[Filme] Sniper Americano







Adaptado do livro American Sniper: The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Militar History, este filme conta a história real de Chris Kyle (Bradley Cooper), um atirador de elite das forças especiais da marinha americana. Durante cerca de dez anos, ele matou mais de 150 pessoas, tendo recebido diversas condecorações por sua atuação.






Não vou negar que existe um certo brilhantismo em toda a figura do filme Sniper Americano. Mesmo sendo uma história de guerra e biográfica, o diretor soube usar momentos interessantes da vida particular e da carreira do Chris Kyle. É fácil se conectar com o cara que ele era antes do patriotismo, e quem ele se tornou depois disso. Para mim suas decisões pareceram por vezes insana, mas compreensível dentro do papel de quem ele cresceu sendo, e do que a guerra fez com ele. 

Não tem muito do que falar em termos de enredo. O filme vai contar sobre um pedaço da infância de Chris, como também da fase adulta e de como ele foi parar numa guerra. No meio disso tem a família que ele conquistou com o tempo, e os horrores que a guerra é capaz de deixar na alma de quem participa dela. Puramente uma biografia bem escolhida e filmada de maneira tocante, até certo ponto.


Olha, dos filmes do Oscar que vi, acredito que Sniper seja o que menos gostei. Sou muito criteriosa para filmes de guerra, e se eles não tiverem um fio que me ligue na eletricidade da situação por tempo suficiente, eu vou acabar desistindo de assistir. Não desisti desse, mas precisei sentar três vezes para conseguir terminar, e isso é um horror para mim. 

É um filme longo e de oscilações na linha dramática da história. Ora vemos Chris na guerra, e na cena subsequente ele já está em casa vivendo o drama do relacionamento com a esposa preocupada. E é até compreensível por ser um filme biográfico, né? O que o diretor iria fazer? Criar situações que não existiram? Não dava. É um filme sobre alguns anos da vida de um cara, e tem uma certa beleza estrutural nessa "rotina" de missões e casamento, mas acho que esperei um pouco mais dele. Me senti muito cansada desse vai e volta na guerra. É um filme meio cansativo, e ponto final. 


O brilho para mim está na figura de Bradley, que a cada filme mostra um talento novo como ator. O cara veio se destacar tem pouco tempo, e já foi indicado várias vezes. E posso dizer que a cada papel dele eu me surpreendo de maneira diferente. Nesse com certeza é com a passividade do personagem nos momentos onde pede essa postura, e no seguinte a frieza misturada com a agonia de ser um Sniper. O filho da mãe sabe trabalhar bem sentimentos contraditórios na mesma cena. E como se não bastasse ele vem com a loucura da guerra, e não é preciso explosão de atuação para isso. São cenas de olhares e gestos pequenos. De uma boa direção e edição trabalhando em conjunto com um ator que se doa totalmente ao trabalho que se propõe. Eu virei fã dele desde Se Beber Não Case - um filme bobo, eu sei, e desde então só tenho a admirar o seu trabalho. 


Sobre o final... Olha, é um final típico de filme biográfico. Eu confesso que fiquei meio aérea com ele porque em um filme de guerra se espera certas tragédias que no caso desse foram bem sutis e trabalhadas de maneira que não te chocava. E quando estava nos últimos minutos, e eu pensando que enfim um filme de guerra iria terminar só com a repercussão da loucura da guerra, eis que a realidade é fria e um tanto cruel. E no caso desse filme em específico é até irônica. E olha, se não fosse uma versão da realidade, eu diria que teve muito da licença poética nos acontecimentos. E então pensei 
que a própria vida se encarrega de tal poesia. 

Sniper Americano está concorrendo nas seguintes categorias: FILME, ATOR, ROTEIRO ADAPTADO, EDIÇÃO, EDIÇÃO DE SOM E MIXAGEM DE SOM. Se eu tiver que votar em Sniper em algo entre essas categorias, seria nos prêmios de som. Por ser um filme de guerra, eles realmente trabalham bem com ela, e é difícil alguém conseguir tirar essas estatuetas de um filme de guerra para dar a um outro. Sei que nesse caso temos Interestelar que também tem um puta som, mas acho que eles tentarão consolar Sniper pelas poucas premiações. Oscar também é política. Pode até ser que a academia dê uma estatueta dessas a um e outra a outro. Vamos combinar, Interestelar foi uma das injustiças do Oscar esse ano, então nada mais justo do que receber uma mísera estatueta. 


Enfim, é um filme de guerra, mas com uma pegada grande de drama familiar e psicológico no meio, o que faz todo sentido. Acho que essas três vertentes da história fizeram com que nenhuma delas fossem de fato aprofundadas, e isso me irritou um pouco. Então não espere O Resgate do soldado Ryan aqui, mas é um bom filme, não estaria nessa disputada lista se não fosse. Claro que aqui temos o dedo do patriotismo americano e de uma pitada da direção de Clint Eastwood. Pois é, cinema realmente tem muito de política.