Resenha de "Um Lugar para mim" (Melissa De La Cruz)

Título: Um Lugar para mim
Autor: Melissa de la Cruz
Editora: Harper Collins
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Sinopse: Jasmine de los Santos sempre fez o que era esperado dela. Bonita e popular, ela estudou muito, deixou seus pais imigrantes filipinos orgulhosos e está pronta para colher os frutos do seu esforço na forma de uma bolsa integral para a faculdade.E então tudo se desfaz. Um convite acadêmico força seus pais a revelarem a verdade: seus vistos expiraram há anos. Toda a sua família está no país ilegalmente. Isso significa que não terá bolsa nenhuma, talvez nem faculdade nenhuma e a ameaça muito real da deportação.
Pela primeira vez, Jasmine se rebela, experimentando todos os prazeres adolescentes para os quais ela nunca teve tempo no passado. Logo quando está tentando entender esse novo mundo, ele é virado de ponta-cabeça por Royce Blakely, o filho charmoso de um congressista de alto escalão. Jasmine já não tem mais ideia de onde, nem sequer se se encaixa no sonho americano. Tudo o que sabe é que não vai desistir. Porque quando as regras pelas quais você vivia não se aplicam mais, a única coisa a fazer é inventar suas próprias regras.

Melissa De La Cruz já é figura carimbada por aqui. Não que tenha lido milhões de livros dela, mas já li uns dois em inglês, e um deles é o primeiro da série de Frozen, que é uma distopia que amo de coração. Então quando vi que a Harper ia lançar esse livro, tratei de pedir emprestado e já fui lendo. Porque, né, autor quando a gente gosta, precisa mostrar para o mundo o motivo. 

Jasmine é uma adolescente padrão norte-americana: Linda, líder de torcida, popular e bastante esforçada. Só que ela não é americana. Por ter origens Filipinas, ela acredita que deve ralar mais do que os outros estudantes da escola para alcançar oportunidades semelhantes, e assim o faz. Mora numa casa simples, de um bairro simples com dois irmãos menores e os pais, um motorista e uma servente de hospital. 

Quando ela é aceita numa espécie de bolsa de estudos, Jasmine vê sua oportunidade de fazer a diferença na vida dela e da família. Acontece que o sonho cai por terra quando ela descobre que não tem o Green Card, que é o cartão que libera os imigrantes a terem direitos semelhantes aos americanos. Ou seja, ela está ilegalmente no país, e não pode concorrer a uma bolsa desse jeito. 

Em contrapartida a essa destruição de seus sonhos, ela conhece Royce, que é um lindo menino, filho de um congressista que é totalmente contra  a invasão dos imigrantes no país. Ok, pode não ser uma coisa tão boa, né? Pois é. E agora Jasmine fica em cima de muro, sem saber o que fazer com a eminente possibilidade de ter que virar serviçal, se continuar sendo ilegal no país, ou precisar voltar para seu país de origem para conseguir estudar e fazer tudo o que ela é capaz de fazer. Sem contar qu está apaixonada pelo o que seria o filho do seu inimigo. Já viu o drama, né?

Quando o leitor acaba o livro, se vê com algumas informações da autora sobre o que ela precisou passar para conseguir o próprio Green Card. Achei isso bastante válido, visto a quantidade de pesquisa que Melissa precisou realizar para escrever esse livro, em termos políticos e sociais. Ela realmente tinha segurança quando colocava cenas de tribunal ou sobre as leis americanas quanto aos imigrantes. Em todo momento, durante a leitura, ficava pensando como nós, brasileiros, somos meio largados para esse tipo de coisa. Aqui todo mundo entra e todo mundo faz. É uma coisa positiva? Sinceramente? Não sei se acredito 100% nisso. 

Eu gosto das partes mais sérias que a autora insere nesse texto. Talvez pense que seja um livro grande demais e que bem poderia ter cinquenta páginas a menos, principalmente das brigas inúteis e que não terminavam em lugar nenhum do casal. O que eu gosto dos momentos políticos e familiares desse livro, o detesto em relacionamento Jasmine e Royce. Não que ele não seja fofo, só é meio imbecil demais. Lesado, sabe? Não tenho paciência para personagens assim. 

E daí a autora fica intercalando nossa atenção entre o problema da expulsão de Jasmine do país, e esse amor meio "argh" entre eles dois. Ficaria tranquila sem essa parte, ou teria criado um personagem masculino que fosse um pouco mais firme para contracenar com ela. Ele é chato! 

Já a família dela compensa porque eles são uma delicinha. Curto muito os núcleos familiares bacanas nos livros que leio, ainda que seja uma escritora que tende a destruí-los. É bom ver que nem toda família é ferrada, e a de Jasmine é um amor. 

Enfim, é um livro legal, mas não é a melhor coisa que li da autora. Acho que ela abordou bem as relações de imigração e o sentimento de desespero que isso gera em quem possa ser deportado. Mas falhou um pouco no relacionamento da personagem com o par romântico dela, o que é uma pena. Mas não por isso deixo de recomendar.