Resenha de "2111 D.C. - O Condado dos Expatriados" (Ricarte Sales)

Título: 2111 D.C. 
Autor: Ricarte Sales
Editora: Ler Editorial (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Em dezembro de 2036, um mês após eclodir a Terceira Grande Guerra, uma série de catástrofes, aparentemente naturais, e uma suposta arma química em forma de vírus, dizimou, a nível global, mais de 99,9% da espécie humana.Nos seis meses que se seguiram, o nível do mar subiu cerca de 70 metros, ao passo em que a crosta terrestre tornou-se instável, salvo um conjunto de arquipélagos recém-formado, nas proximidades fronteiriças das antigas nações da Costa Rica e Panamá. Por motivos ainda não conhecidos, essa passou a ser a única área estável do planeta de que se tem notícia.
Nas primeiras duas décadas após o Dezembro de 2036, ou “D36” como ficou conhecido, esta área foi sistematicamente ocupada pelos últimos remanescentes da população humana. A maior parte, resgatada e trazida por expedicionários, dos mais variados rincões dos antigos continentes.
Doze Cidades-Estado emergiram e a zona estável, com as mais de duzentas ilhas que a compunha, foi demarcada e subdividida entre elas. Posteriormente, este número cairia para onze Cidades-Estado.
E é neste instável cenário político, de mares salpicados por ruínas, navegantes exploradores e criminosos expatriados de vida nômade, que o Capitão Cananeu Zus Airã narrará os 111 dias de uma saga que poderá conduzir a zona estável e suas novas e últimas nações, para aquilo que uma profecia “Pós-Apocalipse” alude ser: o Quarto e Último Grande Conflito entre Tribos.

Olha, vocês bem sabem que sou a maluca das distopias. Não tem nada que me deixe mais agoniada para ler um livro do que saber que ele é distópico. E quando eu recebi de surpresa o 2111 aqui em casa, fiquei feliz a beça! Já estava pensando em solicitar ele para a Ler Editorial antes mesmo dessa grata surpresa. 

Demorei um pouco para começar a ler por problemas de logística das minhas leituras. As coisas estavam acumulando e tinha que dar prioridade aos antigos. Acabei deixando esse para depois, e isso foi gerando uma expectativa que talvez tenha atrapalhado meu envolvimento com a história. 

Depois de dois capítulos eu já estava perdida, voltando páginas para entender o excesso de informação que o autor já lança a princípio, e que te deixa meio desnorteado. Pelo menos comigo deixou. E não acho que, de modo geral, tenha sido uma problemática do livro. Simplesmente é o modo que o Ricardo tem de escrever. Só não me adaptei a ele de maneira agradável, e o livro se tornou uma tortura para mim a medida que as páginas iam passando. Repito: Não foi um problema na trama, mas na escrita do autor, a qual EU não me adaptei. 

Acredito que Ricardo tenha passado muito tempo trabalhando a base da história. Ele criou sociedades bem organizadas e estruturadas entre si. Com suas moedas e línguas específicas. Isso deve ter levado um tempo danado, e creio que em algum momento da série - sim, é uma série - saber disso fará diferença para o leitor. Nesse primeiro livro não fez diferença alguma para mim saber quem usava que tipo de moeda ou falava que espécie de língua. 

Tem um momento que gostei bastante. Quando o protagonista, Zus, está numa fuga desesperada para conseguir manter sua vida. Ali eu me vi ligada na história. Achei bem parecido com algumas cenas do livro Fênix: A Ilha, que adoro. Só que depois a trama entrou em período de calmaria e fiquei meio cansada dela. 

Como um livro de ficção pós apocalíptico eu acho que a história funciona. Existe muita explicação sobre os acontecimentos que levaram a humanidade até aquele patamar e isso ajuda na construção do mundo na cabeça do leitor. Não me envolvi com o protagonista ao ponto de torcer por ele, mas também não sei se essa era a ideia do autor. Talvez Zus tenha sido criado para se manter neutro e deixar que a trama funcione como protagonista de fato. 

Pensando como distopia, acho que falhou um pouco. Faltou aquela coisa do governo totalitário que a gente facilmente reconhece em distopias. Até porque no caso desse livro, o mundo está bem dividido e parece independente em cada parte dele. Como tribos. Até que achei a forma de organização muito estruturada para um mundo que passou pelo desastre que o nosso passou, no caso dessa trama. Contudo temos que lembrar que as pessoas veem tudo como distopia hoje em dia, e existe uma leve diferença entre elas e livros pós-apocalípticos, por exemplo. Isso fica para outro tópico. 

Em relação a parte estética do livro não tenho do que me queixar. Margens boas, livro bem diagramado e com letras favoráveis a visão de qualquer um. Não tem muito enfeite, e até prefiro que seja assim. 

Não tenho intenção de continuar a série, mas eu até indico para quem gosta do gênero. O que não agradou a mim pode agradar a outros. Realmente foi um problema de ligação da história comigo, e não dela em si.