Em Chamas [Filme]

"Falhas? Que falhas?"


Sinopse: Este é o segundo volume da trilogia Jogos Vorazes, baseada nos romances de Suzanne Collins. A saga relata a aventura de Katniss (Jennifer Lawrence), jovem escolhida para participar aos "jogos vorazes", espécie de reality show em que um adolescente de cada distrito de Panem, considerado como "tributo", deve lutar com os demais até que apenas um saia vivo. Neste segundo episódio da série, após a afronta de Katniss à organização dos jogos, ela deverá enfrentar a forte represália do governo local, lutando não apenas por sua vida, mas por toda a população de Panem. (AdoroCinema)






O cinema estava pavoroso!
A sala em que íamos assistir ao filme era imensa, tipo imensa mesmo! Mas não deu para quem quis. Era uma ansiedade crescente em pessoas de oito a oitenta. Logicamente que essa ansiedade corria nas minhas veias, porque mesmo que tivesse evitado a todo custo resenhas de Em Chamas, não tive como não me incendiar por elas.

A primeira fotografia de cena é simplesmente INCRÍVEL! E penso... Certamente que o diretor de fotografia não era o mesmo de Jogos Vorazes. E depois de uma pesquisa rápida descubro que o diretor do primeiro filme, Tom Sterm, era muito mais conhecido e tem trabalhos fantásticos! E daí eles pegam um cara que trabalhou pouco com cinema, como o Jo Willems e faz um filme de um visual que às vezes é um tanto opaco, mas que no conjunto da obra foi espetacular!  


Claro que o diretor de fotografia não trabalha sozinho! Para esse filme funcionar os roteiristas trabalharam com vontade. O primeiro filme me deixou bem chateada pela superficialidade com a qual a trama foi tratada, contudo esse pegou o gás da coisa que era mostrar para os espectadores que a bagaceira estava começando a se formar ali. Se tomarmos como ideia de que a própria Collins também ajudou na confecção desse roteiro de retalhos, temos que aplaudir de pé a moça por conseguir sintetizar todos os pontos importantes da história em um filme. Ou seja, foi uma das primeiras adaptações que “quase” não tive reclamações sobre.

Nunca achei a Katniss uma mártir nem nada disso. Ela eventualmente se tornou um símbolo porque era teimosa demais para seguir regras (Percebe-se pela exaustiva recusa em ficar dentro de uma cerca no seu distrito) e porque ela queria sobreviver, como o sábio presidente Snow deixou transparecer em um diálogo com o Plutarco nesse filme. Ela é uma adolescente revoltada que estava no lugar certo e na hora certa. O povo precisava de um motivo para dizer “chega”, e ela deu esse motivo. Talvez não seja minha personagem predileta no mundo, mas confesso que a vontade da menina em viver tornou-a totalmente impecável!


Uma coisa que me deixou só um pouco estressada no filme, foi o modo como eles abordam o Peeta, personagem quase apagado nesse filme e o que não acontece com o livro. É a parte da história onde ele tem mais voz, e ela totalmente se perdeu! Mas tudo bem... Entendo os cortes e a necessidade de enxugar um filme que em si já estava imenso.

A direção de arte é lindíssima!
Texturas, cores e combinações físicas com o espaço, ganham vez quando o assunto é a capital e as pessoas esdrúxulas que ali vivem. Mas não foi só na capital que a direção de arte arrasou. Se liguem em coisas simples como as televisões que são lindas mesmo em lugares mais pobres e as cores sóbrias com a qual Peeta e Katniss fizeram sua turnê da vitória, aliás, a visita ao distrito 11 foi uma das cenas mais tocantes do filme inteiro, se não a mais tocante.

A parte de ação de filme fica por conta da arena e toda maluquice que acontece lá dentro. Bem explicado em poucos minutos e totalmente belo visualmente! Nunca tinha imaginado a Cornucópia tão bacana quanto ficou na telona do cinema, e a cena que se desenvolve nela, é simplesmente MUITO boa!


Então o que falar da cena FODÁSTICA que tem lá para o final desse filme? Basta dizer que todo o cinema bateu palmas enlouquecidamente. Tudo ficou exatamente como eu imaginei, contando ainda com a atuação escandalosa de Lawrence. E falando na bendita... A menina é novinha, mas tem uma das melhores atuações que já vi na telona! Como pode uma cena em close-up ficar tão perfeita como aquela, minha gente? Imagino o que foi necessário de preparação para desenvolver apenas aqueles segundos de expressão. FODA!

Deu para perceber que analisei os detalhes mais técnicos do filme, não é? Isso é mania de gente que está por dentro da área e que analisa uma passagem de câmera ou pensa quantas vezes e com quantos ângulos uma mesma cena devia ter sido rodada. Cinema é mágico! Imaginar a evolução de um texto para aquela obra é mais mágico ainda!


Foi um bom filme e fiquei contente com o resultado, mas ele ainda não arrancou meu coração fora e pisou nele.

Entenda, esse foi um filme do meio e feito para nos mostrar a parte política necessária nessa obra, e temos que convir que não pecou em nada em se tratando da mensagem que queria se passar; por mais que o governo tenha parecido um cão de sete cabeças com essa montagem, e que se assim fosse a rebelião teria começado beeeem antes.

Conduto o enredo me convenceu maravilhosamente! As rebeliões eram mais emocionais do que físicas, e aqui devo parabenizar a autora e sua construção tão densa dessa trama.
 Tributos com mãos unidas, Johanna sendo uma louca e fantástica mulher... OMG!
As poucas cenas onde outros tributos apareciam eram simples e dispensavam explicações sobre quem eles eram e o que queriam com aquilo tudo.


Feliz e realizada. Foi assim que sai da sala de cinema. Totalmente Em Chamas, exatamente como me senti dois anos atrás quando tive acesso a esse livro pela primeira vez. Sempre digo aqui que essa trilogia me mostrou que tenho chamas em mim o tempo inteiro, e que é difícil fazê-las aparecer com frequência, mas que quando aparecessem, close-ups não são suficientes para mim.


Enfim, que venha A Esperança, com um gosto de sangue de uma revolução e o adocicado da raiva, pois foi a raiva que fez Katniss virar fogo e gelo. E é nesse clima antagônico que vamos gritar quando o próximo filme sair.

Conselho... NUNCA esqueçam que é o inimigo aqui.