Resenha de "O Segredo de Eva" (Adriana Vargas)





"Dilacerador"


Sinopse:

As paredes vão tremer diante de um segredo… Eva, estranha e antissocial, descobre grandes tragédias intimas, desvendando os mistérios sobre seu amor clandestino e o verdadeiro valor da amizade pelos amigos que lhe ensinaram a viver. Ela guarda, a sete chaves, um segredo que poderá mudar, não somente sua vida, mas a vida de todos a sua volta. O destino das pessoas que ama, está em suas mãos. Uma obra adulta que persegue os passos literários “claricence”, pelo modo intenso, ofegante e degenerado do amor de Eva por alguém que a sociedade e os dogmas irão condenar. E você, condenará? Todos os conceitos estão sujeitos à revisão. Nada mais será como antes… (SKOOB)
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Há alguns anos, em um fim de tarde qualquer, resolvi nadar.
Era um mar sem grandes agitações, do contrário minha mãe não teria permitido. Eu não sabia nadar muito bem; mas isso era um fato que eu fazia questão de esquecer.
Impulsiva como sou, entrei no mar com as ondas quebrando no meu peito. A água estava fria, mas acredito que internamente eu estava mais fria ainda. A sensação da profundidade era incrível! Mas conseguia tocar os pés do chão, e isso me tornava mais desafiadora ainda. Fui mais fundo; e quando sorri para a onda, ela sorriu de volta enquanto me engolia.
Não sei quanto tempo passei entre conseguir respirar pequenos átomos de oxigênio e me engasgar com a água salgada. Não conseguia sair da avalanche do mar que me jogava de um lado para o outro. Pensei por alguns instantes que fosse morrer. Era sufocante!
Salvei-me, lógico! O mar desistiu de mim naquele dia, e me cuspiu de volta à praia. Mas aquela sensação de impotência e estrangulamento, jamais esquecerei.

O Segredo de Eva te faz sentir exatamente isso: Estrangulado e impotente. Como se você estivesse se afogando sem conseguir alcançar o limite entre o respirável, e o que não se pode respirar.
O livro chegou até minhas mãos com nada menos que mimos fofos e uma diagramação incrível! Não tive medo dele! Sabia que encontraria um livro denso, mas não tinha noção do quanto ele representaria nas minhas emoções tão conturbadas ultimamente. E quando acabei... Estava apavorada!

Eva é a protagonista. Uma personagem densa, com pensamentos fortes. Uma escritora, e como qualquer escritor, cheia de superlativos e de uma prolixidade sentimental sem limites.
Com um passado sofrido e amigos complicados, como todos nós somos. Ela caminha para o que acha ser o certo, por menos emocional que isso seja. Eva é o tipo de mulher que corre do “sentir”. Ela gosta de ter uma zona de conforto ao seu redor para não se magoar. O problema disso é justamente quando você se pergunta onde esta a emoção da sua vida.

E então Tom aparece. Insistente, belo, e completamente a disposição dela. Foi quebrando muitas barreiras, que Eva permitiu que ele fosse entrando na sua vida. E contrariando o seu espaço seguro, ela se permitiu amar.

Quantas e quantas vezes nos permitimos amar, e quantas delas nos destrói completamente?

E não seria diferente no caso de Eva.
Aquilo que a destrói, tem que ser mantido em uma caixa de Pandora. Correndo o risco, quando aberta, de destruir não só a sua vida, mas a de muita gente ao seu redor. É o seu segredo. E para quem esta lendo, é tortuoso que ela o guarde até dos próprios pensamentos.

Em 200 páginas eu me perdi em recordações que não queria. Eu fui ao extremo de minhas emoções. Eu me senti fraca como há muito não me sentia. Esse livro suga um pouco da sua energia, principalmente, quando sua vida teve tanto em comum com a vida de Eva.

Se eu já era fã da autora quando li Vozes do Silêncio, agora fiquei sem chão. Adriana traz um livro lírico, porque não existe outra palavra para definir os pensamentos da protagonista.  É de uma profundidade que há muito não lia.
Apesar de um livro pequeno, não se poder ler com rapidez. A beleza dele esta justamente no mel que Eva derramava em cada palavra que diz.  Não é uma leitura fácil, pelo alto teor de sentimentalismo e falta de ar que ela nos provoca. Ela nos deixa dilacerados.

Não é um livro para todo mundo. É um livro adulto, com temas adultos, com pensamentos densos e por hora confusos, como o de qualquer adulto. É um livro para as pessoas que acham que cresceram demais e que sabem tudo o que há para saber de sofrer. Quando você acha que sofreu suficiente, uma dor pungente te leva para o abismo novamente. Foi assim que me senti.

O final do livro é, escancaradamente, uma tapa na cara de quem esta roendo as unhas de angústia. Faz bastante tempo em que não via um final tão incrível e tão pouco esperado.

Esse livro é cheio de coisas que há muito não via. E o acabei extremamente fraca, mas feliz por isso!

Cada mulher tem um oceano de segredos guardados em seu coração. Grande parte deles tem esse poder bombástico de nos destruir e, além disso, destruir quem nos rodeia. Se cada uma de nós pararmos para contar histórias que nunca foram ditas, mil e uma noites seriam necessárias. Somos vilãs tanto quanto somos as mocinhas. Não é fácil ser nenhuma das duas.

Terminei esse livro com uma sensação de solidão e desespero. Estava apavorada com meus próprios segredos. Eles são reais! E para mim, os de Eva também são. A literatura nada mais é do que papeis escritos das histórias humanas, uma indexação de vida. Pedaços de quem somos. Esse é um livro que te faz lembrar de quem você é. E que por mais que a vontade de apontar o dedo na cara do outro seja grande, existe um enorme dedo apontado para você: O seu.

Leia Eva, mas vá com cuidado. Os segredos dela também te farão definhar. 


Quotes:

- Quando um amigo olha para o outro amigo com olhos de cuidado, tudo na vida do outro se tornam importante, e assim éramos nós quatro. [página: 15]

- Aprendi que devo amar, incondicionalmente, quem estiver com as mãos estendidas à minha frente, mesmo que por pouco tempo, ou muito, nunca se sabe... O que importa é a intensidade que usarei para amar esse alguém. [página: 22]

- Não se pode magoar corações que não são alados, isentos de voar como podemos, transbordando até o fim, por entre os balões que colorimos. [página; 140]







Resenha de "Leviatã" (Scott Westerfeld)




"Gloriosamente elaborado"


Sinopse:

Scott Westerfeld, autor da série Feios, reinventa aqui a Primeira Guerra Mundial em uma narrativa steampunk. Em lados opostos, mekanistas lutam com aparatos mecânicos movidos à vapor e darwinistas usam imensos animais geneticamente modificados, e adaptados para a batalha. Alek Ferdinand, príncipe do império austro-húngaro, está sem saída. Perdeu seu título e o apoio do povo, restando apenas um imenso ciclope Stormwalker e um grupo leal de homens. Por outro lado, Deryn Sharp é uma jovem plebeia que se disfarça de homem para ingressar na Força Aérea Britânica. Os caminhos dela e de Alek se cruzarão de maneira inesperada, levando-os a bordo do Leviatã para uma viagem que mudará suas vidas. (SKOOB)
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O fôlego antes do mergulho.
Não existe definição melhor para esse livro do Scott Westerfeld. E já vou dizendo, se você vier esperando a filosofia que conhecia desse autor ao ler Feios, pode ir tirando o cavalo da chuva. Feios necessitava de uma filosofia por se tratar de uma distopia. Leviatã é um livro SteamPunk, e faz jus ao nome. Vocês verão muita pancadaria envolta numa direção de arte visualmente imposta pelas ilustrações de Keith Thompson; a propósito: Perfeitas!


O que acontece então: Muita gente não vai gostar desse livro. Fato!
Ele tem um início difícil, mega arrastado e muitas vezes você sente que não esta lendo nada que seja da sua língua. Temos aqui alguns termos novos, por se tratar de coisas novas: Mekanistas e Darwinistas. Já dá para ter uma noção do que se trata, né?

Nesse quesito, ponto para Westerfeld!
Ele criou a ideia de máquinas incríveis! E melhor que isso, seres biologicamente criados, que são tão incríveis quanto. Sério, isso, acredito que todo mundo que se der ao luxo de ler, vai concordar comigo.


O livro gira em torno de dois personagens: Deryn, uma menina que não quer ser menina porque quer ser aeronauta. Destemida e com um vocabulário que adotei para mim, a garota é um garoto muito legal! Ela é risada em muitas cenas e um vago pensamento do que seríamos capazes para seguir um sonho. Amei essa personagem! Ela, juntamente com Suzannah (A mediadora) São minhas duas protagonistas femininas prediletas. Queria qualquer menino ter a coragem que essa garota tem.

O carinha é o Alek. Esse é um mekanista bem almofadinhas e que tem um crescimento muito bacana durante o livro. Ele passa por uma tragédia logo no inicio, forçando-o a sair do seu país. Também me cativou bastante! Seja por falar várias línguas, ou por ser um ótimo estrategista. O garoto é sensivelmente uma fortaleza.

E o Leviatã?
É um monstrinho (Como diz Deryn) enorme que mais parece uma baleia gigante e que voa facilmente pelo céu movido a hidrogênio.


Pois é. Não é fácil explicar. Esse livro é cheio de termos técnicos para várias coisas. Até porque, o autor criou uma teoria dentro de teorias existentes que necessitavam de termos e nomes próprios.

Junte isso tudo a um cenário em pleno início de primeira guerra mundial. E você terá um ótimo divertimento enquanto leitura, e quem sabe, um ótimo filme!

Por ter um começo lento, e termos que fazem nos perder na história, esse livro não ganhou todas as minhas estrelas, e exatamente por isso, ele vai ser renegado por muita gente. Mas eu confesso que já estou nervosa pela continuação. Como disse no início da resenha, ele é um fôlego antes do mergulho. Se Leviatã nos mostra o cenário do mundo no desenvolver da história; os próximos mostrarão a guerra em si.

As guerras contam muito sobre quem somos. E o livro do Scott, como uma perfeita ideia SteamPunk, traz algo novo (Seres novos e maquinas novas) em uma ideia velha. (A primeira guerra).

Também já vou avisando que se você for ler esperando um romance, pode fechar o livro. Mas nem tudo esta perdido, por isso estou tão ansiosa pela continuação da série.

Se você leu a resenha e ainda assim esta com vontade de ler o livro, então leia! Eu o achei incrível!



Quotes:

- Alguns dias, disse o sujeito – uma centena de horas a mais naquele céu perfeito. Deryn bateu continência novamente, tentando esconder o sorriso.
- Não ,senhor. Não é problema nenhum. [página; 70]

- Também não existem muitas lutas de espada na guerra! Não ultimamente [página: 78]

- A sobrevivência do mais cruel era um traço que os cientistas não conseguiam erradicar das criações. [página: 97]


A Era do Gelo 4




Parece que a animação pré-histórica ainda tem muito o que dar. Mantendo o mesmo tom de humor e sem perder o entretenimento dos primeiros filmes, o filme número quatro traz uma grande evolução em questão familiar dos personagens. Manny, que era o ranzinza e solitário, agora está casado e sua filha Amora é adolescente (o que trará muitas preocupações ao pai ciumento e controlador). A família de Sid, que o tinha abandonado, reaparece. Quem ganha um destaque é sua avó, que é meio gagá e por isso rende muitas risadas. Até Diego promete um possível romance pela frente.

 Ainda fugindo dos efeitos do fim da Era do Gelo, eles encaram novas aventuras pelo mundo, passando inclusive por um navio pirata comandado por um Macaco tirano. Mas antes que a  confusão toda tenha início, Amora e sua mãe Ellie se separam de Manny, depois de uma briga entre pai e filha. Logo, o filme todo é dividido em duas situações: Manny e o resto do bando, e Ellie, Amora e seu amigo furão Luis.

  Em segundo plano há outra questão bem trabalhada, que é a imagem da Amora. Ela representa um esteriótipo bem construído da "garota que abandona tudo por causa de  um garoto". Mas quando ela chega ao ponto de magoar Luis para estar com o cara de quem gosta, e percebe que não vale tanto a pena, ela lembra de quem realmente é.

  É uma produção para toda a família, com um tom cômico obviamente bem leve (trata-se de um filme voltado principalmente para crianças). Bem descontraído, é um filme para esquecer os problemas. Um filme daqueles que fazem rir por horas a fio.



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 Por Mallú Ferreira.

"Escritora no tempo livre e sonhadora em tempo integral. 18 anos, faculdade de jornalismo, preferência por terror e comédias românticas. 
Mania de assistir um filme e depois pensar em todas as lições de vida que ele traz. Fã de originalidade, acima de tudo".

De onde vem o Steampunk?




Há alguns anos atrás, estava vendo ao filme Peter Pan. Aquele protagonizado pelo Jeremy Sumpter e que trazia uma versão bem infantil e deliciosa do clássico de James Barrie. Em uma das cenas do filme, a tia dos garotos estava lendo um livro, qual minha surpresa quando o título dele me era bem comum: Guerra dos Mundos (H.G. Wells). Lembro-me disso porque eu sempre gostei desse livro. Nesse dia estava com um amigo, e quase que ao mesmo tempo perguntamos um ao outro como Wells tinha tirado da sua cabeça em pleno século XIX, a ideia de máquinas tão futuristas. Não é apenas a ideia de uma máquina que nem se imaginou inventar, era a construção mental de algo que pode ser feito hoje em dia, ou até, que nem hoje em dia pode ser feito. Isso chega a ser utópico. Quantas pessoas naquela época devem ter satirizado Wells pelas suas invenções mirabolantes? Quantas tantas desacreditaram Bell pela criação do telefone?  

Eu costumo dizer, que o sonho é precedente do acontecimento.

Tanto Wells com suas máquinas andantes e Julio Verne com o Nautilus, o melhor submarino do mundo que dependia de uma eletricidade extraída do próprio mar; são invenções da cabeça de homens que viveram numa época em que nada disso existia. Nem a remota possibilidade tecnológica de que acontecesse. Era um mundo em ascensão, mas que começava lentamente a crescer.

Podemos dizer que a tecnologia é recente. Os estudos sobre ela e sobre o quanto de facilidade ela pode proporcionar em nossas vidas também é recente. Temos no máximo 100 anos de evolução nesse campo. Profissionais que vivem para fabricar facilidades em formas de máquina foram criados a partir de uma necessidade. Cada campo de atuação é criado a partir de uma necessidade social.

Então... De onde esses homens tiraram essas ideias?
Boa pergunta! E se você souber mais do que eu, por favor, me diga!
De onde cientistas tiram grandes histórias daquelas cadeias de DNA? Eu só enxergo uma cobra torcida e colorida.

Acredito que as pessoas vêm ao mundo com suas funções. Algumas delas vieram para sonhar com coisas que não existem, ainda; mas que em outros mundos, em outros tempos, aquilo se acumulou em suas cabeças.

Estou falando do lado espiritual da coisa? Talvez! É bem provável que seja.
O fato é que nossa evolução vem de ideias que brotaram de coisas muito mais simples. Da Vinci desenhou modelos de submarinos, Verne absorveu sua ideia e transformou em um mostro que viajava 20.000 léguas submarinas, numa época em que eletricidade e maquinaria eram conceitos e sonhos de alguém.


E o SteamPunk, onde fica ai? 

De acordo com o Wikipédia:
Steampunk é um subgênero da ficção científica, ou ficção especulativa, que ganhou fama no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Trata-se de obras ambientadas no passado, ou num universo semelhante a uma época anterior da história humana, no qual os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na História real, mas foram obtidos por meio da ciência já disponível naquela época - como, por exemplo, computadores de madeira e aviões movidos a vapor. É um estilo normalmente associado ao futuristacyberpunk e, assim como este, tem uma base de fãs semelhante, mas distinta.
O gênero steampunk pode ser explicado de maneira muito simples, comparando-o a literatura que lhe deu origem. Baseado num universo de ficção cientifica criado por autores consagrados como Júlio Verne no fim do século XIX, ele mostra uma realidade espaço-temporal na qual a tecnologia mecânica a vapor teria evoluído até níveis impossíveis (ou pelo menos improváveis), com automóveis, aviões e até mesmo robôs movidos a vapor já naquela época.
 Eu mesma não poderia ter explicado melhor!
O SteamPunk é uma das vertentes artísticas que mais eu gosto. E é ela que esta chegando ao Brasil com força e com nome próprio quando falamos de literatura, cinema, vestimentas.
Títulos como Guerra dos Mundos, 20.000 léguas submarinas e A máquina do Tempo, não são nada novos no nosso vocabulário literário, mas a forma de chama-los vem mudando com o tempo, e hoje em dia a gente já define esse estilo como Steam Punk.
Existem obras mais recentes como SteamPunk POE, Anjo Mecânico, Leviatã, Boneshaker, Airman...Entre tantos!





É uma literatura rica em maquinaria e época. Existe coisa mais controversa?
Lógico que as mais antigas são mais preciosas, justamente porque no passado a tecnologia era lenta. Mas hoje em dia com tantas possibilidades, escrever SteamPunk é mais um estudo de história antiga, do que um sonho absurdo em uma noite de ópio.
Eu pessoalmente amo o gênero. Desde a época em que eu não sabia que ele tinha um nome.
Ler esse estilo é estar aberto a possibilidades.
Acredito que cada leitor tem um pouco de sonhador em si. Não existe dificuldade em entender monstros mecânicos numa era gregoriana. É uma questão de seguir uma estrada de tijolos amarelos e ver até onde vai.
Se os escritores tiverem sempre essa audácia no “inventar” podemos esperar estilos literários novos, em uma época onde a possibilidade virou moeda de valor.












Caixa de correio #14



Quase não entra esse vídeo hoje não é?
Mas vamos lá ao vídeo dessa semana!
Coloquem fone de ouvido, não sei porque o áudio saiu tão baixo.




Livros citados:

- Divergente (Veronica Roth)
- O Segredo de Eva (Adriana Vargas)
- Através do Universo (Beth Revis)
- O Círculo Secreto (Ricardo Costac)
- Leviatã (Scott Westerfeld)

Semana do blog:



Resenha de "Divergente" (Veronica Roth)




"Cruelmente filosófico"



Sinopse:
Numa Chicago futurista, a sociedade se divide em cinco facções – Abnegação, Amizade, Audácia, Franqueza e Erudição – e não pertencer a nenhuma facção é como ser invisível. Beatrice cresceu na Abnegação, mas o teste de aptidão por que passam todos os jovens aos 16 anos, numa grande cerimônia de iniciação que determina a que grupo querem se unir para passar o resto de suas vidas, revela que ela é, na verdade, uma divergente, não respondendo às simulações conforme o previsto. A jovem deve então decidir entre ficar com sua família ou ser quem ela realmente é.
E acaba fazendo uma escolha que surpreende a todos, inclusive a ela mesma, e que terá desdobramentos sobre sua vida, seu coração e até mesmo sobre a sociedade supostamente ideal em que vive. (SKOOB)
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Tenho o terrível hábito de comparar qualquer distopia que leio com os Jogos Vorazes. Não sei se é porque ele foi o primeiro do gênero que me lembro de ter lido, ou se foi porque ele mexeu demais comigo. O fato é que Divergente me lembra muito! Com algumas ressalvas, lógico!

Divergente é um livro com uma ideia bem psicológica, e aqui devo pontuar a autora. Fez um trabalho magnífico quanto a isso. O enredo vem falando de um mundo pós-apocalíptico e que é divido em facções; elas são; Amizade, Audácia, Abnegação, Erudição e Franqueza. Cada pessoa nasce em uma facção, e quando chegam numa certa idade, elas passam por um teste de aptidão, e então escolhem a facção que querem viver pelo resto das vidas, mesmo que isso signifique não ver mais seus familiares, caso escolha uma facção diferente. Até ai vi um pouco de Jogos e um pouco de Destino.


Beatrice é a protagonista do livro. Ela não se sente em casa na sua facção, e quando ao passar pelo teste de aptidão, ele revela que ela não tem uma facção certa, ela não se sente na obrigação de permanecer na mesma. E sem olhar para os pais, ela escolhe mudar, inclusive seu nome, a partir  desse momento, ela é chamada de Tris. E é exatamente aqui onde o livro começa a me fisgar.

Numa facção nova, ela conhece pessoas novas e muito diferentes das que ela estava acostumada. Tris vem da Abnegação, uma facção que tem como prioridade, o bem ao próximo. Não dizendo que ela é ruim, mas ela pensa muito nela própria também, e isso a faz se sentir excluída de casa.  Nessa nova facção ela tem que enfrentar um duro treinamento, para saber se fica ali, ou se vira uma sem facção. E o livro começa a ficar bem mais interessante, e diferente das outras distopias que já li.


O livro traz problemas políticos, envolvidos em temas filosóficos, como o medo e o quanto de cada facção o leitor detecta nele mesmo. Enquanto lia, achava impossível separar um ser humano em facções dessa forma. Sempre achei que cada pessoa tem um pouco de cada coisa, e até nas atitudes dos personagens, você detecta que eles não são de forma alguma, de facção específica nenhuma.

A explicação dada pela autora, é que o mundo não funciona se tivermos tantos sentimentos e tantas vocações. As coisas andam melhor quando nos focamos em apenas uma. Entendo a ideia dela, e até gostei bastante. Só acho que não somos tão divisíveis assim.

Apesar de um romance jovem, o livro tem muitas cenas pesadas. Observamos uma Tris que chega com uma vontade de se provar, virar uma menina astuta e que se sai muito bem em climas tensos. Ela cresce com a história e com a dor. E não falo muito em dor mental e de coração partido, falo em pancada mesmo! Gostei dessa protagonista. De verdade! E olhe que isso é bemmm raro!


Temos coadjuvantes muito bacanas. Ela tem um equipe de amigos bem interessantes. Tem supervisores de treinamento totalmente opostos um do outro. Eric é a encarnação da maldade. Na verdade eu acho que ele é mais alguém que quer se provar. Quatro é rígido, porém justo. É quem menos tem a cara dessa facção.

Sim! O nome do protagonista é Quatro. Ok, isso foi bem estranho para mim de início, já ri um bocado disso, mas no final tudo fica bem explicado e ajustado no meu arquivo mental.

Divergente tem cenas incríveis para cinema. Não me surpreende ter seus direitos já comprados. Se pegar um diretor bom, nada segura essa série. E é bem capaz, dos cinéfilos gostarem mais dela do que de Jogos Vorazes. Apesar de toda filosofia contida nesse livro, ele é muito físico e ágil! E fico bastante contente de não ter me decepcionado com ele. A leitura corre. Não, ela voa! E quando você percebe já esta no final do livro e esta desesperado porque sua leitura em inglês é uma completa porcaria. O que fazer?  Esperar que a editora Rocco tenha a boa vontade de nos trazer o mais rápido possível o Insurgent.

O livro tem sim semelhanças com Jogos Vorazes, mas acontece que qualquer distopia terá. A base delas é praticamente a mesma: Um mundo reconstruído sob os moldes de alguém, e uma protagonista insatisfeita com o mundo em que vive.
Não se pode moldar todo ser humano a uma única ideia. Não somos máquinas.

Mas ai quando eu acho que já conheci todas as distopias do mundo, me vem Divergente e me dá uma lapada. Porque apesar da ideia ser muito parecida com muitas outras que vi, a autora dá um toque único ao livro dela. Ele cresce...ele não fica no stand by. Divergente tem problemas humanos, políticos, físicos e por fim...problemas com escolhas, e o quanto elas podem mudar nossas vidas.

Não vou dizer que troquei Jogos Vorazes por Divergente... Isso seria uma completa mentira!  Mas eu digo a vocês que fiquei desesperada e comendo as unhas pelo próximo. 


Quotes:

- A razão humana é capaz de justificar qualquer mal; é por isso que não devemos depender dela [página: 111]

- Eu nunca havia sido carregada nas costas por um garoto enorme, ou gargalhado tanto na mesa do jantar que minha barriga doesse, ou escutado o tumulto de centenas de pessoas falando ao mesmo tempo. A paz é contida; isso aqui é liberdade. [página: 264]

- Ninguém é perfeito - sussurro. - As coisas não funcionam assim. Quando nos livramos de uma coisa ruim, outra a substitui. [ página: 418]








Trecho de terça

"Divergente"  (Veronica Roth)


- Em certas partes do mundo antigo, o gavião simbolizava o sol. Quando fiz essa tatuagem, pensei que, se eu carregasse o sol sempre comigo, não teria medo do escuro. 


Resenha de "Como fui esquecer você" (Jennifer Echols)







"Poderia ter sido incrível"


Sinopse:
Existem muitas coisas que Zoey gostaria de esquecer. Que seu pai engravidou a namorada de vinte e quatro anos. Seu medo de que toda a cidade descubra sobre o colapso nervoso de sua mãe. Do belo e sombrio, Doug, o bad boy da escola que a perturba. Sentindo como se sua vida estivesse prestes a se tornar uma completa bagunça, Zoey luta da única forma que sabe, usando sua famosa atenção em detalhes para assegurar seu lugar como a filha perfeita, a aluna perfeita, e a namorada perfeita para o popular jogador de futebol americano, Brandon. Mas, em seguida, Zoey se envolve em um acidente de carro e no dia seguinte há apenas uma coisa da qual ela não consegue se lembrar - a noite do dia anterior. Saíra com Brandon como pretendia? Mas então porque Brandon a estava evitando? E porque Doug, de todas as pessoas, de repente está agindo como se algo de importante tivesse acontecido entre os dois? Zoey apenas lembra de Doug tirá-la do carro, mas ele continua a se referir ao que aconteceu aquele noite como se fosse algo mais. E Zoey está aterrorizada em admitir o quanto não pode se lembrar. A controlada e meticulosa Zoey está rapidamente perdendo o controle de todos os detalhes importantes de sua vida - uma vida que parece estranhamente vazia de Brandon e estranhamente preenchida por Doug.(SKOOB)
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 (Pode conter alguns Spoilers... Foram de revolta!)


Esse livro entrou para a minha lista de comprar por puro acaso. Precisava de mais um livro para não pagar uma fortuna de frete; e foi quando, passeando pelos meus blogs amados, eu li uma resenha muito fofa de “Como fui esquecer você”. Ele chegou, mais fino do que eu esperava, com uma capa que não me agradava muito, mas com uma sinopse incrível!





Tudo bem, o livro é um romance bem “teen”, não existe essa mágica espetacular que a gente espera encontrar nos livros. Uma adolescente, com problemas familiares, e com problemas psicológicos... Ela só pode ser problemas mentais. Sério!




 Tinha horas que tinha vontade de bater na cabeça dela, e na do pai dela, e na cabeça de Doug... Esse livro foi especialista em me dar acessos de raiva conjunta.

Não estou dizendo que o livro é ruim, nem que no mundo não existam pessoas como essas personagens. O problema é que pegaram vários personagens com atitudes sem sentido e jogaram na mesma história. E pior... Nenhuma dessas atitudes foram racionalmente explicadas.

Depois da separação dos pais, Zoey ficou sozinha com a mãe tendo que se mudar para um apartamento porque seu pai ficaria na casa deles com a nova namorada. Já começa por ai. Como é que você trai sua esposa, e a coloca, junto com sua filha adolescente, para fora de casa? Gente... Cadê a humanidade desse pai? Sem contar que ele parece não ligar para a filha, e tudo o que importa no mundo é a tal nova namorada.

A mãe dela meio que enlouquece depois da separação e acaba tendo que passar uns tempos em uma casa de repouso. E onde a Zoey vai ter que morar? Em sua antiga casa, com o pai, no quarto de hóspede, porque sua madrasta desocupou o seu quarto para o novo bebe que virá.

Então temos uma adolescente perturbada por uma separação, por uma mãe que não esta bem, e por um pai que não liga para o fato dela poder estar com problemas também.

Zoey acaba atropelando as coisas, e se envolvendo com um amigo que costuma ter uma péssima reputação com as meninas da escola, Brandon. E ainda tem Doug, um colega da natação que ela acredita que a odeia.

Acontece que Zoey sofre um acidente de carro e acorda ao lado de Doug no meio da estrada. Ele com a perna quebrada e ela sem lembrar de nada o que acontecera nas últimas doze horas. Eis que o enredo começa a ficar uma tempestade em um copo d'água.

Não posso dizer muito mais do que disse, já acho que escrevi mais do que devia. Mas é que fiquei revoltada com o extremismo das atitudes de todos eles. Parece que a todo o momento ou se quer colocar o dedo na cara de alguém, ou criar uma redoma ao redor desse alguém. Não existe meio termo nesse livro.

Zoey fica numa dúvida infinita porque sente atração pelo cara que odeia ela, e diz ser namorada de Brandon, um cara que nunca a pediu em namoro, e pior, que nem a liga (Essa parte do livro enche a paciência do Cristão). Como alguém pode deixar de fazer alguma coisa por respeito a alguém que nunca deu a entender que a queria? Tudo bem, a menina esta com problemas sérios com a família, e nós sabemos como adolescentes podem achar que estão no fim do mundo por qualquer coisa. Inclusive transformar coisas que não fazem sentido em verdades críveis.
Acho que o problema é que estou velha demais para isso.

Poxa! O cara está lá, super disponível, mega atencioso com ela e...
Fico louca da vida com personagens assim.

O livro tem momentos muito bons. Uma cena específica de um torneio em que Zoey participa, me deixou muito feliz. Eu quase senti as mesmas coisas que ela sentiu, e quase gritei comigo mesma. Comi as unhas durante toda a passagem de cena. Ficou muito legal!

A relação dela com Doug, apesar de confusa, é bonita. Os dois juntos são bem parceiros, quando não estão pirando por algo que é desconhecido do leitor. Lógico!

A autora construiu um enredo bacana. Só acho que realmente ele não me tocou da forma como deveria. Não estou decepcionada com o livro, li ele em algumas horas corridas. Mas esperava mais de uma sinopse tão boa.

Se você gosta de livros com romances adolescentes, e do fato desses adolescentes serem bem confusos, leia “Como fui esquecer você”.



Quote:

- Seus tempos nos últimos dia têm sido incríveis.
Ergueu os olhos para olhar-me de lado.
- Dmônios perseguindo-a?
- Talvez.
 [página 198]