Sinopse: Baseado na biografia de Stephen Hawking, o filme mostra como o jovem astrofísico (Eddie Redmayne) fez descobertas importantes sobre o tempo, além de retratar o seu romance com a aluna de Cambridge Jane Wide (Felicity Jones) e a descoberta de uma doença motora degenerativa quando tinha apenas 21 anos.
Fazer filmes biográficos talvez seja um dos maiores trabalhos do cinema. Mesmo que seja baseado em algum livro, como foi o caso desse filme, a dificuldade de ter um enredo que prenda quem estiver em frente a tela por tanto tempo é enorme. E posso dizer de peito cheio de amor por esse filme, que conseguiram fazer com que ele funcionasse divinamente dentro dos moldes que foi a vida de Hawking.
Todo mundo sabe que meu seriado de comédia predileto é o The Big Bang Theory, onde temos como protagonistas um grupo de físicos divertidíssimos e completamente insanos. Mesmo que tenha escutado o nome de Hawking infinitas vezes na minha vida, e ter visto a representação dele em outros tantos filmes e desenhos, como nos Simpsons, para mim ele não tinha o peso que teve depois que comecei a assistir TBBT. Foi vendo o seriado que entendi como o físico em questão era entregue a comédia, já que para você usar apenas o nome de alguém na TV precisa-se de uma autorização. Então eu achava genial que o fato dele estar naquela cadeira de rodas tão limitada, pudesse ser uma abertura infinita para o que ele ainda podia fazer. O humor de Hawking é certamente, para mim, mais invejável do que toda a sua física complexa.
E então o cinema me vem com essa grandeza deliciosa que foi esse filme. Me dando dois atores que eu já sabia que eram bons, mas que vi sensacionais com esse enredo. Eles tem uma química incrível em cena, seja antes da degeneração da saúde do físico, ou depois dela. E tudo bem que os acontecimentos da vida de ambos realmente tinham pano para muito história, mas se os dois atores não fossem tão bons no que faziam, o filme não teria ido para frente.
Ao assistir A Teoria de Tudo, eu me vi fã não só de Hawking, como de Jane. Sério, se vocês assistirem irão ver que se não fosse ela, provavelmente o físico não tivesse ai vivo até hoje. Na época seria infinitamente mais fácil ela abandona-lo e seguir adiante sozinha, mas ela não fez. Vivia uma vida dura e difícil para dar conta dos filhos, do marido doente, dos problemas de casa, mas foi durona, e por isso toda a minha admiração por essa mulher. Ela teve muitas oportunidades de cair fora, e claro que se manteve por amor a ele, mas também por algo além disso. Um amor que talvez não fosse mais romântico, mas fraterno e humano. A humanidade da personagem foi o ponto máximo dela nesse filme. E Felicity soube conduzir isso de maneira poderosa, recebendo a indicação para melhor atriz em um filme onde o protagonista seria apenas ele. Mas nunca foi só ele.
E o que posso falar de Eddie? Dizer que terminei o filme com vontade de colocar o cara no colo e encher de beijos é pouco. Temos dois momentos de Hawking nesse filme, antes e o período já com a doença, com ela piorando. Ele conseguia transmitir emoções completamente variadas em todos esses distintos momentos. O Hawking sonhador e gênio de antes da doença, e o cara sem ação mas cheio de frases perfeitas que surgiu depois. O ator as vezes não diz nada em cena, só te olha, e você fica querendo morrer por ele. Isso é muito poderoso e grandioso para quem assisti, como para ele que está se esforçando em passar uma emoção só de olhar. Cara, isso foi incrível!
O enredo do filme é amarradinho. Tem os momentos de tensão, como se a vida deles em si tivesse esses ápices emocionais e de acontecimentos. Claro que por ser uma biografia as vezes possa ser um tanto parado, mas confesso que não me incomodei com isso. As coisas iam acontecendo, e os personagens respondiam como podiam, e essa coisa da resposta deles me enchia de paixão pela história de ambos. Hawking não queria ajuda de mais ninguém além da esposa a princípio, mas acabou cedendo e não só por ver que Jane precisava de ajuda com ele e com as crianças, mas porque ele viu que ela precisava de companhia, sabe? É de uma abdicação a todo instante que chega a ser surreal. Me pergunto se pessoas assim existem, e daí lembro que isso é uma biografia e que de fato aconteceu do mesmo modo com Jane e Stephen, e viro mais fã ainda.
Sinceramente não tenho queixas sobre o filme. Me apaixonei por cada pedacinho dele, pelas partes tristes e alegres. Foi o único filme desse ano que conseguiu arrancar lágrimas de emoção de mim, e isso não é pouca coisa.
A Teoria de Tudo está concorrendo nas seguintes categorias: FILME, ATOR, ATRIZ, ROTEIRO ADAPTADO E TRILHA SONORA. Não acredito que com Boyhood e Birdman ele consiga levar o de melhor filme, a não ser que seja prêmio por causa do Hawking. Acho que Eddie leve o de melhor ator, mesmo que minhas paixões esse ano tenham sido Keaton e Cumberbatch. Na categoria de atriz eu estou torcendo muito por Felicity, mas não acho que ela leva. Esse prêmio de atriz esse ano está bem esquisito. Provável que leve de roteiro, e acho um tanto justo também, e sim, eu prefiro o de Jogo da Imitação e até de Whiplash. Trilha sonora é de fato incrível, mas não bate a de O Grande Hotel Budapeste.
Um filme lindo dentro da realidade e do lirismo a que ele se propõe. Eu adorei com todas as letras, e estou mais apaixonada por Hawking do que já era quando comecei a ver TBBT. Se você gosta de dramas biográficos, não deixe de ver esse aqui. É incrível!