Tento não pensar muito nela. Mas quando penso, penso em arroz. Quando Mama estava por perto, a cabana sempre cheirava a arroz jollof. Penso no jeito que sua pele escura brilhava como o sol de verão, no jeito que seu sorriso agitava Baba. No jeito de seus cabelos brancos, cheios e encaracolados, uma coroa indomada que tinha vida própria. Ouço os mitos que ela me contava à noite. A risada de Tzain quando eles jogavam agbon no parque. Os gritos de Baba quando os soldados passaram uma corrente no pescoço dela. Os gritos dela quando a arrastaram para a escuridão. Os encantamentos que jorravam de sua boca como lava. A magia da morte que a descaminhou. Penso no jeito que seu cadáver pendeu daquela árvore. Penso no rei que a levou embora.
Essa semana ainda sai a resenha de Filhos de Sangue e Osso. Fica por dentro das redes sociais para não perder "O Melhor e Pior" desse livro.
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