Dentes de Dragão em meio ao Velho Oeste?

Título: Dentes de Dragão
Autor: Michael Crichton
Editora: Arqueiro
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Sinopse: Michael Crichton, autor da obra que deu origem ao lendário filme Jurassic Park, volta ao campo da paleontologia neste livro recém-descoberto, uma aventura emocionante ambientada no Velho Oeste durante a era de ouro da caça a fósseis.Com ritmo perfeito e enredo brilhante, Dentes de Dragão é baseado na rivalidade entre personagens reais. Com uma pesquisa meticulosa e imaginação exuberante, será transformado em minissérie pelo canal National Geographic com a Amblin Television e a Sony Pictures.
Desde Jurassic Park, nunca foi tão perigoso escavar o passado.
Em 1876, no inóspito cenário do Oeste americano, os famosos paleontólogos e arquirrivais Othniel Marsh e Edwin Cope saqueiam o território à caça de fósseis de dinossauros. Ao mesmo tempo, vigiam, enganam e sabotam um ao outro numa batalha que entrará para a história como a Guerra dos Ossos.
Para vencer uma aposta, o arrogante estudante de Yale William Johnson se junta à expedição de Marsh. A viagem corre bem, até que o paranoico paleontólogo se convence de que o jovem é um espião a serviço do inimigo e o abandona numa perigosa cidade.
William, então, é forçado a se unir ao grupo de Cope e eles logo deparam com uma descoberta de proporções históricas. Mas junto com ela vêm grandes perigos, e a recém-adquirida resiliência de William será testada na luta para proteger seu esconderijo de alguns dos mais ardilosos indivíduos do Oeste.

Dentes de Dragão foi uma leitura que só funcionou para mim porque mantive firme minha meta de leitura diária de 50 páginas, ou do contrário teria desistido em menos da metade. Porque apesar do autor jogar uma ideia bem aventuresca, isso de fato não se concretiza durante a leitura por falta de manejo do mesmo. Vou explicar. 

Johnson é um estudante vadio (porque não achei uma palavra melhor) que estuda na famosa Yale. Tudo de errado que faz, os pais resolvem. Se quebra algo importante, o pai paga. Fugiu de todos os problemas uma vida inteira sendo filho de alguém importante e endinheirado. Portanto tem aquele ar arrogante de todo garoto que acabou de sair da casa dos pais e esta querendo beijar a bunda do mundo. 

Quando seu arqui-inimigo o desafia a participar de uma expedição para o Oeste em troca de 1000 dólares (entendam que isso é muito para a época), Johnson aceita para não sair de idiota. Não sabia ele que estava se enfiando na maior enrascada da vida quando foi procurar o paleontólogo Othniel Marsh, dizendo que era fotógrafo e pedindo a vaga disponível para ir à tal expedição, caçar ossos de dinossauro em uma terra nova e perigosa. 

Preciso falar também de Cope, outro paleontólogo que trabalhou por um tempo com Marsh, mas que hoje eles tem um profundo ressentimento um com o outro e ficam brigando de gato e rato para ver quem pode mais. Johnson acaba parando no meio desses dois, sendo jogado de um lado para o outro no tortuoso jogo dos dois professores. 

Dentes de Dragão é um livro que mistura coisas que adoro, como o a colonização do Oeste americano, paleontologia e índios. Tudo isso com uma dose acertada de importância, tirando, talvez, os índios que mereciam um papel maior. Ainda assim não perde o brilhantismo do relato do autor com fatos históricos tanto sobre colonização como as descobertas paleontológicas que aconteceram nessas terras. Realmente o leitor que curte história se prende nesses detalhes. 

O protagonista provavelmente vai figurar na minha lista de melhores personagens do ano. É um desses que você entende e enxerga com louvor a trajetória do herói que ele passa para chegar até o final da sua jornada, seja ela física ( e esse coitado rala pra cacete) como emocional. É nitidamente visível que o Johnson que começa aquela expedição não é o mesmo que acaba, e isso é um super ponto positivo sobre o livro. 

Se tem uma coisa que desgostei, foi a falta de emoção da história. Até as cenas de ação, que realmente não eram muitas, são cansativas e não deixam o leitor com aquela falta de ar necessária e possível para esse tipo de livro. Quando acabei de ler, fiquei pensando se não era uma característica típica do autor, e não necessariamente um problema com o livro em si. O fato é que há pouca emoção na história. Vocês podem me perguntar como uma personagem que gostei tanto pode ser o protagonista de um livro tão sem emoção. Respondo que são os gesto dele que causam certa empatia, não a emoção que transmite. Sendo bem sincera, tirando raiva e medo, Johnson não é capaz de transmitir muita emoção. 

Vale dizer aqui que a vida dos professores March e Cope são baseadas em fatos reais sobre esses dois  que foram importantes no cenário paleontológico americano naquela época. Acharam peças surpreendentes, mas sofriam das briguinhas do ensino médio que faz qualquer um revirar os olhos de agonia. 

Em resumo, é um livro lento, pouco emocionante, mas ele passa uma mensagem interessante e tem um dos melhores personagens do ano, com certeza.