Vamos falar de "O Rouxinol"?

Título: O Rouxinol
Autor: Kristin Hannah
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
Saiba mais: Amazon

Sinopse:  França, 1939: Vianne Mauriac se despede do marido, que ruma para o front. Ela não acredita que os nazistas invadirão o país, mas logo chegam tanques, soldados em marcha e aviões que despejam bombas sobre inocentes.

Quando o país é tomado, um oficial das tropas de Hitler requisita a casa de Vianne, e ela e a filha são forçadas a conviver com o inimigo. Todos os seus movimentos passam a ser vigiados, e Vianne é obrigada a colaborar com os invasores para manter sua família viva.

Isabelle, irmã de Vianne, é uma jovem que leva a vida com furor e paixão. Enquanto muitos fogem dos terrores da guerra, ela se apaixona por um guerrilheiro e decide se juntar à Resistência, arriscando a vida para salvar os outros e libertar seu país.

Seguindo a trajetória das irmãs e revelando um lado esquecido da História, O Rouxinol é uma narrativa sensível que celebra o espírito humano e a força das mulheres que travaram batalhas longe do front.

Separadas pelas circunstâncias e divergentes em seus ideais, elas têm um tortuoso destino em comum: proteger aqueles que amam em meio à devastação da guerra – e talvez pagar um preço inimaginável por isso.



Tem alguns meses que li O Rouxinol, mas precisei de um tempo para processar tudo o que tinha lido. Não por ter amado no nível que a maioria das pessoas amaram, ou por não ter gostado. Afinal, dei três estrelas para ele. Mas simplesmente porque fiquei com sentimentos conflitantes em relação a esse livro e não sabia o que fazer com eles. 

Como conta a sinopse, O Rouxinol vai focar na vida dessas duas irmãs que praticamente cresceram uma tomando conta da outra. Eram a única família que tinham. Quando uma delas se casa e começa o próprio núcleo familiar, a outra vai seguir o seu caminho. São completamente diferentes uma da outra em relação a personalidade e crenças. 

Isso se torna muito claro com a chegada dos alemães em terras francesas, e nesse ponto o livro me lembrou bastante o filme Suite Francesa.  Muito mesmo. 

O marido de Vianne é enviado ao front de guerra enquanto Isabelle só esta tentando chegar até a irmã antes que tudo desabe. E, olha, ela passa por muita coisa para conseguir isso, heim! E nisso acaba conhecendo um revolucionário que vai inserir Isabelle ativamente nos movimentos de guerra. 

Enquanto isso Vianne foi obrigada a hospedar um soldado alemão em sua casa, como muitas mulheres tiveram que fazer durante a guerra. E isso acaba sendo muito confuso com a irmã rebelde por perto, uma filha pequena, as coisas terríveis acontecendo na vila e o sentimento de traição em seu coração. Ter mandado o marido para a guerra enquanto recebe um soldado do exercito oposto em seu lar. 

Muitas coisas confusas acontecem com essas irmãs durante esse período. Confusas para elas e para a gente. A todo momento ficava pensando... "que raios ela está fazendo?!" e daí no momento seguinte vinha outro pensamento... "só esta tentando sobreviver". E na busca pela sobrevivência a gente é capaz de simplesmente qualquer coisa. 

Também é um livro que levanta questões morais muito relevantes. E uma sensação enorme de dualidade do ser humano. A coisa do Yin Yang, sabe? Do fato de ninguém ser bom ou mal o tempo inteiro. Somos compostos de zonas neutras também, e geralmente são nessas zonas que as pessoas vivem. 

Dificilmente consegui ter raiva de algum personagem durante a leitura, justamente porque muito rápido entendia que as coisas ruins eram os extremos de pessoas que viveram em zonas neutras boa parte da vida. E eu também tenho isso. Todos nós temos. 

Eu amo livros de guerra e com esse livro ficou certo para mim como Hannah é brilhante em contar histórias de época. Acho que na verdade não amei loucamente essa história por conta do ritmo. Como a gente vê as coisas pela perspectiva de mais de um personagem, então em muitos momentos estávamos em um ritmo e tinhamos que quebrar para outro, e isso podia ser bem cansativo. 

Ainda assim, eu curti bastante o livro! Achei bacana a gente ser apresentado logo de início a uma senhora e passarmos o tempo inteiro sem saber quem ela é. Se Vianne ou Isabelle. Só lá nas ultimas páginas esse segredo é revelado. Achei isso de fato muito bom. Gosto dessas construções narrativas que nos prendem até o fim. 

De modo geral, é um bom livro. Acredito que a maioria das pessoas amam e quem não leu vai amar. Recomendo bastante.