O que faço com esse tempo ausente?
Com a falta desconcertante que sinto de você?
O que faço com as horas do meu dia que eram destinadas as nossas conversas?
O que faço com aquele tipo de sorriso que sempre foi nosso?
Onde foi parar aquela cumplicidade única?
Ouvi que o tempo cura todas as feridas, e que o tempo iria fazer você voltar pra mim. Começo a achar que esse tempo é um inquisidor cruel. Ele faz as próprias escolhas, não nós. Ele ter nos afastado não foi o problema, o afastamento era necessário naquele momento, mas e agora? Já se passaram meses e só continuamos a nos afastar mais e mais.
Perdi a corda que te unia a mim e fiquei a deriva em um mar de lembranças empoeiradas...sozinha.
Várias foram as nossas tentativas de nos pertencer novamente. Mas elas não funcionam mais. Sinto-me deslocada onde antes era um espaço tão meu.
Você se esforça também, eu sinto isso nas palavras açucaradas que você joga ao vento para que caia em mim. Continuo sendo grata ao tempo e ao vento por ainda me permitir senti-las.
É egoísmo querer mais que especiarias do deserto?
Quero ser seu ombro amigo no choro e sua palhaçada no riso.
Quero te dizer que as coisas vão melhorar porque elas sempre melhoram.
A corda que me prendia a você já não existe mais. Estou cercada por crocodilos nesse instante, me forçando a olhar outros mapas.
Me disseram para procurar outros ares, que talvez o destino saiba o que faz.
Confio nele!
Confio nele...
Confio?
Queria ter a certeza de que é a coisa certa a se fazer, mas cada vez que ouço sua voz ou vejo seu nome na internet... Tão silenciosa...Tão esquecida de que eu estou ali; então eu sangro Milhões de seres grudentos enfeitam minha pele num preto azedo. Eles sugam minha sanidade fora e me deixam no labirinto do Minotauro sem o novelo de lã.
Meus únicos amigos são figuras só de rosto que ficam naquela tela me encarando com sorrisos petrificados, uma tentativa ridícula de dizer que tudo esta bem.
Não quero ser alguém respeitada pelo meu talento, quero ser alguém respeitada por ser umaótimo amigo. Quero lágrimas de orgulho sincero, não de orgulho necessário.
Só quero que saiba que te amo, e que esse amor é incondicional ao tempo.
Se os acontecimentos me afastaram mais de você, e você aceitou, então eu cedo o meu ex-espaço para que você escreva suas próximas histórias.
Não quero que veja isso como uma tentativa de fazer você lutar mais por nós, não é. Acredite. Acho que você já enfrentou os nove círculos de Dante por mim. Não é?
Veja como uma memória. Guarde no seu baú de preciosidades. Veja o tempo envelhecer, amarelar e cicatrizar minhas loucas feridas. Elas não são culpa sua. Culpe o ardiloso "tempo".
Sinto sua falta "Mon Petit", mas te respeito o suficiente para...bem, para o que o destino nos reservar.
Eu e você somos fortes. Deixe que o furacão venha destruindo os nossos sonhos mais uma vez. Quem sabe acabo indo parar em Oz e esquecendo você, como você conseguiu, discretamente, fazer.
Navegaremos nos tais tornados prostrados em cima de pranchas invisíveis, contendo todos os nossos sonhos. Deixemos que o acaso se encarregue da responsabilidade por eles.
Citando Exupery: "Somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos"
Au Revouir!!
Texto de Carol Teles