bem no papel do "cara mal", quando necessário, mas como Win diz, ele não tem essa tendência e fica péssimo toda vez que precisa ser mal. É de uma moralidade sem igual, e quando vem atingir o pico de agressão, é porque foi levado a algum beco sem saída.
Deixando as características maravilhosas do protagonista de lado, podemos nos focar ao enredo simples, porém delicioso, desse livro. Acredito que o fato da problemática "acabei de descobrir que sou pai de um adolescente" tenha sido um dos fatores que mexeu emocionalmente comigo, como mexeu como o Myron. Porque mesmo que o foco seja a questão do mistério envolvido no desaparecimento do doador, existe sempre aquele fundo pesado sobre toda a situação. O garoto não sabe de nada, foi criado por um pai diferente, e que Myron pessoalmente detesta. Os fatores ao redor de toda a problemática são incríveis de bem trabalhados, e não podia deixar de me emocionar quando Myron colocava o lado tão humano dele para fora nessa situação. Seja no desespero em achar o doador, ou apenas em lidar com a condição de saúde do garoto. Garanto cenas singelas e belíssimas.
Como sempre, Coben faz um trabalho delicinha montando a teia do mistério envolvendo o doador. De uma forma que vai até além do que se espera. Se uma teia normal tem pontos específicos, esse autor costuma explorar o "debaixo dos panos". Aquilo que ninguém costuma dar importância. Você senta para ler e fica comendo as unhas até a última página, eu fiquei. A ligação com o caso é muito maior do que o normal, por conta do filho, então os nervos estão a flor da pele tanto para o protagonista, quanto para o leitor.
Apesar de não ser especialista em Coben, ou mesmo em Myron, eu posso dizer que esse livro é simplesmente delicioso em toda a sua extensão. Não tem momentos perdidos ou desnecessários. Tudo aqui é bem feito e, pelo menos comigo, foi altamente bem aproveitado. Fazia tempo que não me ligava a algo nesse gênero, e foi uma grata surpresa quando acabei de ler e fiquei olhando o teto, tentando entender meus sentimentos tão sensíveis por ele.
Enfim, indico de olhos fechados, seja você apreciador de romances policiais, ou não.