Resenha de "A Fúria e a Aurora" ( Renée Ahdieh)

Título: A Fúria e a Aurora
Autor: Renée Ahdieh
Editora: Globo Alt (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Personagem central da história, a jovem Sherazade se candidata ao posto de noiva de Khalid Ibn Al-Rashid, o rei de Khorasan, de 18 anos de idade, considerado um monstro pelos moradores da cidade por ele governada. Casando-se todos os dias com uma mulher diferente, o califa degola as eleitas a cada amanhecer. Depois de uma fila de garotas assassinadas no castelo, e inúmeras famílias desoladas, Sherazade perde uma de suas melhores amigas, Shiva, uma das vítimas fatais de Khalid. Em nome da forte amizade entre ambas, Sherazade planeja uma vingança para colocar fim às atrocidades do atual reinado. Noite após noite, Sherazade seduz o rei, tecendo histórias que encantam e que garantem sua sobrevivência, embora saiba que cada aurora pode ser a sua última. De maneira inesperada, no entanto, passa a enxergar outras situações e realidades nas quais vive um rei com um coração atormentado. Apaixonada, a heroína da história entra em conflito ao encarar seu próprio arrebatamento como uma traição imperdoável à amiga.
Apesar de não ter perdido a coragem de fazer justiça, de tirar a vida de Khalid em honra às mulheres mortas, Sherazade empreende a missão de desvendar os segredos escondidos nos imensos corredores do palácio de mármore e pedra e em cenários mágicos em meio ao deserto.

Livros que falam sobre o deserto? É comigo mesmo!

Quando a editora Globo liberou pedido para os parceiros, o primeiro livro que pensei foi em A Fúria e a Aurora. Primeiro que essa capa é muito delicinha, depois que esse título é incrível. E por último saber que ele é baseado na história da Sherazade, e que tem Khorasan como cidade base onde a história se desenrola. Porque ainda que hoje em dia a cidade seja mais escombros do que qualquer outra coisa, um dia ela foi uma cidade suntuosa, e gosto de imaginar que ela continua assim. Sonhar não custa nada. Ainda. 

Então temos aquela história base que é tão comum. Tem esse Califa, o Khalid, que mata todas as esposas com que se casa, e ninguém sabe exatamente o motivo. E quando isso acontece com a melhor amiga de Shazi, Shiva, ela resolve enfrentar o cara, casando com ele. A ideia de Shazi é matá-lo, mas acaba que isso passa a ser um pouco mais difícil do que ela imaginava. E por isso as histórias... um modo de fazer com que Khalid se entretenha e a mantenha viva por mais uma noite. Ela sempre precisa de mais uma noite.

Do outro lado temos Tariq, o amor de infância de Shazi, que ao descobrir que ela se casou com o Califa, move mundo e fundo em busca dos inimigos de Khalid, orquestrando uma revolta popular. Tudo para resgatar sua Shazi antes que ela acorde morta. 

Ok, não posso dizer que é um livro totalmente sem falhas. Na verdade é um livro cheio dela, mas tem coisas tão incríveis nele que os problemas meio que ficam por debaixo dos panos. Á margem das boas ideias da autora. 

Renée deu uma boa explicação para as mortes provocadas pelo Califa. Você vê desde o início do livro que nada daquilo é exatamente culpa dele, mas não se sabe como ou o porquê. Isso a gente só vai descobrir lá para o final, e ainda que não seja um motivo super inteligente, ele é bom. É meio que compreensível. 

Claro que a autora quer pintar um príncipe de contos de fadas com Khalid, e isso foi meio irritante. Não dá para ser bonzinho o tempo todo, e depois de tudo o que o cara já passou, é até compreensível que ele seja mau em alguns momentos.  Então eu senti falta disso. O cara parecia um cachorro assustado em metade do tempo, e no outro fazia birra igual criança. Ah, vá! Não, né, amigo! 

Shazi também teve seus problemas. Por exemplo, se casar com um cara que mata as mulheres pela manhã sem um único bom plano de como matá-lo, que era a princípio o que ela foi fazer no palácio. Tudo bem que a garota só tem dezesseis anos e isso conta contra ela. Meninas são impulsivas e Shazi é exatamente assim. E ainda que tenha comportamentos por vezes infantis, nota-se que ela é uma rainha que super corresponde ao que o cargo espera dela. 

O relacionamento deles me pedia mais. Quando Khalid confessa o motivo de ter mantido Shazi viva desde a primeira noite, eu não engoli. Não dá para explicar muito por aqui, mas parecia redondinho demais, e não curto quando as coisas parecem montadas para aquilo. 

Sabe-se que Sherazade ficou viva aquelas mil e uma noites por conta do curiosidade do rei acerca de suas histórias, e em A Fúria e a Aurora a gente tem uma explicação até freudiana para isso. A mãe de Khalid lhe contava histórias quando era criança, e pela forma bruta com a qual ela morreu, Khalid absorveu tudo da sua infância que tinha relação com ela e transformou nos pontos fracos da vida adulta. Entendo isso e acho perfeito. Pena que nesse livro a parte das histórias seja tão superficial. Queria mais. 

Esse é o primeiro livro da série. E realmente ele acaba com muita coisa para acontecer. Sinto que o próximo será tipo "UOU". Gostei desse, com as ressalvas de uma pessoa extremamente chata:Eu. Mas o próximo promete bastante, e estou maluca para ver como aquele monte de problemas vai se resolver.