Resenha de "A Casa Assombrada" (John Boyne)

Título: A Casa Assombrada
Autor: John Boyne
Editora: Companhia das Letras
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Sinopse: Londres, 1867. Eliza Caine tem 21 anos e acaba de perder o pai. Totalmente sozinha , como os heróis de Dickens sobre os quais tanto lê, e sem dinheiro para pagar o aluguel na cidade, ela depara com o anúncio de um tal H. Bennet, que busca uma governanta para se dedicar aos cuidados e à educação das crianças de Gaudlin Hall, uma propriedade no condado de Norfolk, leste da Inglaterra. O anúncio, contudo, não menciona a idade ou quantas crianças são, nem mesmo dá qualquer outro tipo de explicação.Eliza não vê alternativa além de largar o emprego de professora em uma escola só para meninas e partir para o condado, onde pretende começar uma nova vida. Chegando a Gaudlin Hall, no entanto, ela se surpreende ao encontrar apenas Isabella, uma menina que parece inteligente demais para sua idade, e Eustace, seu adorável irmão de oito anos. Os pais das crianças não estão. Não se veem criados. De fato, não há nenhum adulto na propriedade, e a identidade de H. Bennet permanece um mistério.
A governanta recém-contratada busca informações com as pessoas do vilarejo, mas todos a evitam. Nesse meio tempo, fica intrigada com janelas inexplicavelmente fechadas, cortinas que se movem sozinhas e ventos absurdos na propriedade. E logo coisas de fato assustadoras começam a acontecer.
Em A Casa Assombrada, o autor best-seller John Boyne faz uma homenagem às clássicas histórias de fantasmas do século XIX. Mas a novidade é que ele cria aqui uma heroína que pretende arregaçar as mangas e chegar ao fundo da questão sozinha. Conseguirá esta boa mulher encerrada em um mundo claustrofóbico desenterrar os horríveis segredos de Gaudin Hall e confrontar os demônios de seus passado? E mais ainda: conseguirão ela e as crianças, sobreviver a tudo isso?

Não sei se vocês são assim, mas eu tenho períodos que só quero ler um determinado gênero de livros. Isso acontece com mais frequência do que eu gostaria, e não adianta mesmo ir contra porque vou empacar e não ler nada. Então melhor remar com a maré. 

Foi desse modo que cheguei até A Casa Assombrada. Queria ler um livro de suspense/terror e os únicos que tenho aqui são os do King, que demandam um tempo grande para ambientar, e queria algo rápido. Então fuçando no Kindle acabei encontrando esse antigo do John Boyne, e como adoro histórias sobre casas assombradas, não pensei duas vezes antes de começar a ler. 

O livro vai focar em Eliza, uma jovem moça que acabou de perder o pai e que aceita um emprego oferecido em um jornal para ser governanta de duas crianças em um interior da Inglaterra. Lá Eliza começa a perceber que tem algo de estranho com tudo em relação a esse emprego. Ninguém cuida das crianças além dela. Não há nenhum parente, e tudo o que ela precisa resolver recorre ao advogado da família. Sem contar que os meninos são peculiares, com a inteligência aguçada de Isabella e o carisma quase doce demais de Eustace. O lugar, de algum modo, tem suas próprias vontades, e Eliza entende que não é bem vinda a aquela casa, por vivos e por mortos. 

Olha, não posso dizer que é um livro realmente aterrorizante. Tem uns momentos interessantes, mas de modo geral ele entretêm mais do que assusta.  A casa, que deveria ser um organismo vivo, como a maioria das histórias com casas assombradas, é mais um palco onde coisas estranhas acontecem. Então talvez eu ache que faltou um pouco mais de exploração na questão da casa em si.

Os personagens são ótimos. A protagonista é carismática e segura bem o leitor para entender tudo sob sua ótica. Já as crianças são um tanto excêntricas. Não gostei muito de nenhuma delas, mas acho que isso era o modo do autor de conversar conosco. Criando duas crianças que não deveriam se apegar a nada nem a ninguém. Pessoalmente eu tinha medo delas. 

Os acontecimentos vão surgindo de maneira gradativa e suficiente para te prender até a página seguinte. Logo no início a gente entende que alguém - ou alguma coisa - quer expulsar Eliza da casa. O negócio é justamente o porquê. O motivo. E isso vai te fazer comer a história até perto do fim, quando enfim entende o que está acontecendo. Mas vou te contar... até que essa revelação chegasse foi um tormento ver a coitada da Eliza tentando entender o que acontecia com a casa e ninguém querer contar para ela por sei lá que motivo. Se fosse eu dizia logo "Minha filha, volta correndo para Londres porque aqui a treta é perversa!" 

De modo geral eu gostei do livro. Conheci Boyne com outro tipo de narrativa, mas que ele não deixa longe da sua história de fantasma. Enxergamos nitidamente o estilo "Boyne", e quando chega o final fica aquela sensação de que era mais um terror psicológico do que um terror físico, e em ser terrorista da mente o autor é mestre. 

Enfim, foi um bom livro para o feriado. Ainda não era o tipo de livro que estava esperando, mas foi suficiente para segurar as pontas até encontrar aquele terror que me prenda. Se você tem uma boa sugestão nesse sentido, passa lá no meu IG (@caroltelesbispo) e deixa sua indicação. Vou adorar! 

Até a próxima, pessoal!