Sinopse: O filme conta a história de um casal de pais divorciados (Ethan Hawke e Patricia Arquette) que tenta criar seu filho Mason (Ellar Coltrane). A narrativa percorre a vida do menino durante um período de doze anos, da infância à juventude, e analisa sua relação com os pais conforme ele vai amadurecendo.
Boyhood foi um dos primeiros filmes da lista do Oscar que eu vi, antes mesmo de saber que ele estaria na lista do Oscar, mas pensando exatamente nisso quando o acabei, e não porque achei que o filme tinha um puta roteiro, mas porque ele deu trabalho demais para ser ignorado, sem contar que a simplicidade da trama (que trama?) é o tipo de coisa que a academia gosta.
Não vou fazer resumo porque de fato não tenho do que falar. O filme é todo contando a história da vida desse garoto durante doze anos que foram gravados realmente em doze anos. Sim, um feito e tanto no cinema. A primeira vez que algo assim é feito, e confesso que quanto a isso não tenho questionamentos ou reclamações. Foi uma ideia de gênio e a produção teve sorte porque o elenco vingou de vida e de talento.
Estamos falando aqui de um filme de três horas onde eles usaram trechos de cada idade do menino para contar um pedaço do que estava acontecendo na vida dele, e até de acontecimentos fora disso, como momentos históricos do ano e tal. Achei isso muito interessante porque realmente cria a vivência da situação. Mas três horas de filme para contar a vida de alguém? Três horas? Putz!
Ai gente, quando assistimos biografias o negócio costuma ser diferente, É normalmente da vida de alguém que foi importante e que teve algo em sua existência que realmente movimentou um determinado grupo do mundo. Seja na música, na história, política... Sabe, sempre se tem do que falar para tornar o filme interessante. Mas Boyhood fala de um garoto comum, vivendo problemas de garotos comuns, com pais divorciados comuns. E não que isso por si só não seja fodástico, porque é! Eles pegaram algo simples e deram fundamento para criar uma boa história com ligações interessantes. Mas três horas? Ainda estou revoltada com isso.
Sabe porque estou revoltada? Porque foram essas três horas que me fizeram pensar como o filme era cansativo e maçante. Se ele fosse mais curto talvez eu tivesse curtido milhões de vezes mais. Tivesse visto a sutileza como um benefício, não malefício. Mas levar um filme de três horas com sutileza não é para qualquer público, e mesmo que me ache uma puta analista decente de cinema, não foi para mim. Sim, achei bastante cansativo porque nada demais acontecia. Nada!
Claro que temos uns lances interessantes acerca dos pais dele. A mãe não sabe escolher marido, o pai leva tudo na graça. A irmã é muito boa nas cenas em que aparece e até o próprio Mason tem seus momentos de glória em diálogos incríveis e bastante verossímeis. Não posso dizer que o filme é ruim porque não é. Só pecou em ser minimalista demais em três horas. Poderia ser menos minimalista com esse tempo, ou continuar minimalista e diminuir um pouco essas três horas.
Entendo porque a crítica joga folhas douradas em cima desse filme. Entendo que a proposta foi inovadora e que o diretor teve uma sacada de mestre e trabalhou bem com ela. Meu problema foi com o roteiro, que parece ter agradado excessivamente a crítica. Me pergunto se nenhum deles dormiu enquanto via esse filme, porque eu tirei cochilos suficientes para ter que voltar os minutos dele umas cinco vezes. Tudo bem que ele é inovador e trabalha a simplicidade de um jeito cativante, e eu entendo isso de verdade. Eu vi as qualidade deles, poxa, não sou boba. Só que não é um filme para o povo justamente por ser lento e monótono. Depressivo até a morte!
Sei que pode parecer que não gostei do filme, mas gostei sim. Achei cansativo? Lógico! Fique três horas vendo a vida monótona de um cara que não fazia nada demais além de ser criança e adolescente. Mas também vi as partes maravilhosas dele e entendo ter entrado nessa lista do Oscar. Merece alguns dos prêmios que está concorrendo com certeza, e outros eu acho que foi pura política estar concorrendo.
O filme concorre nas seguintes categorias: FILME, DIRETOR, ATOR COADJUVANTE, ATRIZ COADJUVANTE, ROTEIRO ORIGINAL E EDIÇÃO. Filme se levar vai estar sendo um tanto injusto com outros da lista. Quanto a diretor não serei hipócrita. A porra do homem merece sim! Fez um trabalho incrível em doze anos, poxa! Já ator e atriz coadjuvante... sério? De jeito nenhum que Ethan leva no lugar de JK ou de Norton. E também vou achar uma marmelada se Arquete levar, o que não duvido muito. Roteiro é bom, mas não o acho melhor que o de Birdman nem aqui nem na China. Já edição... Doze anos em um filme só? Sim, merece.
Enfim, é um bom filme. É um ótimo filme, na verdade, mas não é para todo mundo. Tem momentos interessante e outros bem cansativos. Pode ser complicado de se pegar ritmo ou pode não pegar ritmo em momento algum. Comigo foi bem tenso. Mas tenho certeza de que se você vier com bons olhos - pacientes - vai prestar atenção nos detalhes fabulosos que tem o filme.