Resenha de "O Mensageiro" (Lois Lowry)

Título: O Mensageiro
Autor: Lois Lowry
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Há seis anos, Matty chegou ao pacato Vilarejo. Sob os cuidados de Vidente, um cego que tem uma visão especial, ele amadureceu e se adaptou à nova vida. Agora, espera receber seu nome verdadeiro, que determinará seu valor ali, como ocorre com todos os habitantes.
Contudo, algo nefasto está se infiltrando no Vilarejo, e os moradores, antes orgulhosos de receber forasteiros, passam a exigir que as fronteiras sejam fechadas para se protegerem.
Por ser um hábil mensageiro, Matty é encarregado de avisar os outros povoados sobre o bloqueio. Sua missão também tem outro grande objetivo: buscar Kira, a filha de Vidente, antes que seja tarde demais.
Ele é o único capaz de viajar pela Floresta, que já provocou algumas mortes. O problema é que ela também está se tornando um lugar perigoso para o garoto. Mas muitos dependem de Matty. Então, armado apenas de um poder recém-descoberto, ainda incompreensível e incontrolável, ele se arriscará a fazer o que talvez seja sua última viagem.

Apesar de ser um livro independente dentro do mundo criado por Lois Lowry, ter lido os livros anteriores é extremamente necessário para entender todo o contexto que faz os personagens chegar onde chegaram. Você até entende o que se passa, mas talvez se perca no porquê se passa, e isso pode prejudicar o seu julgamento sobre o livro. 

Nesse terceiro volume vamos acompanhar o Matt, que mora num vilarejo de "excluídos sociais", afastado das cidades grandes. Vive com o Vidente, que é um cego. É importante citar que cada pessoa dentro dessa sociedade externa tem um nome que diz respeito a sua função dentro daquela comunidade. Matt ainda é novo para receber sua função oficial, mas por gostar muito de entregar cartas, gostaria de ser o Mensageiro. 

Ao redor da vila onde mora, tem uma floresta que pode ser traiçoeira. Por mais estranho que possa parecer, a floresta diz até quando ela aceita receber uma determinada visita. E quando ela começa a dar sinais de que você não pode mais entrar nela, é melhor obedecer, porque o negócio fica feio quando você não obedece. 

Matt é um dos poucos que a floresta ainda permite que entre, e isso faz com que o garoto seja um tanto ousado, e acabe entregando cartas fora do vilarejo. Num desses passeios Matt descobre que um determinado "dom" começa a surgir de suas mãos, e sem saber o que fazer, guarda segredo. 

Enquanto isso, algo de estranho acontece na sua vila. As pessoas estão mudando de personalidade da noite para o dia, e o garoto acha que isso tem haver com as mercadorias que aparentemente estão chegando por lá em uma determinada feira de troca. 

Apesar de ser um livro que parece ter um tom investigativo, ele é muito mais do que isso. Se em Doador de Memória somos apresentados a um mundo frio e real, aqui vemos mais de misticismo e calor. Matt é determinado, como os protagonistas dos dois livros anteriores, e tem esse dom que faz com que seja diferente da maioria das pessoas ao seu redor, mesmo que todos sejam excluídos de alguma maneira. 

Essa série de Lois Lowry tem um significado enorme quando unida num contexto único. Claro que ainda falta o último livro, mas ainda assim você entende que tem algo muito grande para ser revelado. Tudo até agora foi uma construção de ambiente e de personagens que tiveram suas importâncias, e que terão ainda mais. 

Acredito que o último volume vá ser bombástico, porque em todos os livros ficaram pontas importantes soltas. Mesmo que seja um livro de apresentação de um novo protagonista, espero que seja a união de tudo que ficou para ser resolvido. Até porque, de uma forma muito inteligente, a autora insere os protagonistas dos livros anteriores, em situações muito importantes nos livros atuais. Isso já revela que ela sabe construir ligações sem parecer forçada. 

Não é um livro que fecha bonitinho, mas também não fica totalmente em aberto. A escrita da autora é linda, e deixa mensagens importantes em cada frase que supostamente não deveria ter importância alguma. Já achava tudo bem feito desde O Doador de Memórias, mas com esse livro percebi o quão maravilhoso é isso que ela está fazendo. 

Curiosa pelo último é pouco. E muito feliz de ver que grandes autores conseguem criar grandes histórias em poucas linhas.