Um lugar bem longe daqui e porque não se deve seguir modinhas

 

Título: Um lugar bem longe daqui
Autor: Delia Owens
Editora: Intrínseca
Amazon: Link AQUI

Sinopse: Por anos, boatos sobre Kya Clark, a “Menina do Brejo”, assombraram Barkley Cove, uma calma cidade costeira da Carolina do Norte. Ela, no entanto, não é o que todos dizem. Sensata e inteligente, Kya sobreviveu por anos sozinha no pântano que chama de lar, tendo as gaivotas como amigas e a areia como professora. Abandonada pela mãe, que não conseguiu suportar o marido abusivo e alcoólatra, e depois pelos irmãos, a menina viveu algum tempo na companhia negligente e por vezes brutal do pai, que acabou também por deixá-la.
Anos depois, quando dois jovens da cidade ficam intrigados com sua beleza selvagem, Kya se permite experimentar uma nova vida — até que o impensável acontece e um deles é encontrado morto.
Ao mesmo tempo uma ode à natureza, um emocionante romance de formação e uma surpreendente história de mistério, Um lugar bem longe daqui relembra que somos moldados pela criança que fomos um dia e que estamos todos sujeitos à beleza e à violência dos segredos que a natureza guarda.

 


Fiquei tamborilando os dedos no teclado por um bom tempo, pensando o que poderia escrever sobre esse livro. Não sei se vou me fazer eficiente nessa resenha, visto que meus sentimentos estão embaralhados em relação a ele no momento. Fez-se um barulho tão grande em cima dessa história, sendo inclusive escolhido como melhor do ano para muitos leitores, que eu acho que criei uma expectativa muito grande em torno dele, e me decepcionei um pouco. 

Poucas páginas, era o que eu poderia dizer em um primeiro momento. Realmente acho que se a autora tivesse dedicado mais páginas para reconstruir alguns relacionamentos, e destroçar outros, a história teria funcionado melhor para mim. O final é corrido e deixa a gente com uma sensação enorme de engano. 

Não dá para explicar muito sobre essa história sem soltar coisas demais, mas entendam que essa menina, Kya, foi criada em um brejo. Depois que a mãe vai embora, todos os irmãos também vão e fica ela sozinha e tão pequena só com o pai, que em algum momento também vai embora, deixando Kya pela própria conta. 

É, então, sobre a vida dessa garota selvagem no brejo e a ligação dela com a natureza e alguns outros personagens que aparecem no caminho. Por isso devo alertar que o livro tem muito mais passagens descritivas dos lugares e das percepções de Kya sobre as coisas do que diálogos, o que é uma coisa que já me irrita em abundância. Entendo a escolha narrativa, faz todo o sentido, mas não gosto muito desse tipo de história. 

Como se sabendo que se não fizesse algo para prender o leitor, eles abandonariam a história, a autora insere um crime logo no inicio, e a gente meio que fica preso literalmente até as últimas páginas para saber quem cometeu. E vou dizer, viu... como essas páginas demoram a passar com descrições de um brejo sem fim e dos sentimentos de Kya! 

A garota não é uma personagem carismática, e tudo bem, também é compreensível. Mas alguém deveria ser na história, e não me senti ligada a nenhum personagem. Veja bem, nenhum! Isso, sim, é um belo problema, quando ninguém se conecta ao leitor. Nem mesmo Tate, que tinha tudo para me ganhar, conseguiu porque em certo momento a autora some com ele deixando uma indignação em quem esta lendo. E quando aparece, já não tem o meu apresso. O que ele faz não combina com o garoto, e até agora não entendi o que raios foi aquilo. 

O mesmo acontece com Chase. Ela tinha tudo para desenvolver o personagem mais incrível com esse cara. O típico anti-herói. Com momentos de decência e outros de maldade. Mas até Chase é desperdiçado aqui, e foi outra coisa que me chateou. 

A história tem passagens bonitas. A escrita da autora é bela e ela sabe conduzir com maestria a sensação de se estar em um brejo. Os sentimentos, e até os cheiros, parecem próximos, de tão boa detalhista que ela é. Só que talvez tenha se perdido tanto nisso, que não soube trabalhar com elegância nas outras coisas. Em encorpar os personagens, por exemplo. Ou dar um final que quando você lesse pensasse... vou levar esse livro para o resto da vida. 

Talvez o fato seja que eu tenha lido não como um leitor, mas como uma escritora, e como escritora ele é cheio de falhas consideráveis. Sei que ele impactou muita gente, e entendo o motivo, mas as falhas técnicas não permitiram que eu gostasse mais da história. 

Mas não é um livro ruim, ok? Só não foi para mim. 

 

A Garota do Penhasco e porque não se deve ficar perto de um precipício

 

Título: A Garota do Penhasco
Autor: Lucinda Riley
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
Amazon: Link Aqui


Sinopse: Tentando superar um coração partido, Grania Ryan deixa Nova York e volta para a casa dos pais, na costa da Irlanda. Lá, na beira de um penhasco, em meio a uma tempestade, ela conhece Aurora Lisle, uma garotinha de 8 anos que mudará sua vida para sempre.
Apesar dos avisos da mãe para ter cuidado com os Lisles, Grania e Aurora ficam cada vez mais próximas, e ela passa a cuidar da menina sempre que Alexander, o belo e misterioso pai, precisa viajar a trabalho. O que Grania ainda não sabe é que há mais de cem anos o destino das famílias Ryan e Lisle se entrelaçam inexoravelmente, nunca com um final feliz.
Através de cartas antigas, Grania descobre a história de Mary, sua bisavó, e começa a perceber quão profundamente conectadas as duas famílias estão. Os horrores da guerra, o destino de uma criança, a atração irresistível pelo balé e amores trágicos vão deixando sua marca através das gerações. E agora Grania precisa escolher entre seguir em frente ou repetir o passado.
Alternando entre romance histórico e contemporâneo, A garota do penhasco é um livro sobre mulheres fortes, grandes sacrifícios e a capacidade do amor de triunfar sobre tudo.

                                 

Vamos de Lucinda Riley mais uma vez, porque não me canso dessa criatura. Nesse livro iremos para a belíssima Irlanda. Cenário de tantos filmes lindos e de histórias sangrenta e tristes. Essa não é lá muito sangrenta, mas certamente é triste como só um livro da Lucinda é capaz de ser. 

Começamos a história conhecendo a protagonista do tempo presente, Grania, e a ligação que ela tem com uma menininha chamada Aurora, que mora em uma grande mansão no topo de um penhasco na Irlanda, onde Grania está passando umas temporadas com os pais para se curar de uma grande perda que passou. 

A princípio Grania entende que a família dela não quer que tenha uma ligação muito forte com a família do penhasco, porque todos ali são amaldiçoados. Só que enfeitiçada pela menina, Grania acaba ficando mais tempo do que deveria na mansão, ajudando a cuidar da garota e do pai dela, um empresário debilitado e importante que é um tanto nostálgico. 

Para explicar essa rinha da mãe de Grania com a família Lisles, a matriarca mostra para a filha algumas cartas de uma ancestral delas, que diz o motivo pelo qual Grania deve manter distância da menina, e de tudo o que saia daquela casa. 

A partir daí a história viaja em tempos históricos diferentes, mostrando a ancestral que começa a contar a história assumindo um cargo de empregada na mansão dos Lisles enquanto o noivo vai para a guerra, e tudo o que se desenvolve a partir dai. 

Algumas gerações da família, tanto da de Grania, como a de Aurora, são mostradas, e entendemos como elas se conectam com o tempo. 

Sempre com aquele brilhantismo de brincar com presente e passado, a autora entrega mais um livro emocionalmente pesado com personagens muito próximos da gente. 

Confesso que me irritava um pouco com as passagens dos Estados Unidos, estava pouco me lixando para a criatura que ficou por lá, mas era necessário para a trama, então seguimos. Como quase sempre acontece com os livros de Lucinda, eu acabo gostando mais do personagens no passado do que os do presente, mas isso não é exatamente um problema. 

O único problema que tive com esse livro foi em relação ao tema. Não foi uma falha de enredo, ou da autora, mas uma negação de minha parte em querer livros com a pegada que ela coloca aqui. Não gosto de ler histórias sobre maternidade perdida e pessoas doentes, e aqui temos em doses cavalares as duas coisas. 

Contudo, de modo geral, é mais um belo livro de uma autora que vem se mostrando mais e mais como uma exímia contadora de histórias. E eu sigo fã, ainda que não ame loucamente todos os livros dela, sei admitir quando um bom autor é um bom autor, e Lucinda é maravilhosa.