Resenha de "Se joga!" (Nancy Levin)

Título:, Se joga!
Autor: Nancy Levin
Editora: Gente (Cedido em parceria)
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Sinopse: Você não está feliz com os rumos que sua vida tem tomado e está deixandoseus sonhos de lado. Sente-se num beco sem saída. E está errado! Existe uma nova rota. Só precisa fazer uma escolha – e esta é a coisa mais difícil pela qual já teve de passar. Falta coragem? Então este livro vai ajudá-lo.
Nancy Levin teve de suportar uma grande dor, e sobreviveu! Sua superação aconteceu por meio do método que agora ela compartilha com você. São dez passos para se jogar em direção ao que sempre desejou, e finalmente realizar o que seu coração tanto lhe pede.
Essa é uma jornada de aceitação e verdade para que você consiga visualizar-se livre. Ao fazer sua escolha, terá clareza sobre seus limites, as pessoas certas ao seu lado e autodomínio para ir aonde quiser. Quando estiver pronto, saltará. E não estará sozinho! Este livro o acompanhará para que consiga lidar com as consequências da mudança e tenha uma transição suave. Por fim, o grande trunfo: dizer sim. Para você. Para sua vida. Para seus sonhos.


Vou confessar que não sou muito boa em ler livros de auto ajuda. Ganhava vários do meu pai na época da adolescência, quando ele achava que eu poderia surtar só pela quantidade de hormônios bagunçados em mim. Lembro que gostava, mas passava longe de ser o amor que tinha pelas histórias ficcionais. E exatamente por isso é o tipo de livro que raramente peço de parceria. 

Acontece que desde a primeira vez que meus olhos caíram em Se Joga! Que não consegui desgrudar da ideia de lê-lo. Não sei se foi a sinopse em si, ou apenas a frase de chamada, mas ele me chamou, e não neguei que viesse até mim. 

O livro é dividido em dez capítulos onde a autora cria passos para te ajudar a "pular" de uma determinada situação que está te causando mal. Cada capítulo traz um grau de complexidade e um olhar diferenciado sobre um problema. E no final deles ainda temos os exercícios propostos por ela, o que para mim funcionou como um tapa na cara. 


Levei muito a sério a coisa do ler o livro e seguir os passos indicados pela autora. Então se no exercício da vez eu tinha que sair da minha zona de conforto e dizer a alguém um não, algo que é muito raro de minha parte, eu me estremecia toda, tremia feito a máquina de lavar da minha mãe, mas finalmente saia. De acordo com Nancy, quando você não está pronto nem para se ajudar, ajudar outra pessoa pode ser atrapalhar um pouco. E ela tem razão. 

Não foi um livro fácil de ler justamente porque todo momento a autora colocava um espelho em minha frente. E não só o espelho da minha aparência, mas das minhas atitudes e formas de encarar a vida. 

Estou passando por uma dessas crises que você não sabe bem a que lugar pertence, e se o que você gosta de fazer é louco demais para ser considerado uma opção de vida. 

Nancy usou da separação dela para ajudar o leitor a entender que sentir certas coisas ruins é necessário, mas não viver o luto por elas mais do que deveria. E do mesmo jeito que funcionou para a separação, me ajudou a ver outros aspectos da minha vida, como o profissional, por exemplo. 


Sou agente de saúde pelo município onde moro. Dessas que vão de casa em casa procurando focos da dengue e fazendo o tratamento. Odeio o meu trabalho! E acreditem que admitir isso publicamente é mais difícil do que eu achei que seria.  

Não sou dessas trabalhadoras automáticas. Tem gente que nasceu para a repetição de uma situação. Eu nasci para criar, e estar nas ruas colocando veneno nas casas me soa como desperdício do meu tempo. Não que isso não seja importante, é, e muito! Mas do jeito que o governo daqui encara o nosso trabalho, ser agente é meio ridículo e cheio de descaso. 

Já dei várias ideias para fazer com que o programa da dengue deixe de ser padrão para se tornar um exemplo no país. De atividades educacionais junto à empresa de limpeza urbana, até uma WEB 2.0, onde a própria população também teria um trabalho de agente indicador de problema. A situação da dengue no país é crítica, e pode apostar que é absurdamente mais educacional do que qualquer outra coisa. A parcela dos moradores que cuidam do seu quintal é até grande, mas ainda é inferior em relação aos que não cuidam. E nesse caso todos pagam o pato. 

Mas minhas ideias nunca foram ouvidas porque, como disse o ex coordenador do programa em Maceió, nós somos a ralé da saúde. E isso para alguém que cria é absurdamente humilhante. Estou aqui oferecendo ideias legais e eles se preocupam mais com quantas casas você conseguiu entrar em um dia. 


Esse desabafo foi para dizer que o livro da Nancy me fez pensar sobre o que estou fazendo da minha vida trabalhando em algo que não valoriza o que eu sei fazer. E não culpo quem deveria estar olhando minhas ideias, e sim a mim, que não procurei sair daqui e fazer algo melhor. 

A situação ficou tão séria, que eu arranjei uma síndrome do pânico por conta dos assaltos que sofri trabalhando, e provavelmente mesclou com uma depressão por estar nesse trabalho que me sufoca mentalmente. Não pelo serviço, porque ele é fácil, mas pela incapacidade criativa dele. 

Por isso estou naquele momento na minha existência que tento mudar. Não sei como começar, nem para onde irei com essa decisão, mas preciso mudar. Como diz a autora, preciso me jogar. Ainda não o fiz porque tenho um filho de seis anos que precisa do meu salário, mas vou fazer por onde manter minha sanidade junto com meu salário. Não nasci para ser uma repetidora automática das ideias dos outros. Nasci para ter ideias. 

Perceberam o quanto esse livro me colocou para pensar? O quanto cada exercício me chocou e me tomou a voz em muitos momentos? Esse espelho de Nancy mostra alguém que você tem medo de ver, e esse seria o interno de quem tu és. É assustador, caótico e por vezes asqueroso, mas ainda é você. Trabalhar pela mudança começa quando enxerga o que precisa mudar. Eu enxerguei. 

Se você tem medo de se jogar, esse é um bom livro para ler. Talvez os exercícios te ajudem a dar o primeiro passo.