“Quando sua mãe era a geek, meus queridos sonhos”, dizia papai, “ela
transformou o arrancar de cabeças em um mistério tão cristalino que as
próprias galinhas caminhavam em sua direção e dançavam em torno
dela, hipnotizadas pela atração. ‘Abra a boca, doce Lil’, elas cacarejavam,
‘e mostre seus dentes para nós!’.”
Essa mesma Crystal Lil, nossa mãe com cabelos de estrela, estava
sentada no sofá embutido que era a cama de Arty à noite, rindo para a
costura em seu colo e balançando a cabeça. “Não minta para as crianças,
Al. Aquelas galinhas corriam como pus de espinhas.”
Eram noites na estrada, entre shows e pequenas cidades, em algum
acampamento ou recuo, com as outras vans, caminhões e trailers do
Fabuloso Circo Binewski à nossa volta, seguros em nosso vilarejo
portátil.
Depois do jantar, sentados de barriga cheia à luz da lamparina, nós,
os Binewski, tínhamos que ler e estudar. No entanto, se chovia, meu pai
era mordido pelo bicho da história. O chiado e os ruídos no metal da
nossa grande casa-van o distraía de seus papéis. Chuva em noite de
espetáculo era catástrofe. Chuva na estrada significava conversa, que,
para o papai, era puro prazer.
Veja também: Outros Primeiros Parágrafos: