Resenha de "A Morte de Sarai" (J. A. Redmerski)






Sinopse: Sarai tinha apenas quatorze anos quando sua mãe a levou para viver no México em um quartel de drogas. Com o tempo ela se esqueceu o que era ter uma vida normal, mas nunca deixou de lado a esperança de escapar do complexo onde ficou presa nos últimos nove anos. Victor é um assassino a sangue frio que, como Sarai, somente conheceu a morte e a violência desde criança. Quando Victor chega ao complexo para recolher dados e aplicar um golpe, Sarai o vê como uma chance para escapar. Mas as coisas não acontecem como previsto e em vez de se encontrar a caminho de Tucson, ela se livra de um homem perigoso para cair em cilada de outro. Enquanto fogem, Victor se distancia de sua natureza primitiva enquanto sucumbe a sua consciência e decide ajudar Sarai. A medida que ficam próximos, ele se encontra disposto a arriscar tudo para mantê-la com vida, inclusive sua relação com seu irmão e seu contato, Niklas, que agora, como todos os outros, quer Sarai morta. Enquanto Victor e Sarai lentamente constroem uma confiança entre eles, as diferenças parecem diminuir, e uma atração pouco provável se intensifica. Entretanto, as habilidades e experiência de Victor podem não se suficientes para salvá-la, enquanto o poder que ela tem sobre ele pode ser o que colocará fim a sua vida.

Redmerski não é novidade por aqui. Um de seus livros estava na lista de prediletos de 2013, e sempre acreditei no seu potencial como escritora. Claro que na época sabia que estava me apaixonando pela história do casal, e não necessariamente pela narrativa dela. Bem, ler A Morte de Sarai me provou que sou apaixonada pela mulher escrevendo também. 

A sinopse desse livro diz basicamente tudo o que devermos saber sobre ele. Que Sarai passou tempo demais ao lado de bandidos, e que de nada sabe sobre a vida fora dos muros nos quais cresceu desde que tinha catorze anos. A oportunidade de sair de lá surge na forma de um americano que veio acertar um acordo com o dono do cartel, que é praticamente o dono de Sarai. 

E não é que a garota consegue se esconder no carro dele? Pois é. E claro que nosso bandido americano, o Victor, é um criminoso/justiceiro com uma personalidade deliciosa e perigosa, e esse foi um dos motivos que fizeram grudar nesse livro até terminá-lo de vez. Sério, não consegui desligar o Kindle até ler a última página. 

Acho que comprei Sarai por conta da proposta bandida dele, e também porque andava precisando de um New Adult. São sempre os livros que leio mais rápido, e quando eles são envoltos numa trama de perseguição e mistério, você vai embora na leitura sem nem pensar que precisa levantar para cuidar da vida. Pessoalmente não o fiz, e acredito que isso será um padrão de quem se destina a ler esse tipo de livro. 

Diferente do Entre o Agora e o Nunca, o outro livro da autora, você não consegue se conectar de um modo doce com os dois protagonistas. E acredito que essa seja a proposta de Redmerski desde o princípio. Ambos são complicados e cheios de temores e mágoas do passado. Ainda assim são frios na medida da necessidade, e isso acaba gerando um distanciamento interessantíssimo para o leitor. Você torce absurdamente pelos dois, mas sente necessidade de conhecê-los mais, entende? 

E daí é onde gira a maravilhosa escrita da autora. Ela soube fazer com que a trama se desenvolvesse de modo frenético ao redor dos protagonistas, e criar uma espécie de elo em quem está lendo e os dois,  que estão correndo dentro da história. Pessoalmente não senti empatia com Victor, nem mesmo com os capítulos onde ele narra. A frieza do cara me incomodava, mesmo entendendo o motivo dele ser daquela forma, e de até achar um tanto sensual o jeito perigoso e meticuloso no qual ele vivia. E perceba que isso não foi um ponto negativo para mim, muito pelo contrário. Acho que o fato de não ter me ligado ao cara faz com que sinta o brilhantismo na escrita. Não me ligar nele não quer dizer que não amei a forma com a qual ele foi trabalhado. 

Já Sarai é uma puta de uma protagonista bem desenvolvida. A autora cria uma identidade para a menina que chega a ser palpável. Não que tenha amado a personagem, e acho que tem muito do meu lado abstraído enquanto leitora desse livro. Ela tinha umas explosões comportamentais que me irritava. Mas digo que ela é sim bem desenvolvida. Você entende pelo o que passou, e a resposta emocional e corporal que tem agora, depois do cárcere. 

Existem cenas de Sarai que eu tive que bater palmas para a autora. Ela não cria uma menina perfeita, bem longe disso. Sarai tem até uma espécie de Síndrome de Estocolmo subtendida, que nem a própria autora deixa exposto. Mas quem entende um pouco dela, vai perceber que as respostas corporais da garota é puramente uma ligação com o "sequestrador" de uma forma que ela odeia e ama ao mesmo tempo. Ela é uma personagem altamente dicotômica. 

Como comentei, é um livro rápido e com picos de tensão em praticamente todos os capítulos. Seja uma tensão sexual, ou até uma pro lado perigoso da situação. Minha cena predileta do livro está incluso nas duas. E não é minha predileta só pelo "sexo" da coisa, mas porque a autora mistura os dois elementos na situação (perigo e sexo) e, vamos combinar, ficou incrível! 

Então se vocês curtem um New Adult com uma pegada mais perigosa, encare A Morte de Sarai. Você não vai ter romantismo nesse livro como temos em Entre o Agora e o Nunca, mas certamente vai encontrar um monte de cenas de tirar o fôlego. O negócio aqui é animal e totalmente alucinante. Lembrando que é o primeiro de uma série - e não sei de quantos.